Avançar para o conteúdo principal

As criptomoedas podem ser uma solução para evitar as alterações climáticas



O financiamento de medidas de protecção ambiental através do uso de criptomoedas pode ter um impacto imediato no terreno, através da cooperação com governos locais, até a soluções globais que tentam abranger toda a natureza. A força deste tipo de tecnologias vem da sua possibilidade de expansão num curto espaço de tempo.


A presença das criptomoedas tem-se expandido no nosso dia-a-dia e estamos fartos de ver artigos sobre o perigo “das bitcoins”, os diferentes tipos de plataformas alvo de hackers ou, simplesmente, sobre o que raio é uma criptomoeda.


O processo de mineração de criptomoedas, ou seja, dos indivíduos e entidades que fazem redes como a da bitcoin trabalhar, e são recompensados por isso, usou mais energia em 2021 do que o Paquistão. Isto é alarmante e, basicamente, criou um processo que antes era feito por uma pessoa qualquer com um computador numa indústria altamente especializada, onde milhões de euros são investidos em armazéns de servidores para mineração em países com preços de energia baixos, como a Islândia ou a China.


O facto é que o mundo das criptomoedas é multifacetado e encontra-se em constante melhoria. Hoje em dia, existem cada vez mais protocolos novos, como a Solana, que gasta menos energia numa transacção do que redes de pagamento tradicionais, sendo energeticamente iguais a uma pesquisa no Google.


O financiamento de medidas de protecção ambiental através do uso de criptomoedas pode ter um impacto imediato no terreno, através da cooperação com governos locais, até a soluções globais que tentam abranger toda a natureza. A força deste tipo de tecnologias vem da sua possibilidade de expansão num curto espaço de tempo.


Por exemplo, um dono de um terreno com um bosque de espécies de árvores diversas pode ser financeiramente recompensado por manter o mesmo através de criptomoedas e promover a captura de carbono da nossa atmosfera. Este terreno pode tanto ajudar o ambiente como a biodiversidade local ao mesmo tempo, o que é especialmente importante em países afectados por incêndios, como é o caso de Portugal, onde a maioria do nosso terreno florestal é composto por pinheiros e eucaliptos.


Alternativamente, a floresta da Amazónia, que está prestes a entrar num ciclo irreversível de desertificação, pode ser copiada para o mundo digital onde cada investidor compra uma parcela de terreno em que pode financiar a sua protecção e manutenção, em vez da sua venda para desflorestação. Esta cópia pode basicamente incorporar a natureza no mundo financeiro. Imagina receberes, num aniversário, o teu pedaço de floresta para proteger, em vez de mais um par de meias.


Nós vivemos num mundo onde governos discutem anualmente soluções sem se comprometerem com algo concreto. Um mundo onde, antes de chegarmos às datas estabelecidas pelo Protocolo de Quioto, já existem fortes indícios que não vamos conseguir evitar o aumento da temperatura do nosso planeta em 1,5 graus Celsius. Temos de começar a agir agora e tentar diferentes alternativas. Sabemos que a economia depende das pessoas, que dependem da natureza e dos recursos que dela retiram. Até hoje, décadas de crescimento desenfreado de extracção, produção e comércio alimentaram um ciclo de destruição em grande


Esta sobre-exploração é o resultado de escolhas políticas. E nós podemos influenciar essas escolhas políticas e exigir mudanças políticas que nos afastem da actual economia destrutiva, rumo a uma economia social e ecologicamente justa. O impacto individual é cada vez mais difícil, mas as criptomoedas possibilitam a união de vários com o mesmo objectivo. Vamos lá salvar o nosso planeta?


Jorge Alexandre

28 Anos. Especialista de anti-lavagem de dinheiro na Single.Earth. Estudante no mestrado de Diplomacia Global na SOAS Universidade de Londres.

As criptomoedas podem ser uma solução para evitar as alterações climáticas | Megafone | PÚBLICO (publico.pt)


Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

A Fusão Nuclear deu um rude golpe com o assassínio de Nuno Loureiro

“Como um todo, a fusão nuclear é uma área muito vasta. Não é a morte de um cientista que impedirá o progresso, mas é um abalo e uma enorme perda para a comunidade científica, Nuno Loureiro deu contributos muito importantes para a compreensão da turbulência em plasmas de fusão nuclear” diz Bruno Soares Gonçalves , presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do IST . O que é a fusão nuclear e por que razão o cientista português do MIT assassinado nos EUA dizia que “mudará a História da humanidade” “Os próximos anos serão   emocionante s   para nós e para a fusão nuclear.  É o início de uma nova era” . As palavras são de Nuno Loureiro e foram escrit as em 2024 . A 1 de maio desse ano, o   cientista português   assumi a   a direção do Centro de Ciência e Fusão de Plasma (PSFC) , um dos maiores   laboratórios  do Massachussetts   Institute   of   Technology ( MIT) . A seu cargo tinha   250   investigadores , funcionário...

Aeroporto: há novidades

 Nenhuma conclusão substitui o estudo que o Governo mandou fazer sobre a melhor localização para o aeroporto de Lisboa. Mas há novas pistas, fruto do debate promovido pelo Conselho Económico e Social e o Público. No quadro abaixo ficam alguns dos pontos fortes e fracos de cada projeto apresentados na terça-feira. As premissas da análise são estas: IMPACTO NO AMBIENTE: não há tema mais crítico para a construção de um aeroporto em qualquer ponto do mundo. Olhando para as seis hipóteses em análise, talvez apenas Alverca (que já tem uma pista, numa área menos crítica do estuário) ou Santarém (numa zona menos sensível) escapem. Alcochete e Montijo são indubitavelmente as piores pelas consequências ecológicas em redor. Manter a Portela tem um impacto pesado sobre os habitantes da capital - daí as dúvidas sobre se se deve diminuir a operação, ou pura e simplesmente acabar. Nem o presidente da Câmara, Carlos Moedas, consegue dizer qual escolhe... CUSTO DE INVESTIMENTO: a grande novidade ve...