O ministro venezuelano da Defesa, Vladimir Padrino López, advertiu que a Venezuela vai defender o seu território e que responderá militarmente se a Colômbia tentar violar a sua soberania.
“Nós protegeremos a nossa soberania e responderemos militarmente. E fá-lo-emos de maneira contundente, em legítima defesa. Não se equivoquem”, escreveu o ministro na sua conta do Twitter.
Vladimir Padrino López respondia a acusações feitas, sexta-feira, pelo seu homólogo colombiano, Guillermo Botero Nieto, de que uma nova fação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) estaria na Venezuela.
“O problema político que a Colômbia enfrenta não pode e não deve levar a uma confrontação militar. Apelamos a que não se procurem desculpas ou pretextos, com falsos positivos [coisas que parecem ser o que não são] para tentar violar a nossa soberania territorial, seja por forças convencionais ou por grupos irregulares”, frisou o ministro venezuelano.
Segundo o ministro venezuelano, a Colômbia está a escrever os primeiros capítulos de um romance que repete o “Bombardeio de Angostura” (Equador 2008), um ataque da Força Aérea Colombiana que causou a morte de 22 guerrilheiros, entre eles o segundo comandante das FARC, Édgar Devia, ‘alias’ Raul Reyes, num acampamento de uma zona de selva conhecida como Angostura.
“A Venezuela faz votos pela paz na Colômbia, num assunto que devem resolver os colombianos, através do diálogo e da retomada de um processo transparente, série e responsável entre as partes. O nosso povo não quer continuar a ser vítima desse conflito”, disse.
O ministro da Defesa da Colômbia disse sexta-feira à rádio colombiana La FM que o seu Governo vai tomar medidas para enfrentar um grupo de dissidentes das FARC que anunciou recentemente que iria retomar as armas.
Segundo Guillermo Botero, a Colômbia conta com uma unidade especializada, composta por homens dos serviços secretos, da polícia e investigadores para capturar este grupo e levá-lo perante a justiça.
O ministro colombiano precisou que este grupo de dissidentes das FARC é um conjunto de narcotraficantes, armados e organizados, que estão na Venezuela, nas proximidades da fronteira entre os dois países.
Depois de mais de um ano de paradeiro desconhecido, o ex-‘número dois’ das FARC e principal negociador do acordo de paz de 2016, Iván Márquez, reapareceu num vídeo esta quinta-feira com outros ex-líderes do grupo, anunciando o regresso às armas.
O Presidente colombiano considerou que não se trata do aparecimento de uma nova guerrilha, mas de um grupo “narcoterrorista” apoiado pelo líder venezuelano, Nicolás Maduro. “Nós, colombianos, devemos ter a clareza de ver que não estamos a assistir ao nascimento de uma nova guerrilha, mas perante ameaças criminosas de um bando narcoterrorista que conta com o acolhimento e apoio da ditadura de Nicolás Maduro”, disse o Presidente Iván Duque, numa declaração ao país.
Em resposta, o presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela (composta unicamente por simpatizantes do regime) condenou as acusações feitas pelo Governo colombiano de que Caracas estaria a apoiar o regresso às armas anunciado por dissidentes das FARC.
“Hoje culpam-nos desde a Colômbia. Lamentamos profundamente o que está a acontecer naquele país. Lamentamos que continue a espiral de violência que tem 60 anos e que não começou por culpa da Venezuela”, disse Diosdado Cabello durante um encontro com trabalhadores.
O também dirigente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, partido do Governo) explicou que a Venezuela acolheu mais de cinco milhões de cidadãos colombianos que fugiram do seu país, escapando do conflito armado.
O conflito armado na Colômbia, que envolveu guerrilhas, grupos paramilitares, forças do Governo e narcotraficantes ao longo de mais de 50 anos, causou mais de 260 mil mortos, quase 83 mil desaparecidos e 7,4 milhões de deslocados.
