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Tesla chinesa chega à Europa com bateria “canhão”



 Depois da Nio, a também chinesa BYD, considerada um dos maiores fabricantes de veículos eléctricos do mundo, desembarcou na Europa. Traz um SUV equipado com baterias que alegadamente resistem a tudo.


Pode até associar “Tang” a uma marca de refrescos, mas é o nome de um SUV eléctrico que anuncia 400 km de autonomia em WLTP e que entra na Europa pela mão dos chineses da BYD, um dos maiores fabricantes do mundo de veículos recarregáveis.


Depois da Nio, que recentemente chegou (com tudo) à Noruega, agora é a vez de por lá desembarcar o BYD Tang, um SUV 4×4 com sete lugares, que oferece 516 cv de potência e anuncia 0-100 km/h em 4,6 segundos. A primeira remessa foi expedida em Junho e agora foram enviadas mais 450 unidades para o país nórdico, o que permitiu à marca realçar que atingiu com este último envio um marco, ao exportar a milésima unidade. O Tang é comercializado por 599.900 coroas norueguesas, o equivalente a 59.566€, sendo que o objectivo da marca chinesa é, até ao final do ano, entregar aos clientes locais um total de 1500 unidades, apoiada por uma rede de distribuição com 43 pontos de venda nas principais cidades, que asseguram o pós-venda e a assistência ao cliente.


O objectivo de vendas pode até parecer ambicioso, dado o preço do SUV chinês e o curto período que resta até ao final do ano, mas o BYD Tang tem uma particularidade que pode jogar a seu favor: é que, a alimentá-lo, está uma bateria Blade (lâmina), tecnologia que a BYD tem vindo a desenvolver nos últimos anos e que garante acumuladores mais compactos e mais leves, pois as células são instaladas diretamente no pack de bateria sem um módulo. “A utilização do espaço da bateria é aumentada em mais de 50% face às baterias convencionais de fosfato de ferro e lítio (LiFePO4 ou LFP)”, garante a BYD.


Um pack de baterias Blade da BYD


Mas as vantagens não ficarão por aqui: segundo os chineses, estes acumuladores iniciam um novo capítulo em matéria de segurança. Isto porque, ainda de acordo com o construtor, passaram no teste da perfuração com um prego (pode vê-lo abaixo, simula um curto-circuito interno) e revelaram-se extremamente seguros em condições extremas, como quando a marca fez passar um camião de 46 toneladas sobre um pack… Mesmo depois de “esmagada, dobrada, aquecida a 300°C e sobrecarregada em 260%”, uma bateria Blade não leva ao deflagrar de um incêndio ou explosão, garante a marca cujo acrónimo abrevia “Built Your Dreams”.


São conhecidas as vantagens (e as desvantagens) das baterias LFP. Consideradas as mais seguras entre as baterias convencionais de  lítio, as baterias à base de fosfato de ferro oferecem uma estabilidade térmica e química superior, pois as células de fosfato de lítio são incombustíveis. Não ardem, nem mesmo depois de o veículo se ver envolvido numa colisão ou na sequência de um curto-circuito. Acresce que possuem um ciclo de vida maior, pelo que não surpreende que a BYD se comprometa com uma extensão da garantia até 8 anos (normalmente, são seis) ou 160 mil quilómetros.


Já as desvantagens prendem-se essencialmente com a autonomia, pois as baterias LFP não são as melhores em termos de densidade energética e isso explicará o facto de a BYD montar no Tang um acumulador com 86,4 kWh de capacidade que, no entanto, só assegura 400 km de autonomia em ciclo combinado WLTP, podendo no limite anunciar 528 km, numa utilização exclusivamente urbana. Para efeitos de comparação, com uma bateria de capacidade inferior (de apenas 75 kWh, o Tesla Model Y de sete lugares, com tracção integral e na versão Performance (480 cv), anuncia 480 km entre recargas. A BYD relativiza a questão do alcance e prefere colocar a tónica na segurança:


Quando a autonomia é o principal factor a ser considerado, esse foco é transferido para os fabricantes de baterias, levando a buscas absurdas de maior densidade energética. É devido a esse foco pouco prático que a segurança foi deixada de lado. A Blade Battery da BYD visa colocar a segurança das baterias de novo no primeiro plano”, argumenta a companhia.


Na hora de aceder à carga rápida, o Tesla Model Y pode recarregar a 250 kW, enquanto o Tang está limitado a 110 kW em corrente contínua. A BYD diz que meia hora basta para o SUV armazenar energia suficiente para alcançar 80%, mas as contas têm de ser feitas iniciando a operação com 30% da capacidade da bateria.


Simone Carvalho

https://observador.pt/2021/09/28/tesla-chinesa-chega-a-europa-com-bateria-canhao/

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