Avançar para o conteúdo principal

643 000 km em três anos num Tesla Model S. Zero emissões, zero problemas?

Em apenas três anos este Tesla Model S percorreu mais de 643 000 km. Números impressionantes que nos deixa curiosos quanto à fiabilidade e manutenção.

Foram 400 mil milhas ou 643 737 km em precisamente três anos, o que dá uma média superior a 200 mil quilómetros por ano (!) — são quase 600 km por dia, se andar todos os dias do ano. Como devem imaginar, a vida deste Tesla Model S não é a de um típico automóvel. É propriedade da Tesloop, uma empresa de serviços de shuttle e táxi, atuando no sul da Califórnia e no estado do Nevada, nos EUA.

Os números impressionam e a curiosidade é muita. Quanto terá custado a manutenção? E as baterias, como é que se comportaram? Os Tesla são modelos ainda relativamente recentes, pelo que não existem muitos dados sobre como “envelhecem”, ou como lidam com quilometragens mais habituais de ver em automóveis Diesel.

O carro em si, é um Tesla Model S 90D — “batizado” com o nome de eHawk —, entregue em julho de 2015 á Tesloop, e é, atualmente, o Tesla que mais quilómetros percorreu no planeta. Tem 422 cv de potência e uma autonomia oficial (de acordo com a EPA, a agência de proteção ambiental norte-americana) de 434 km.

Já transportou milhares de passageiros, e as suas deslocações foram maioritariamente de cidade em cidade — ou seja, muita autoestrada —, e segundo estima a empresa, 90% da distância total percorrida foi com o Autopilot ligado. O carregamento das baterias foi efetuado sempre nos postos de carregamento rápido da Tesla, os Supercharger, gratuitamente.

3 packs de baterias
Com tantos quilómetros em tão poucos anos, naturalmente teriam de surgir problemas, e a dúvida quando se trata dos elétricos, referem-se essencialmente à longevidade das baterias. No caso da Tesla, esta oferece uma garantia de oito anos. Uma necessária benção na vida deste Model S — o eHawk teve de trocar de baterias por duas vezes.

A primeira troca ocorreu aos 312 594 km e a segunda aos 521 498 km. Ainda dentro dos episódios considerados graves, aos 58 586 km, o motor dianteiro teve também de ser substituído.

Tesla Model S, principais eventos
Na primeira troca, a bateria original apresentava uma degradação de capacidade de apenas 6%, enquanto na segunda troca esse valor subia até os 22%. O eHawk, com o elevado número de quilómetros percorridos diariamente, recorria aos Supercharger múltiplas vezes por dia carregando as baterias até aos 95-100% — ambas as situações nada recomendadas pela Tesla para a manter a boa saúde da bateria. Esta recomenda carregar a bateria apenas até aos 90-95% com o sistema de carregamento rápido, e haver períodos de descanso entre carregamentos.

Mesmo assim, a primeira troca poderia ter sido evitada — ou pelo menos adiada —, já que três meses após a troca, houve uma atualização do firmware, que focava sobre o software relativo ao estimador de autonomia — este fornecia dados imprecisos, com a Tesla a descobrir problemas com a química da bateria que eram incorretamente calculados pelo software. A marca norte-americana jogou pelo seguro e efetuou a troca, para evitar males maiores.

Na segunda troca, ocorrida em janeiro deste ano, teve como início um problema de comunicação entre a “chave” e o veículo, aparentemente não relacionado com o pack de baterias. Mas após um teste de diagnóstico por parte da Tesla, verificou-se que o pack de baterias não estava a funcionar como devia — o que pode justificar os 22% de degradação verificados — tendo-o substituído por outro permanente de 90 kWh.


Custos
Não tivesse ao abrigo da garantia, e os custos de manutenção e reparação seriam bastante superiores aos 18 946 dólares verificados (um pouco mais do que 16 232 euros) durante os três anos. Este valor divide-se em 6724 dólares para reparações e 12 222 dólares para a manutenção programada. Ou seja, o custo é de apenas 0,047 dólares por milha ou, convertendo, apenas 0,024 €/km — sim, não leram mal, menos de dois cêntimos e meio por quilómetro.

