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Concessão do Porto de Sines apanhada na guerra comercial EUA-China


O Porto de Sines, líder nacional na movimentação de mercadoria, vai ter um novo terminal. Os Estados Unidos entram na corrida para esta concessão que já estava na mira dos chineses. Se ganharem, conquistam uma peça que seria fundamental na estratégia de Pequim para construir uma nova Rota da Seda

Os Estados Unidos entraram oficialmente na corrida para a concessão do Terminal Vasco da Gama, no Porto de Sines, e colocaram o maior porto nacional, considerando a movimentação de mercadoria, no centro de mais uma disputa entre os governos de Washington e Pequim, uma vez que a China já tinha manifestado interesse nesta concessão, considerada uma peça-chave na sua estratégia de construção da uma nova Rota da Seda.

Em declarações ao jornal Público, a ministra do mar, Ana Paula Vitorino, confirma o interesse de chineses e americanos na concessão do Terminal de Contentores Vasco da Gama, que será lançada até ao final do mês. “A proposta vencedora será aquela que melhores benefícios ofereça a Portugal, independentemente da origem do operador”, garante.

Na sua edição deste sábado, o Público noticia que os norte-americanos já assumiram “a natureza estratégica do Porto de Sines como “destinatário de gás natural liquefeito dos EUA (GNL)”, inscrevendo mesmo na ata da última reunião da Comissão Bilateral Permanente Estados Unidos – Portugal, que se realizou em Washington, a 11 de setembro, “que há interesse dos EUA em ver o investimento norte-americano no planeado Terminal de Contentores Vasco da Gama”.

A disputa é recebida sem surpresas no sector portuário. “Os EUA já vinham dando sinais evidentes de desconforto pela possibilidade dos chineses passarem a ter, em Portugal, um pilar fundamental para montarem a nova Rota da Seda”, comenta ao Expresso um agente portuário que pediu para não ser identificado, referindo-se ao plano lançado em 2013 com o objetivo de abrir a China ao Mundo através da construção de uma malha ferroviária intercontinental a que se juntam portos, aeroportos, centrais elétricas e zonas de comércio livre.

No final do ano passado, Washington já tinha deixado uma alerta a Portugal, pedindo atenção, em termos de segurança nacional, aos investimentos estrangeiros em áreas sensíveis. A mensagem, transmitida pelo vice-secretário-adjunto do Departamento de Estado dos EUA para Finanças Internacionais e Desenvolvimento, Roland Marcellus, numa visita ao país a 18 de dezembro, 12 dias depois da passagem por Lisboa do presidente Chinês, Xi Jinping, recomendava “vigilância reforçada sempre que as empresas que adquirem sejam detidas ou controladas por um governo estrangeiro, ou afiliadas”, principalmente “quando os investidores estrangeiros beneficiam de acesso a subsídios estatais que lhe dão uma vantagem desleal face aos concorrentes comerciais, ou quando estão a agir com base em motivações estratégicas e não de natureza comercial”.

Um dos alvos claros deste aviso era a China, no meio de uma guerra comercial com os EUA, com investimentos na EDP e na REN e interesse público na nova concessão de Sines para alicerçar a malha da sua Rota da Seda.

Na altura, numa entrevista ao Expresso, Marcellus comentou diretamente a possibilidade do interesse chinês por Sines afetar os investimentos americanos no gás natural no mesmo porto, dizendo que os EUA “estão comprometidos em trabalhar com o governo português e o sector privado na promoção de acessos seguros para os aliados a fontes de energia diversificadas, seguras e a preços acessíveis”.

No entanto, já em abril deste ano, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aproveitou uma visita a Pequim para reiterar que Portugal continua aberto à China e a olhar os seus investimentos “sem preconceito nenhum”, mesmo tratando-se de infraestruturas estratégicas como o novo terminal de Sines, onde uma vitória chinesa poderá significar, também, a sua entrada na ferrovia, tendo em conta a necessidade de investimentos na ligação de comboio a Espanha. “Está tudo em aberto”, disse, então, Marcelo Rebelo de Sousa ao Expresso.

Sines, o 20º porto europeu em peso bruto de mercadorias movimentadas, tem 53,3% da carga contentorizada dos portos nacionais no primeiro semestre do ano. O novo terminal Vasco da Gama, com capacidade para movimentar entre 3 e 3,5 milhões TEU/ano, previsto na Estratégia para o Aumento da Competitividade da Rede de Portos Comerciais do Continente – Horizonte 2020, contempla um investimento de 740 milhões de euros, dividido entre privados (600 milhões) e Estado (140 milhões).

https://expresso.pt/economia/2019-09-21-Concessao-do-Porto-de-Sines-apanhada-naguerra-comercialEUAChina

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