Mario Draghi conseguiu surpreender os mercados na penúltima reunião a liderar o Banco Central Europeu.
O pacote de estímulos que o Banco Central Europeu avançou esta quinta-feira, 12 de setembro, conseguiu surpreender os investidores, uma vez que a autoridade monetária avançou mesmo com um programa de compra de ativos e deixou de fixar um horizonte temporal para a permanência dos juros em mínimos históricos.
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu baixar a taxa de juro de depósitos para território ainda mais negativo (passou de -0,40% para -0,50%), como reação ao abrandamento económico da Zona Euro e à manutenção de níveis de inflação persistentemente demasiado baixos. Além disso, avançou para a abertura de um novo programa de compra de ativos: 20 mil milhões por mês a partir de novembro.
O pacote de estímulos deixou de ter fim à vista, pois se antes estava previsto terminar no primeiro semestre de 2020, agora não tem data prevista para acabar.
Juros afundam
O efeito mais imediato e pronunciado aconteceu no mercado de dívida soberana, com os juros dos títulos de dívida dos países do euro (grande parte deles já em terreno negativo) a afundarem ainda mais.
A yield das obrigações do Tesouro de Portugal a 10 anos desce 7,7 pontos base para 0,182%, muito perto dos mínimos históricos próximos de 0% atingidos recentemente. Nas bunds alemãs a taxa desce 7,5 pontos base para 0,641% e na dívida espanhola a yield dos títulos a 10 anos recua 8 pontos base para 0,167%. A taxa de juro das obrigações italianas regista uma descida ainda mas forte (15,5 pontos base) e atingiu um novo mínimo histórico (abaixo de 0,80%).
Banca impulsiona bolsas
As bolsas europeias negociavam em terreno negativo minutos antes de o BCE publicar o comunicado com as decisões de política monetária, mas inverteram rapidamente para terreno positivo, embora sem ganhos expressivos. O Stoxx600 valoriza 0,56%.
São sobretudo os bancos que mais impulsionam os índices, uma vez que o BCE avançou com medidas para mitigar o efeito das taxas negativas no setor. O Stoxx Banks valoriza mais de 1%, com as ações do Commerzbank, Deutsche Bank e Santander a marcarem ganhos em torno de 3%. O BCP continua em terreno negativo, a descer 0,64% para 0,2010 euros.
Euro abaixo de 1,10 dólares
No mercado cambial o euro reagiu em queda, já que as medidas anunciadas pelo Banco Central Europeu penalizam os investimentos na moeda única. O euro desce 0,32% para 1,0975 dólares.
Já o ouro está a negociar em alta, reforçando os ganhos da manhã, uma vez que o metal precioso tira partido da fraqueza do dólar. No mercado à vista em Londres o ouro está a valorizar 0,9% para 1.517,4 dólares.
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