Período de contenção antecipado para dia 25. Máscara na rua, teletrabalho e testes em restaurantes no Natal
Aumento da transmissão do vírus, resultante da nova variante Ómicron, levou os especialistas a aconselharem o Governo a tomar medidas restritivas mais cedo, para evitar o cenário do último mês de janeiro
A já anunciada semana da contenção vai ser alargada e antecipada, anunciou, nesta terça-feira, António Costa, no final de um Conselho de Ministros extraordinário. Em vez de ser entre 2 e 9 de janeiro, as medidas restritivas apertam logo às 00h00 de 25 de dezembro e vigoram até 10 de janeiro. A partir deste dia, será preciso apresentar um teste negativo, para além do certificado digital, no acesso a hotéis, casamentos, batizados, eventos, espetáculos e em restaurantes (nestes últimos, só no período de Natal e da passagem de ano); as discotecas e bares terão de encerrar; haverá limitações na lotação de espaços; o teletrabalho é obrigatório (desde que possível) e regressa o uso de máscara na rua.
O Governo reuniu-se hoje de urgência depois de ter recebido sugestões do grupo de epidemiologistas que o têm apoiado, manifestando preocupação com o timing das restrições anunciadas e aconselhando o Executivo a antecipar as mesmas para tentar evitar correr atrás do prejuízo mais tarde. “Devemos prevenir para não termos de remediar mais tarde”, explicou o primeiro-ministro, durante a conferência de imprensa, a partir do Palácio da Ajuda, em Lisboa, em que pediu aos portugueses, visivelmente emocionado, para reduzirem ao máximo o número de pessoas com quem vão passar as festas e realizarem autotestes, antes de se juntarem. “À mesa da consoada não há só afetos, também pode haver vírus. Por isso, apelava às famílias que procurassem que a celebração natalícia não fosse com a família alargada. Este ainda não é um Natal normal”, continuou o chefe do Governo.
O que muda?
– Governo passa a disponibilizar seis testes gratuitos a cada pessoa por mês, em vez dos atuais quatro;
– O teletrabalho é obrigatório (sempre que possível);
– Regresso da máscara na via pública;
– As creches e ATL serão encerradas, com apoio garantido às famílias;
– Discotecas e bares também terão de fechar e poderão recorrer aos apoios de lay-off ou ao programa apoiar;
– É obrigatória a apresentação de um teste negativo para entrar num estabelecimento turístico ou alojamento local, em casamentos ou batizados, em eventos empresariais, desportivos ou culturais;
– Os estabelecimentos comerciais passam a ter uma lotação máxima de um pessoa por cada cinco metros quadrados;
Durante o Natal e o Ano Novo (dias 24 e 25; 30, 31 e 1 de jan): é obrigatório teste negativo (antigénio da farmácia ou PCR) para entrar num restaurante, num casino ou em festas de passagem de ano; estão proibidos também ajuntamentos de mais de dez pessoas na via pública, no final do ano, tal como o consumo de bebidas alcoólicas na rua.
Vacinação é a aposta mais segura
Segundo António Costa, o plano traçado há menos de um mês – que envolvia uma aposta na dose de reforço da vacina contra a Covid-19, na testagem massiva e no controlo de fronteiras – está a funcionar e o “enfoque perseguirá”. Até ao momento, já receberam a terceira dose 83,4% das pessoas com mais de 65 anos e a primeira dose 96 mil crianças (desde o fim-de-semana).
Contudo, Portugal tem visto a taxa de incidência de novos casos a disparar nas últimas três semanas por causa da nova variante ómicron, mais transmissível. Esta representa 46,9% dos novos infetados do país, de acordo com o último relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), publicado nesta terça-feira; sendo que, até ao final do ano, é esperada uma prevalência desta variante na ordem dos 90% do total dos casos.
Para além das medidas de restrição acima descritas, o primeiro-ministro insistiu que a solução é a vacinação, indicando que nas faixas etárias já inoculadas com a terceira dose (mais 80 anos e entre os 70 e os 79) se nota uma redução das infeções, dos internamentos e das mortes. “Conforme formos conseguindo vacinar as faixas etárias mais jovens vamos ter um maior controlo da pandemia. A vacinação é a ferramenta mais efetiva”.
O governante revelou ainda que está marcado um ponto da situação sobre o impacto destas medidas na pandemia para 5 de janeiro, sem se comprometer, no entanto, com um relaxamento das mesma cinco dias depois. “Isto ainda não acabou”
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