RELACIONADO: O Tesla Model 3 “é como uma sinfonia de engenharia”… e lucrativo
Este Tesla Model S 90D tem a vantagem de não pagar pela eletricidade que consome — os carregamentos gratuitos são vitalícios —, mas a Tesloop calculou à mesma o custo hipotético de “combustível”, ou seja, eletricidade. Caso tivesse de a pagar, teria de adicionar 41 600 dólares (35 643 euros) às despesas, ao preço de 0,22 €/kW, o que aumentaria o custo de 0,024 €/km para os 0,08 €/km.

Tesla Model S, 643 mil quilómetros, bancos traseirosAnterior (Tecla de seta para a esquerda)Seguinte (Tecla de seta para a direita)
A Tesloop optou pelos bancos executivos, e apesar dos milhares de passageiros, ainda apresentam-se em excelente condição
A Tesloop faz ainda a comparação destes valores com outro dos veículos que possui, um Tesla Model X 90D, onde o custo aumenta para 0,087 €/km; e faz uma estimativa de qual seria esse custo com veículos com motores de combustão, usados em serviços semelhantes: o Lincoln Town Car (uma berlina de grandes dimensões, como o Model S), com um custo de 0,118 €/km, e o Mercedes-Benz GLS (o maior SUV da marca) com um custo de 0,13 €/km; o que coloca os dois elétricos em clara vantagem.

De referir ainda que o Tesla Model X 90D, apelidado de Rex, também ele apresenta números de respeito. Em quase dois anos já percorreu aproximadamente 483 mil quilómetros, e ao contrário do Model S 90D eHawk, ainda tem o pack de baterias original, registando 10% de degradação.

Quanto ao eHawk, a Tesloop afirma que este ainda pode percorrer mais 965 000 km nos próximos cinco anos, até a garantia expirar.

https://www.razaoautomovel.com/2018/07/tesla-model-s-643-000-km

Todos os custos:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1HqBIOtNsYPalG51nAw_nubgskv4TQPGx8WhPZO4a_U8/htmlview?sle=true#

Comentários

Notícias mais vistas:

Putin está "preocupado" com uma eventual Terceira Guerra Mundial mas avisa: "Toda a Ucrânia é nossa"

 "Russos e ucranianos são um só", entende o presidente da Rússia, que não procura uma capitulação total da Ucrânia, embora tenha um objetivo concreto em mente A Ucrânia faz parte da Rússia porque ucranianos e russos são uma e a mesma coisa. Este é o entendimento do presidente russo, Vladimir Putin, que não teve problemas em afirmá-lo esta sexta-feira. A partir do Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, Vladimir Putin garantiu que não procura uma capitulação da Ucrânia, ainda que pretenda que Kiev reconheça a realidade da situação no terreno. “Não procuramos a capitulação da Ucrânia. Insistimos no reconhecimento da realidade que se desenvolveu no terreno”, acrescentou, sem concretizar totalmente o que isso significa. Mas já depois disso, e na confirmação de que pensa numa espécie de reedição da União Soviética, Vladimir Putin afirmou: “Russos e ucranianos são um só povo. Nesse sentido, toda a Ucrânia é nossa”. Apesar disso, e quase que numa aparente contradição, o pr...

Como resistir ao calor: transforme a sua ventoinha simples num ar condicionado

 As ventoinhas, por si só, muitas vezes limitam-se a fazer circular o ar quente. Mas existe um truque engenhoso para torná-las mais eficazes Em dias de calor muito intenso, e para quem não tem ar condicionado em casa, suportar as elevadas temperaturas pode ser um verdadeiro desafio. No entanto, se tiver uma ventoinha por perto, há um truque simples que pode fazer toda a diferença na hora de refrescar o ambiente. As ventoinhas, por si só, têm muitas vezes dificuldade em baixar efetivamente a temperatura, limitando-se a fazer circular o ar quente. Mas existe uma maneira engenhosa de torná-las mais eficazes a refrescar o espaço. A página de TikTok @top_dicas_  partilhou um método simples para transformar uma ventoinha num verdadeiro ar condicionado caseiro. O processo é acessível e não exige ferramentas. Vai precisar apenas de uma ventoinha, duas garrafas de plástico, dois tubos de plástico, uma caixa térmica de esferovite, gelo, fita-cola e abraçadeiras. Comece por cortar a part...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...