Avançar para o conteúdo principal

"Depois do coronavírus, Lisboa vai acabar com o Airbnb", garante Medina


O presidente da Câmara Municipal de Lisboa escreveu um artigo de opinião no The Independent, no qual apresenta algumas das prioridades pensadas para a capital num período pós-pandémico.
"Depois do coronavírus, Lisboa vai acabar com o Airbnb", garante Medina

"Depois do coronavírus, Lisboa vai acabar com o Airbnb", garante Medina

Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, afirmou, num artigo de opinião, divulgado este fim de semana pelo o jornal britânico The Independent, que num período de pós-pandemia a capital "vai acabar com o Airbnb e transformar o alojamento Local em casas para trabalhadores de serviços essenciais" que ajudaram o município a ultrapassar a crise provocada pela Covid-19. 

Começando por apontar que Lisboa "beneficiou muito nos últimos anos" do turismo, Medina ressalva que houve um preço a pagar pelos residentes da capital. 

"Os trabalhadores de serviços essenciais e as suas famílias têm sido, exponencialmente, forçados a sair, enquanto os alojamentos estilo Airbnb tomaram conta de cerca de um terço das propriedades do centro da cidade, elevando os preços dos arrendamentos, afastando comunidades e ameaçando a identidade da cidade", sublinha o autarca. 

Declarando que quer trazer de volta as pessoas que são "lisboetas de sangue" ao centro da cidade, Medina garantiu ter como objetivo tornar Lisboa num local mais "verde" e "sustentável", bem como "num melhor  sítio para se viver e visitar". 

"Priorizar casas acessíveis para profissionais de saúde, trabalhadores do setor dos transportes, professores e centenas de outros que garantem o funcionamento de serviços essenciais. Estamos a oferecer pagar aos proprietários para transformarem centenas de alojamentos locais em casas com rendas acessíveis para trabalhadores essenciais ", destacou. 

Admitindo ser uma "estratégia arriscada", o presidente da Câmara recordou que este tipo de arrendamento também garante aos proprietários terem "uma renda estável e de longo prazo", permitindo, ao mesmo tempo, que o município tenha "a hipótese de criar uma cidade mais vibrante, saudável e equilibrada".

"Esta abordagem também ajudará no combate às alterações climáticas e a melhorar a saúde pública. Cidades mais densas traduzem-se em menos pessoas a virem para o centro todos os dias. E menos carros nas estradas significa menos poluição e emissões prejudiciais, que poluem o ar que respiramos e que também contribuem para o aquecimento global", argumentou. 

Por fim, Medina ainda garantiu que a Câmara de Lisboa está a trabalhar em estreita relação com empresas privadas para "renovar alguns dos edifícios da cidade devolutos", com vista a criar mais casas com rendas acessíveis em Lisboa. 

Destacando que esta estratégia não quer dizer que a capital "não queira turismo" ou que não precisa que os turistas "voltem a Lisboa o mais rápido possível", o autarca referiu ainda que "simplesmente é tempo de fazermos as coisas diferentes", decisão que também irá beneficiar todos os que visitam a cidade. "[Os turistas] vão encontrar uma cidade mais limpa, mais verde e viva, em vez de uma que corre o risco de se tornar um belo museu”, concluiu. 


Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...

Os professores

 As últimas semanas têm sido agitadas nas escolas do ensino público, fruto das diversas greves desencadeadas por uma percentagem bastante elevada da classe de docentes. Várias têm sido as causas da contestação, nomeadamente o congelamento do tempo de serviço, o sistema de quotas para progressão na carreira e a baixa remuneração, mas há uma que é particularmente grave e sintomática da descredibilização do ensino pelo qual o Estado é o primeiro responsável, e que tem a ver com a gradual falta de autoridade dos professores. A minha geração cresceu a ter no professor uma referência, respeitando-o e temendo-o, consciente de que os nossos deslizes, tanto ao nível do estudo como do comportamento, teriam consequências bem gravosas na nossa progressão nos anos escolares. Hoje, os alunos, numa maioria demasiado considerável, não evidenciam qualquer tipo de respeito e deferência pelo seu professor e não acatam a sua autoridade, enfrentando-o sem nenhum receio. Esta realidade é uma das princip...