Avançar para o conteúdo principal

Blockchain chega ao mercado do luxo. É arma no combate à contrafação

A empresa Arianee vai usar a blockchain para registar os principais marcos na vida dos artigos de luxo. Quer angariar 40 milhões de euros numa ICO e ser o protocolo padrão no mercado.
Ablockchain está a ganhar cada vez mais adeptos numa altura em que as criptomoedas já tiveram melhores dias. Com o tempo, a tecnologia é aplicada em novos setores, com a promessa de resolver problemas bem conhecidos da indústria. Um deles é o dos artigos de luxo, onde o registo inviolável que serve de base à moeda virtual bitcoin também pode ser usado como uma arma para travar a contrafação.

A empresa Arianee é uma das que viu potencial na blockchain e está a criar um protocolo universal para registar o percurso dos artigos de luxo desde a fábrica até às mãos do cliente. A ideia surgiu em 2016 e começou a ganhar forma no ano passado. Com recurso a um milhão de euros, desembolsados pela equipa fundadora, foi possível desenvolver o protótipo desta plataforma que a empresa garante já estar a funcionar.

O funcionamento, esse, é simples. Quando compra um item de uma marca de luxo, como por exemplo um relógio, a caixa traz um QR Code. Usando a aplicação Arianee, é possível fazer scan desse código e obter o certificado digital de propriedade. O certificado serve de garantia de que é mesmo o proprietário desse artigo e isso fica registado na blockchain.

Como a blockchain é inviolável, todos os marcos chave na vida útil do seu relógio vão ficar guardados e registados. Ou seja, poderá consultar na blockchain o momento do fabrico do relógio, o momento em que o comprou e se tornou proprietário, as reparações que foram feitas e mesmo as alterações de propriedade. É que, caso venda o seu relógio de luxo a outra pessoa, esta será capaz de ver na blockchain todas as vezes que o relógio foi reparado na fábrica, entre outras informações. O registo de propriedade, garante a empresa, é anónimo.

Ao mesmo tempo, a plataforma permite às marcas de luxo entrarem em contacto com os proprietários dos seus artigos. “É um novo canal de comunicação”, aponta Christian Jorge ao ECO, um francês com pais portugueses, que diz já ter visitado a portuguesa Farfetch noutros tempos, e é um dos cofundadores do projeto Arianee. Atualmente, tem o cargo de diretor de operações da companhia.

“O que as marcas gostam mais é a parte do marketing”
Como é que o Arianee vai gerar receitas? Christian Jorge explica que “as marcas vão pagar” sempre que for emitido um certificado, e “uma só vez” por artigo. Por outras palavras, pagam quando inserem novos itens na blockchain e quando a usam para comunicar com o proprietário do mesmo. “É bom para a comunicação da marca. Tudo vai ser open source“, indica Christian Jorge. “O que as marcas gostam mais no Arianee é a parte de marketing”, assume também, recordando que estas companhias “não pensam a dois ou três anos”. “Pensam a cem”, atira.

Nesta altura, decorre a fase de angariação de capital. A empresa quer obter até 40 milhões de euros de financiamento e está a realizar uma operação de ICO, ou initial coin offering. É o processo que faz nascer uma nova moeda virtual, embora a venda destes tokens esteja, para já, fechada a investidores privados. Christian Jorge escusa-se a revelar os nomes de quem está a participar nesta operação, mas a empresa garante que já tem o apoio do BlockwaterCapital, um fundo sul-coreano que se dedica a investir em empresas que estejam a trabalhar com a blockchain.

“Posso dizer é que está a correr bem. Estamos a aguardar”, sublinha Christian Jorge. “Queremos ter uma comunidade larga, nos países asiáticos e médio oriente. Não queremos ser apenas um projeto francês. Queremos ter pessoas em todo o mundo para mostrar às marcas de luxo que temos pessoas a pensar no projeto em vários sítios”, diz o cofundador do Arianee.

O objetivo é ter uma plataforma que funcione em todo o mundo e que seja adotada pela maioria das marcas de luxo. Nesta primeira fase, não terá uma equipa sedeada em Portugal, mas a hipótese não está totalmente posta de parte: “Um dia gostava muito de meter operações em Portugal. Mas não sei se o Arianee vai fazer isso”, desabafa o diretor de operações. Lá para outubro deverão ser realizados os primeiros testes com a plataforma e, em breve, a ronda de financiamento deverá ser aberta ao público.

Não há dúvidas de que assentar um projeto em blockchain e numa ICO é um risco, mas o Arianee tem boas perspetivas. Na equipa, conta com ex-trabalhadores e conselheiros de marcas como a Tiffany’s, Omega, Balenciaga e grupo Richemont.

https://eco.pt/2018/07/15/blockchain-chega-ao-mercado-do-luxo-e-arma-no-combate-a-contrafacao/

Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

Movimentos antiocupas já estão em Portugal e autoridades tentam identificar membros

 Investigação surge depois de há uma semana e meia, a TVI ter revelado que estes movimentos, já conhecidos em Espanha, tinham chegado a Portugal As autoridades portuguesas estão a tentar identificar as pessoas envolvidas em empresas e movimentos antiocupas, grupos que se dedicam a expulsar quem ocupa ilegalmente uma casa ou um imóvel. A investigação surge depois de há uma semana e meia a TVI ter revelado que estes movimentos, já conhecidos em Espanha, tinham chegado a Portugal. Os grupos antiocupas têm-se multiplicado no nosso país, sendo que uns vêm de Espanha, outros nasceram em Portugal e todos com o mesmo princípio: devolver casas a quem é o legítimo proprietário. Os grupos que tentam devolver as casas são conhecidos pelo uso da força, mas o grupo com quem a TVI falou diz ser diferente. Solicitações não têm faltado, já que têm sido muitas as casas ocupadas de forma ilegal, em todo o país. Os grupos, que surgem como falta de resposta da lei, garantem que atuam de forma legal, ma...

Aeroporto: há novidades

 Nenhuma conclusão substitui o estudo que o Governo mandou fazer sobre a melhor localização para o aeroporto de Lisboa. Mas há novas pistas, fruto do debate promovido pelo Conselho Económico e Social e o Público. No quadro abaixo ficam alguns dos pontos fortes e fracos de cada projeto apresentados na terça-feira. As premissas da análise são estas: IMPACTO NO AMBIENTE: não há tema mais crítico para a construção de um aeroporto em qualquer ponto do mundo. Olhando para as seis hipóteses em análise, talvez apenas Alverca (que já tem uma pista, numa área menos crítica do estuário) ou Santarém (numa zona menos sensível) escapem. Alcochete e Montijo são indubitavelmente as piores pelas consequências ecológicas em redor. Manter a Portela tem um impacto pesado sobre os habitantes da capital - daí as dúvidas sobre se se deve diminuir a operação, ou pura e simplesmente acabar. Nem o presidente da Câmara, Carlos Moedas, consegue dizer qual escolhe... CUSTO DE INVESTIMENTO: a grande novidade ve...