Avançar para o conteúdo principal

Ganhos sobre criptoativos detidos há menos de um ano passam a ser taxados a 28%


 © AFP


 Ao mesmo tempo que algumas operações com criptoativos passarão a ser tributadas também as corretoras passaram a pagar Imposto de Selo.


José Varela Rodrigues


O regime fiscal português vai passar a prever uma taxa de 28% sobre os ganhos com criptoativos detidos há menos de um ano, de acordo com a proposta do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) divulgada esta segunda-feira. A partir de 2023 haverá um novo regime de tributação de criptoativos.


Segundo a proposta de OE2023, "toda a representação digital de valor ou direitos que possa ser transferida ou armazenada eletronicamente recorrendo à tecnologia de registo distribuído ou outro semelhante", vulgo criptoativos, que resulte em mais-valias (por via de rendimentos empresariais ou por incrementos patrimoniais) passará a ser tributada em sede de IRS, Mas só se os ganhos visarem criptoativos detidos há menos de um ano.


"Às mais-valias referentes a criptoativos detidos por período inferior a um ano aplica-se a taxa de 28% (sem prejuízo da opção de englobamento), estando as mais-valias referentes a criptoativos detidos por mais de 365 dias isentas de tributação", lê-se.


A taxa de 28% só não será aplicada se se optar pelo englobamento dos rendimentos, isto é, taxar os ganhos com criptoativos através da taxa que resulta da aplicação dos escalões de rendimento do IRS caso haja opção pelo englobamento.


A ideia do executivo é "criar um quadro fiscal amplo e adequado aplicável aos criptoativos, em sede de tributação de rendimento e de património". Por outro lado, pretende-se "fomentar a criptoeconomia" e projetar "a transição digital e exponenciar a economia 4.0".


Segundo o secretário de Estado Adjunto, António Mendonça Mendes, o objetivo é "integrar" a realidade dos criptoativos nas "regras do sistema fiscal português".


"[É o que] dá segurança àqueles que desenvovlem esta atvidade e se enquadra no nosso sistema fiscal", afirmou o governante na conferência de imprensa de apresentação da proposta do executivo.


Mendonça Mendes garantiu, ainda, que os criptoativos representam um "ecossistema muito importante" e "muito relevante para o país", rejeitando que a tributação de criptoativos afaste de Portugal quem aposta nessa área.


Corretoras passam a pagar Imposto de Selo

No que diz respeito às operações com criptoativos que resultem num incremento do património, a proposta orçamental prevê "a tributação das transmissões gratuitas de criptoativos, bem como a incidência de Imposto do Selo sobre as comissões cobradas na intermediação de operações relativas a criptoativos," sujeitando-as a uma taxa de 4% (em linha com a aplicada na generalidade das operações financeiras).


Desta forma, os intermediários financeiros deste tipo de operações vão passar a pagar Imposto de Selo.


A proposta do executivo antecipa ainda que empresas e particulares, bem como os organismos e outras entidades sem personalidade jurídica, "que prestem serviços de custódia e administração de criptoativos por conta de terceiros ou tenham a gestão de uma ou mais plataformas de negociação de criptoativos, devem comunicar à Autoridade Tributária e Aduaneira, até ao final do mês de janeiro de cada ano, relativamente a cada sujeito passivo, através de modelo oficial, as operações efetuadas com a sua intervenção, relativamente a criptoativos.


Este novo regime de tributação que o governo quer criar a pensar nas criptomoedas teve por base um estudo levado a cabo pelo Centro de Estudos Fiscais, da Autoridade Tributária. No entanto, a abordagem escolhida pelo governo é mais ligeira do que a proposta pelo Fisco, tal como tinha noticiado o Expresso a 6 de outubro.


Na referida conferência de imprensa, Mendonça Mendes clarificou: "Em termos de património, determinada aquisição de um imóvel, feita através de um criptoativo, a valorização para efeitos de IMT é exatamente a mesma valorização que se faz nos termos do código do IMT, assim como a incidência do imposto de selo nas comissões como nas transmissões gratuitas".


"A nível de IRS e IRC a única adaptação foi integrar nas diversas categorias, como é o caso do staking e mineração que são considerados rendimentos empresariais, sendo por isso sujeito ao regime simplificado ou de contabilidade organizada", concluiu.


Ganhos sobre criptoativos detidos há menos de um ano passam a ser taxados a 28% (dinheirovivo.pt)

Comentários

Notícias mais vistas:

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...