Avançar para o conteúdo principal

Físicos teletransportam partícula para o espaço pela primeira vez

Um grupo de investigadores e físicos quânticos chineses teletransportou um fotão, ou seja, uma pequena partícula de energia luminosa, para um satélite que orbita a mais de 500 quilómetros (311 milhas).

O satélite, chamado Micius, lançado em agosto do ano passado permitir experiências relacionadas com o entrelaçamento quântico, a criptografia e o teletransporte, encontra-se agora em órbita a a 500 km da Terra, e é capaz de detectar os estados quânticos de fotões individuais lançados a partir do solo.

O mês passado, a equipa de cientistas, liderada pelo físico chinês Jian-Wei Pan, tinha já conseguido realizar com sucesso uma experiência de teletransporte quântico, que envolveu o envio, do satélite para a Terra, de milhares de pares de fotões entrelaçados – que mantiveram o entrelaçamento entre si em duas estações distantes 1200 km uma da outra.

Numa segunda fase desta experiência, os cientistas conseguiram agora “enviar” para um fotão em órbita no satélite as propriedades alteradas de um seu par entrelaçado em Terra – conseguindo, na prática, “teletransportar” o fotão terrestre.

O teletransporte tornou-se uma experiência típica em laboratórios por todo o mundo e é baseado no fenómeno do entrelaçamento quântico, que ocorre quando dois objetos quânticos se formam no mesmo instante, no mesmo espaço, e partilham as mesmas propriedades.

De acordo com este “entrelaçamento quântico”, mesmo que estejam separados por grandes distâncias, os dois objectos entrelaçados são influenciados um pelo outro e alteram as suas propriedades quando as do outro são alteradas – instantaneamente e independentemente da distância entre eles.

Segundo os especialistas, se as informações de um fotão cujas propriedades são alteradas forem transmitidas a outro fotão, o segundo fotão assume a identidade do primeiro – e é esta mudança de estado que os investigadores classificam como teletransporte.

“O teletransporte de longa distância foi reconhecido como um elemento fundamental em certos protocolos, como as redes quânticas em grande escala e computação quântica distribuída”, afirmam os especialistas ao MIT Technology Review.

Segundo o estudo agora divulgado, não existe uma distância máxima sobre a qual este fenómeno pode ocorrer. No entanto, como os fotões interagem com a matéria na atmosfera ou dentro de fibras ópticas, o entrelaçamento pode desaparecer.

“Experiências anteriores de teletransporte entre locais distantes foram limitadas a uma distância de 100 quilómetros, devido à perda de fotões em fibras ópticas ou canais terrestres livres”, destacaram os cientistas.

Mas, como o satélite Micius orbita a uma altitude de 500 quilómetros, um fotão acaba por viajar através do vácuo durante a maior parte do caminho.

Para minimizar a quantidade de atmosfera no caminho, a equipa de especialistas estabeleceu a sua estação terrestre em Ngari, no Tibete, a uma altitude de mais de 4 mil metros. Portanto, a distância do chão ao satélite variou entre 1.400 quilómetros quando estava perto do horizonte e “apenas” 500 quilómetros.

Para realizar a experiência, os cientistas criaram pares de fotões entrelaçados no solo, a uma taxa de cerca de 4.000 fotões por segundo e, transmitiram um fotão de cada par de fotões para o satélite, mantendo o outro fotão no solo.

Finalmente, os especialistas mediram as propriedades dos fotões em Terra e dos que estavam em órbita, confirmando que o entrelaçamento tinha ocorrido. Em 32 dias, a equipa enviou milhões de fotões e encontrou resultados positivos em 911 casos.

Apesar de o estudo não ter envolvido o teletransporte de um objeto real, mas informação do estado das partícula, os cientistas são unânimes em considerar que este trabalho “estabelece a primeira ligação fiável terra-satélite e é o primeiro teletransporte quântico de ultra-longa distância”.

O domínio deste conhecimento poderá permitir por exemplo, no futuro, a criação de infraestruturas de comunicação com redes quânticas a uma escala global. Brevemente num dispositivo perto de si, a Internet mais do que rápida: instantânea.

https://zap.aeiou.pt/cientistas-teletransportam-particula-espaco-pela-primeira-vez-166633?google_editors_picks=true

Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

Caça à multa? Autoridades têm direito a comissões?

 Sim, e de facto, esta não é uma prática comum na União Europeia, é uma coisa bastante Portuguesa. Aliás, num outro caso que deu muito que falar, até os funcionários da EMEL tiveram direito a um prémio dependente do número de multas passadas em cada mês. (Um prémio que entretanto foi removido por ser… Bem… Uma coisa estranha, e obviamente pouco ética.) Porém, não são todas as multas. Calma! Exemplo de carro mal estacionado pronto a ser multado pelo novo sistema automático a entrar em vigor. Caso não se lembre, em 2023, num despacho assinado e publicado em Diário da República, os militares da GNR passaram a ter direito a comissões dos processos de contraordenação fiscal e aduaneira que fizerem. Estamos a falar de uma comissão de 15%, que na altura ficou acordado ser dividida entre a GNR e a Autoridade Tributária (7.5% para cada um). Assim, num exemplo de uma multa de 100€, o militar da GNR recebe 7.5€, enquanto outros 7.5€ vão para a AT. Porém… Não são todas as multas! Apesar de ser...

"Portugal não pode parar". Programa da AD - PSD/CDS aposta na redução de impostos e na iniciativa privada

 "Deixa o Luís trabalhar", canta o refrão do hino da AD - PSD/CDS para as eleições de 18 de maio de 2025, e todo o programa da coligação do Partido Social Democrata e do Centro Democrático Social reflete a intenção de prosseguir políticas adotadas na anterior legislatura, explicando sempre "porque é preciso continuar". O cenário económico antecipado pela coligação, que busca a reeleição com uma maioria mais confortável do que a anterior legislatura, em que ficou dependente do Partido Socialista, prevê um excedente orçamental de 0,3 por cento para este ano, que já estava no Orçamento do Estado para 2025, e de 0,1 por cento para o próximo ano. Para 2027, a AD espera um saldo positivo nas contas de 0,3 por cento, para 2028 de 0,2 por cento e para 2029 de 0,3 por cento. O programa de reformas estruturais proposto para a próxima legislatura assenta em quatro eixos, a saber, a redução de impostos sobre o trabalho e o investimento, a aposta na iniciativa privada e na produ...