Avançar para o conteúdo principal

O horário de verão está literalmente a matar-nos

O ritual anual de trocar uma hora de luz matinal pelo brilho do fim da tarde pode parecer inofensivo, mas, a cada ano, na segunda-feira seguinte a esta troca, os hospitais norte-americanos registam um aumento de 24% de ataques cardíacos.

Será apenas uma coincidência? Provavelmente não. Os médicos também veem a tendência oposta acontecer no outono: depois de repormos o horário nos nosso relógios, há registo de menos 21% de ataques cardíacos.

A razão pela qual andar com o relógio para a frente pode-nos matar está relacionada com a interrupção dos horários de sono. A 25 de março, em vez de o relógio passar da 1h59 para as 2 horas, como é normal, passa para as 3 horas, saltando uma hora.

Os investigadores estimam que todos seremos privados de cerca de 40 minutos de sono por causa disso. “É esta a fragilidade que o nosso corpo apresenta a menos uma hora de sono”, disse o especialista em sono Matthew Walker.

Walker explicou que esta “experiência global” que fazemos duas vezes por ano é um sinal do quão sensível o nosso corpo é à mudança de horários: no outono, alterar o relógio é uma bênção, na primavera, uma maldição.

A trágica tendência de aumento do número de ataques cardíacos só dura um dia, mas os nossos corpos podem não conseguir recuperar dessa alteração durante semanas. O ser humano também se torna mais suscetível a fazer erros fatais nas estradas devido à alteração de horários.

Nos Estados Unidos, os investigadores estimam que os acidentes de carro nos EUA causados pela privação de sono na altura de mudar para o horário de verão custou a vida a 30 pessoas, durante o período de nove anos de 2002 a 2011.

“O cérebro, através de lapsos de atenção e micro-sonos, é tão sensível quanto o coração a pequenos distúrbios do sono”, explica Walker no livro “Como dormimos”.

Os problemas não acabam aí. Também há mais relatos de lesões no trabalho, quando chega a altura de trocar de horário. Há mais AVC’s e o número de tentativas de suicídio nesta época do ano aumenta também.

Por estas razões, estados como Florida e Massachusetts estão a começar a pressionar para abandonar a mudança, informa a ABC News, enquanto que o Hawai e o Arizona já o ignoram.

Na Europa, recentemente, o Parlamento europeu propôs também abandonar esta mudança, que acontece duas vezes ao ano.

A história por trás do horário de verão
O horário de verão foi originalmente inventado como uma forma de economizar energia. A medida foi implementada durante a Primeira Guerra Mundial, na Alemanha.

Pesquisas mais recentes sugerem que provavelmente esta mudança não nos poupa qualquer energia. Por outro lado, há provas de que a luz da noite pode reduzir o crime e aumentar o tempo que as pessoas passam a exercitar, pelo menos em determinados climas.

Mas há mais de metade dos países do mundo que participam neste ritual bianual de mudança de relógio, e a tradição inevitavelmente custa a vida a algumas pessoas.

Então, enquanto pode aproveitar a luz extra ao final do dia, tenha mais cuidado com o coração e com as chaves do carro.

https://zap.aeiou.pt/horario-verao-matar-194816

Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...