Paula viajou de Macau para Portugal. Para cá pagou 250 euros por uma noite num quarto sem janela, no regresso faz 28 dias de quarentena
Esta é a saga de uma cidadã portuguesa que vive em Macau há dez anos e precisou de vir este mês a Portugal. A agência onde comprou o bilhete de avião reservou-lhe um quarto sem janela num hotel de trânsito no aeroporto de Singapura, onde fez uma escala de 25 horas. No regresso a Macau terá de fazer 28 dias de quarentena, 21 dos quais fechada num quarto de hotel onde um robô deixará comida à porta
Se a janela castanha não fosse um painel pregado, este quarto do Aerotel, um hotel de trânsito no aeroporto de Singapura, seria semelhante a tantos outros quartos de hotel. Só que é um quarto interior porque a janela não abre
Parece uma história de ficção mas é real. "Estamos na distopia", diz Ana Paula ao Expresso. O mundo está muito diferente do que aquele que conhecemos até final de 2019/início de 2020, e a facilidade com que Ana Paula e outros portugueses residentes em Macau chegavam à Europa e ao seu país está suspensa por tempo indeterminado.
Paula não vinha a Portugal há dois anos. Planeou a viagem minuciosamente. Viajou sozinha, porque o marido não tem dias de férias suficientes para fazer a quarentena obrigatória no regresso.
Paula volta a Macau no final do mês, mas o marido não poderá vê-la logo: ela vai diretamente para o Hotel Tesouro, um estabelecimento hoteleiro "especializado para observações médicas" que está a funcionar desde o início deste mês e é "exclusivo para receber pessoas provenientes de locais de alto risco", caso de todos os passageiros provenientes da Europa.
É neste hotel que vai passar 21 dias, fechada no quarto. Depois ficará em isolamento mais uma semana, em casa.
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