Avançar para o conteúdo principal

Conselho de Finanças Públicas denuncia suborçamentação do SNS entre 2013 e 2019


SNS falhou sempre os objetivos de saldo definidos nos orçamentos iniciais.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) falhou sempre os objetivos de saldo definidos nos orçamentos iniciais entre os anos 2013 e 2019 devido a uma contínua suborçamentação da despesa, denunciou esta terça-feira o Conselho de Finanças Públicas (CFP).

No seu primeiro relatório sobre o SNS, o organismo independente encarregado de avaliar o cumprimento e a sustentabilidade da política orçamental revela também que a execução do SNS durante estes seis anos reflete um saldo negativo acumulado de 2.796 milhões de euros (399 MEuro de défice médio), com 48% (1.354 milhões) do total a resultar apenas de 2018 (733 MEuro) e 2019 (631 MEuro).

"Entre 2013 e 2019, o objetivo fixado no orçamento inicial para o saldo do SNS nunca foi alcançado, tendo o saldo verificado sido substancialmente pior que o saldo orçamentado, com os desvios desfavoráveis a oscilar entre 42 MEuro (2017) e 531 MEuro (2019). Estes desvios negativos resultaram de uma suborçamentação da despesa, que foi, em média, superior em 6% àquela que estava orçamentada", pode ler-se na nota que acompanha a divulgação do documento.

Os números analisados pelo CFP, que identifica "dificuldades no planeamento dos recursos financeiros necessários para o SNS e na implementação das políticas que visam a contenção da despesa nos limites orçamentais aprovados pela Assembleia da República", apontam nestes seis anos para um ritmo crescente da despesa, que subiu de 0,5% em 2013 para 4,8% em 2019, sendo que o peso do SNS no total da despesa pública subiu de 10,4% no primeiro ano para 11,8% no ano passado.

Paralelamente, a despesa do SNS em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) nominal atingiu em 2019 o valor de 5,03%, mantendo-se relativamente estável, face ao crescimento do PIB neste período. Enquanto as despesas de capital foram sempre inferiores a dois por cento entre 2013 e 2019, evidenciando uma "reduzida expressão do investimento", a despesa corrente constituiu 99% da despesa total desde 2017, sendo que a quase totalidade dos gastos estavam concentrados em três áreas no último ano: despesas com pessoal (42%, com um crescimento de 7,3% em 2019), fornecimentos e serviços externos (39,3%, crescimento de 2,3% em 2019) e compras de inventários (18,3%, crescimento de 4,9% em 2019).

Nesse sentido, o CFP alerta que "o SNS necessitará de fundos adicionais para efeitos de satisfação das necessidades de saúde da população" e que o "efeito financeiro imediato dos défices do SNS, os quais representam um desequilíbrio económico persistente, é o aumento da dívida a fornecedores externos", que totalizava já 1.589 milhões de euros no final de 2019, apesar de sucessivas injeções de capital e que ascenderam a 2.188 milhões nestes seis anos.

Ato contínuo, é igualmente identificada pelo órgão independente uma degradação ao nível dos prazos médios de pagamento, já que 39 entidades - que representam mais de 66% do total de 54 entidades que compunham o SNS em 31 de dezembro de 2019 - apresentam um prazo de pagamento a  fornecedores superior a 60 dias.



Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...

Os professores

 As últimas semanas têm sido agitadas nas escolas do ensino público, fruto das diversas greves desencadeadas por uma percentagem bastante elevada da classe de docentes. Várias têm sido as causas da contestação, nomeadamente o congelamento do tempo de serviço, o sistema de quotas para progressão na carreira e a baixa remuneração, mas há uma que é particularmente grave e sintomática da descredibilização do ensino pelo qual o Estado é o primeiro responsável, e que tem a ver com a gradual falta de autoridade dos professores. A minha geração cresceu a ter no professor uma referência, respeitando-o e temendo-o, consciente de que os nossos deslizes, tanto ao nível do estudo como do comportamento, teriam consequências bem gravosas na nossa progressão nos anos escolares. Hoje, os alunos, numa maioria demasiado considerável, não evidenciam qualquer tipo de respeito e deferência pelo seu professor e não acatam a sua autoridade, enfrentando-o sem nenhum receio. Esta realidade é uma das princip...