Avançar para o conteúdo principal

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia


 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras.


O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado.


Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging.


A empresa, com sede e fábrica no Porto, começou desde logo a distinguir-se da concorrência, colocando-se bem acima dela, no que respeita à potência. Enquanto os carregadores mais potentes do mercado se limitam a 300 kW – como os produzidos pela sua vizinha Efacec –, a i-charging prepara uma gama que atinge o dobro da potência.


600 kW. Mas a (enorme) potência não é o único trunfo

Os carregadores rápidos concebidos por esta nova empresa são denominados blueberry e constituem uma gama que vai dos 50 kW aos 600 kW e de 100 a 1000 V. De recordar que a potência dos actuais sistemas de carga rápida disponíveis em Portugal é de 50 kW, se não contabilizarmos os da Tesla, que fornecem 150 kW ou 250 kW por carro, consoante sejam a versão V2 ou V3, a mais recente.


A sede e a fábrica da i-charging, bem no centro do Porto 9 fotos

Pode parecer estranho alguém conceber um carregador para 600 kW, quando os Model 3 da Tesla carregam a 250 kW e os Porsche Taycan podem lidar com 225 ou 270 kW, consoante a versão. A explicação, porém, é fácil: a i-charging está já a pensar já no futuro e, sobretudo, nos veículos pesados a bateria que vêm aí, tanto autocarros como camiões.


Visando satisfazer não o mercado nacional, mas sim o europeu e o norte-americano, numa primeira fase, a companhia conta de momento com 30 empregados, número que irá aumentar à medida que surjam as encomendas. Para já, os sistemas de carga estão concebidos e os protótipos produzidos, aguardando agora as necessárias certificações internacionais, que Moreira da Silva espera conseguir ainda antes do final do ano. A partir daí é produzir, uma vez que os contactos com potenciais clientes já foram iniciados.


Além da potência elevada dos seus carregadores rápidos em DC, a i-charging conta com um naipe de trunfos para se impor face aos concorrentes. Para começar, os seus postos de carga são elegantes, modernos e com um imenso ecrã de 32 polegadas destinado a tornar a operação mais interactiva e até distrair o utilizador com publicidade ou, quem sabe, um filme.


Na gestão de energia é que está a diferença

Mas a tecnologia que vai certamente ajudar a incrementar a procura pelos blueberry é a dynamicblue (patenteada pelo fabricante), essencialmente um sistema complexo de gestão de energia e de carga que permite transformar um carregador a 600 kW, por exemplo, numa solução capaz de carregar de forma mais rápida, eficaz e barata vários veículos ao mesmo tempo. Imagine um carregador em DC de 600 kW, que inclui um muito dispendioso conversor de AC em DC, a alimentar um Renault Zoe e um Nissan Leaf, dificilmente fornecendo aos dois eléctricos mais do que 100 kW. Para melhor aproveitar a potência instalada, o sistema dynamicblue da i-charging permite, caso seja essa a opção do operador do posto de carga rápida, ter o tal inversor de 600 kW ligado a até quatro pontos de carga, gerindo a potência que cada um dos veículos consegue armazenar, explorando de forma mais eficiente toda a potência disponível numa carga simultânea.


Se a carga simultânea tem vantagens óbvias para um vendedor de energia num posto de carga rápida, a carga sequencial, outra das habilidades do dynamicblue, facilita a operação a um certo tipo de clientes. Coloque-se por um momento na pele de uma empresa de autocarros eléctricos, que os tenha de recarregar ao fim do dia. Com carregadores DC normais, ou tem um posto de carga para cada autocarro ou, durante a noite, algum funcionário tem de movimentar os veículos para os aproximar do carregador a fim de alimentar a bateria. A i-charging permite ligar o mesmo carregador de 600 kW a quatro autocarros ao mesmo tempo e depois programá-lo para recarregar os veículos de transporte público por ordem de ligação, ou todos em simultâneo. E é para servir os veículos pesados que a empresa do Porto concebeu um cabo particularmente longo (4,7 metros) com um sistema de enrolamento que o impede de ficar a arrastar pelo chão, sujando-se ou provocando acidentes.


As restantes opções da i-charging

Além dos três tipos de postos de carga rápida, os blueberry (um ou dois pontos de carga a 50 kW, 125 A e de 150 a 1000 V), os blueberry Plus (um ou dois pontos de carga a 100 a 600 kW, 125 a 500 A e 150 a 1000 V) e blueberry Cluster (um a quatro pontos de carga a 100 a 600 kW, 125 a 250 A e 150 a 1000 V), todos eles concebidos e produzidos pela i-charging, a empresa portuense oferece igualmente uma gama de pontos de carga em AC, de baixa potência.


A empresa portuense incorpora nos seus carregadores, quando necessário, sistema de leitura RFDI e aplicações para controlar funcionamento dos postos 4 fotos

Como nos explicou o CEO da empresa, se há apenas 20 fabricantes de carregadores rápidos, há milhares de produtores na Europa de carregadores em AC, com potências de 3,7 a 7,4 kW (monofásicos), os tradicionais wallbox, até aos (trifásicos) de 11 ou 22 kW, que se vêem na via pública. Daí que a i-charging, cuja vocação não é possuir linhas de produção para gerar milhares de equipamentos por ano, tenha preferido adquirir a terceiros a base do carregador em AC, para depois os dotar de tecnologia de gestão de carga que possam fazer a diferença.


Denominados Fill, com as variantes @home, @work e @street, os carregadores AC da companhia portuguesa permitem resolver as necessidades dos condomínios e de algumas empresas, alocando os custos da carga a cada fracção, departamento ou indivíduo. Esta gama de carregadores AC foi introduzida no mercado português em Março e está à venda desde então.


A i-charging tem ainda a capacidade de fornecer painéis fotovoltaicos e baterias estacionárias para habitação ou empresas, destinadas a reduzir os custos na factura da energia e o impacto na rede eléctrica nacional.


https://observador.pt/2020/10/22/supercarregadores-portugueses-surpreendem-mercado-com-600-kw-e-mais-tecnologia/

Comentários

Notícias mais vistas:

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

Defender a escola pública

 1. Escrevo sobre o conflito que envolve os professores preocupada, em primeiro lugar, com o efeito que este está a ter na degradação da escola pública, na imagem e na confiança dos pais no sistema educativo, nos danos que estão a ser causados a milhares de alunos cujas famílias não têm condições para lhes proporcionar explicações ou frequência de colégios privados. Parece-me importante que, nas negociações entre Governo e sindicatos, esta dimensão do problema seja equacionada. Escrevo, em segundo lugar, porque espero poder dar um contributo para a compreensão e boa resolução do conflito, apesar de todo o ruído e falta de capacidade para ouvir. 2. Nos anos pré-pandemia, eram muitos os sinais das dificuldades das escolas em prestar um serviço de qualidade. A existência de milhares de alunos sem professor, em várias disciplinas e em vários pontos do país, gerou um clamor sobre a falta de docentes e a fraca atratividade da carreira. Porém, o problema da falta de professores nas escola...