Denúncia na ONU por “proteger terroristas”
O Presidente colombiano, Iván Duque, anunciou que o seu governo vai denunciar na ONU e na Organização de Estados Americanos (OEA) o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, por alegadamente apoiar e proteger terroristas.
“Estão a violar a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que é clara quando diz que não pode haver um Estado que dê proteção e promova grupos terroristas. E nós vamos levar essa denúncia à OEA e às Nações Unidas”, afirmou Iván Duque, num anúncio feito depois da decisão anunciada de vários ex-líderes das FARC de voltarem a pegar em armas.
A resolução a que se refere Iván Duque foi aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas a 12 de novembro de 2001 e determina que os atos de terrorismo internacional constituem uma das ameaças mais graves para a paz e segurança no mundo
Estas afirmações do Presidente da Colômbia foram feitas dois dias depois de um grupo de ex-líderes das FARC, encabeçado pelo ex-chefe negociador da paz pelo lado da guerrilha colombiana, Iván Márquez, anunciar, num vídeo, o seu regresso às armas.
Intervindo no Oficina Construção do País, onde dialoga com comunidades de diferentes zonas de Colômbia, o presidente sublinhou que “o que fez a ditadura de Nicolas Maduro apoiando e protegendo terroristas foi o mesmo que fez o regime talibã com a al-Qaeda”.
“O mundo vai ter de analisar a evidência dos delitos desse regime protegendo terroristas”, referiu o chefe de Estado da Colômbia.
Na quinta-feira, Duque disse que conversou com Juan Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como o legítimo Presidente da Venezuela, para pedir apoio para capturar o “grupo criminoso”. “Conversei com o legítimo presidente da Venezuela, Juan Guaidó, pedindo o seu apoio à Justiça colombiana para capturar esse grupo criminoso, patrocinado pela ditadura de Maduro”, afirmou.
Localizados explosivos em Caracas
O ministro venezuelano de Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez, anunciou que as autoridades localizaram vários explosivos que teriam por objetivo ser detonados em Caracas. Os explosivos seriam detonados em duas sedes das Forças Ações Especiais (FAES), no Palácio de Justiça e no bloco 40 do populoso bairro de 23 de Janeiro, em Caracas.
Durante uma conferência de imprensa no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, o ministro explicou que as investigações começaram depois de, a 17 de agosto, terem sido localizadas umas “bolsas suspeitas” com explosivos C-4, que foram atiradas contra a sede das FAES, em Propátria (oeste de Caracas) e no 23 de Janeiro (centro).
Segundo o ministro, os atentados estariam a ser coordenados “desde a Colômbia para a Venezuela e liderados pelo opositor venezuelano Júlio Borges”, do partido político Primeiro Justiça, atualmente asilado no país vizinho. “Foram comprados ‘drones’ (aeronaves não tripuladas) e armas no vizinho país. […] Estamos à procura de um ex-funcionário da Polícia de Chacao [município do leste de Caracas] “, frisou.
Segundo o ministro, além do ex-polícia, foi detido um cidadão com dupla nacionalidade, colombiana e venezuelana, envolvido na colocação de engenhos explosivos em Caracas.
O ministro divulgou um vídeo onde um homem assume a sua responsabilidade na preparação dos alegados ataques com explosivos e afirma que os “objetivos eram o Palácio de Justiça, situado na Avenida Bolívar de Caracas, o bloque 40 do (bairro) 23 de Janeiro e a sede das FAES, em Cotiza (centro-norte)”.
As autoridades confiscaram vários engenhos explosivos que foram desarmados e determinaram que as bombas iriam ser preparadas no Hotel San Moris, em Caracas. Segundo o ministro, os atentados na Venezuela estariam a ser coordenados por um militar desde a fronteira colombo-venezuelana.
https://zap.aeiou.pt/venezuela-ameaca-colombia-violacao-territorial-277369
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