Avançar para o conteúdo principal

Ministro do Ambiente admite túnel para devolver água ao Tejo


A hipótese de renegociação da Convenção de Albufeira, que regula as relações hídricas entre Portugal e Espanha, foi posta de parte NICOLAU BOTEQUILHA (ARQUIVO)


Túnel teria 50 quilómetros de comprimento, entre a barragem de Cabril, no Zêzere, e Belver, no Alentejo, e implica investimento de 100 milhões de euros. Trata-se deslocar água dentro da bacia hidrográfica e pode ser solução para “garantir caudais ecológicos” no rio Tejo.


O Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, diz que o Governo está a estudar a construção de um túnel com mais de 50 quilómetros entre a barragem do Cabril, no rio Zêzere, e Belver, no Alentejo. É uma das soluções em cima da mesa para devolver água ao rio Tejo. “É uma obra de engenharia de 100 milhões numa extensão superior a 50 quilómetros, num túnel para fazer esse transporte de água. Não é nenhum transvase, a água deixa de fazer uma hipotenusa para passar a fazer dois catetos, mas volta a chegar a Constância. É uma solução com impactos ambientais baixíssimos”, sustentou o responsável governamental, numa entrevista à TSF.


“Este túnel como um processo num concurso para a concessão será muito económico para o Estado e para garantir caudais ecológicos no Tejo”, defendeu ainda o titular da pasta do Ambiente, sobre uma solução que levou já alguns autarcas das regiões envolvidas, em declarações à mesma rádio, a lembrarem a propósito que ainda não foram divulgados os estudos para a construção da barragem do Alvito.


A promessa de construção de uma nova barragem, no rio Ocreza, destinada a garantir uma maior autonomia portuguesa na gestão dos seus recursos hídricos face a Espanha, tanto como para a assegurar uma maior sustentabilidade dos territórios da Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Beira Baixa, data de há várias décadas.


O Governo tinha prometido divulgar os estudos da obra em Abril de 2019, mas não o chegou a fazer. E esta é uma tarefa que os autarcas dos municípios banhados pelo Tejo gostariam de ver concluída antes de se pensar na construção de um túnel. “Todas estas três comunidades, a Beira Baixa, a Lezíria e o Médio Tejo, estão a aguardar os estudos da construção da barragem do Alvito, que é reivindicação destas autarquias, no fundo, banhadas pelo rio Tejo e pelo rio Zêzere”, reagiu o presidente da câmara de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire.


“O problema que se levanta é que estamos a utilizar a mesma água que a montante já está no nosso território, ou seja, não há um acrescento de reforço de água no nosso Tejo. “Não temos água disponível quer para a fauna quer para a flora”, alertou o autarca, a propósito da mesma entrevista em que João Pedro Matos Fernandes, descartou a revisão da Convenção de Albufeira — que desde 2000 regula as relações luso-espanholas no domínio dos recursos hídricos.


“Hoje existe menos 25% da disponibilidade hídrica no rio que é mais crítico, o Tejo, do que quando a Convenção de Albufeira foi assinada. Espanha gasta menos água por habitante do que Portugal, tem menos água, quem quiser ir rever a convenção faz um disparate de todo o tamanho”, sustentou o governante.


Na mesma entrevista, Matos Fernandes anunciou que o Governo vai manter o apoio que tem sido dado à compra de carros eléctricos, ao passo que os apoios aos transportes colectivos fora de Lisboa e do Porto poderão ser aumentados.


Quanto à electricidade, o ministro do Ambiente adiantou que o IVA vai ser discutido no próximo Orçamento de Estado, lembrando, porém, que aquele imposto já desceu para cerca de 85% dos contratos domésticos. “O ganho que as famílias tiveram foi muito superior ao aumento que cifra em 1,6% da luz ao longo deste ano no mercado regulado”, precisou, admitindo no entanto que “em sede de Orçamento do Estado poderá ser discutido se o plafond do consumo abaixo do qual o IVA tem taxa reduzida pode ou não ser variado”. 


Quanto à mais recente polémica em torno do encerramento da refinaria da Galp, em Matosinhos, Matos Fernandes lembrou que a petrolífera terá ainda de entregar ao Governo o plano para a descontaminação dos solos, para o que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) vai definir prazos. “É uma responsabilidade da Galp que será integralmente suportada pela empresa e tem de ocorrer com a garantia que não há nenhum ponto de fragilidade ou risco de derrame”, avisou. 


https://www.publico.pt/2021/10/02/sociedade/noticia/ministro-ambiente-admite-tunel-devolver-agua-tejo-1979663

Comentários

Notícias mais vistas:

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...