A EHS.tv afirma que o aparelho refrigera e refresca como um ar condicionado tradicional, mas a publicidade é enganosa. Já pedimos a intervenção da Direção-Geral do Consumidor e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
O anúncio da TV promete “um aparelho inovador e revolucionário”, capaz de ser uma boa alternativa à ‘normal’ unidade de ar condicionado e ainda “comercializado a uma fração do preço”.
Testámos o Water Chiller em laboratório e descobrimos que grande parte das alegações da empresa são falsas. Outras, ainda que corretas, são passíveis de induzir os consumidores em erro.
Apesar de se apresentar bastante apelativo como “um ar condicionado portátil que refrigera, refresca e humidifica em segundos a sua casa”, na realidade, o equipamento não passa de um climatizador de ambiente ou, no limite, um humidificador de ar. Possui, apenas, um sistema de arrefecimento evaporativo, idêntico aos que se utilizam, em escalas maiores, no arrefecimento de edifícios ou, numa escala menor, nas ventoinhas com humidificador que podemos encontrar em algumas lojas.
Por não ter um fluído refrigerante (frigorígeno), o aparelho não pode ser apelidado de ar condicionado e está também impossibilitado de climatizar o espaço durante as quatro estações do ano. É verdade que o Water Chiller aparenta ter um preço atrativo (custou-nos cerca de € 43), mas atendendo às suas limitadas funções, é preferível optar por uma "tradicional" ventoinha ou amealhar e comprar um verdadeiro ar condicionado portátil (preços a partir de 229 euros).
Se precisa de um equipamento com uma performance adequada, consulte os modelos de ar condicionado portátil que aconselhamos no nosso comparador, pois oferecem funcionalidades e um nível de desempenho superior. Em alternativa, confira os resultados do nosso teste a aparelhos de ar condicionado fixos.
O Water Chiller não é capaz de refrigerar o ar de forma efetiva. Após a sua colocação e funcionamento na câmara climática (local onde realizámos o teste), com temperatura entre 22 e 23°C e humidade relativa entre 45 e 65%, a redução da temperatura foi diminuta – no máximo cerca de 1°C para distâncias de 25, 50 e 75 centímetros. Também não refresca qualquer divisão em segundos. A diminuição de temperatura registada ocorreu em períodos bem mais alargados do que os apregoados: no cenário de teste mais rápido, demorou uma hora e 12 minutos.
Como testámos? Medimos a temperatura do ar e a humidade relativa, ligámos o aparelho e repetimos as medições várias vezes, a diferentes distâncias. Os resultados são modestos.
Outra das alegações que provámos ser falsa é a capacidade de refrigerar o ar em espaços exteriores. Devido às limitações físicas inerentes ao design, nem mesmo em condições ambientais muito específicas (alta temperatura e muito baixa humidade relativa), o Water Chiller consegue ser eficaz.
Quanto ao facto de ser inovador, também aqui o produto se revelou uma desilusão. Comprovámos que não possui qualquer filtro milagroso capaz de transformar ar quente em ar frio. O único filtro que tem é composto por um material fibroso cujo objetivo é ficar saturado em água. Ou seja, na realidade, o aparelho apenas se limita a humidificar o ar, o que, em climas moderados como o do nosso país e aquele que simulámos em laboratório, se prova ineficaz a baixar a temperatura.
A promoção do produto EHS Water Chiller baseia-se em afirmações falsas e é publicidade enganosa, tendo por único intuito induzir os consumidores em erro. Como tal, e tendo em conta os inúmeros casos de incumprimento por parte desta empresa nos últimos anos, já pedimos à Direção-Geral do Consumidor e à Entidade Reguladora para a Comunicação Social para atuarem de forma exemplar e multarem a empresa.
Comentários
Enviar um comentário