Platão acreditava que o Universo era composto por cinco tipos de matéria: terra, ar, fogo, água e o cosmos. Cada um foi descrito com uma geometria específica, uma forma platónica, sendo que a terra foi descrita em forma de cubo.
Recentemente, uma equipa de cientistas da Universidade da Pensilvânia, da Universidade de Tecnologia e Economia de Budapeste e da Universidade de Debrecen usou a matemática, a geologia e a física para demonstrar que Platão tinha razão: na Terra, a forma média das rochas é um cubo.
“A conceção de Platão de que o elemento terra é feito de cubos representa, literalmente, o modelo estatístico médio para a terra real. E isso é incompreensível”, comentou Douglas Jerolmack, geofísico da universidade norte-americana, citado pelo Phys.
Gábor Domokos começou por levar a cabo um modelo matemático que previa que as rochas naturais se fragmentam em formas cúbicas. “Se cortarmos em duas partes, e aleatoriamente, uma forma poliédrica tridimensional, e a cortarmos repetidamente de seguida, ela obterá várias formas poliédricas diferentes. Mas, num sentido médio, a forma resultante dos fragmentos é um cubo”, explicou.
O modelo do especialista atraiu dois físicos húngaros: Ferenc Kun, especialista em fragmentação, e János Török, especialista em modelos estatísticos e computacionais. Depois de discutir o potencial da descoberta, Douglas Jerolmack analisou as questões geofísicas inerentes, ou seja, o motivo pelo qual “a natureza permite que isto aconteça”.
Os cientistas queriam saber que formas são criadas quando as rochas são quebradas em pedaços. Surpreendentemente, descobriram que esta conjetura matemática se aplica a processos geológicos não apenas na Terra, como também ao redor do Sistema Solar.
Parte da explicação reside no facto de os componentes de um objeto quebrado se encaixarem sem qualquer folga. Como resultado, a única das chamadas formas platónicas (poliedros com lados de igual comprimento) que se encaixam sem espaços são os cubos.
“Platão era muito sensível à geometria”, justificou Domokos. Aliás, segundo a tradição, a frase “que ninguém que desconheça a geometria entre” estava gravada na porta da Academia de Platão. “As suas ideias, apoiadas no seu extenso pensamento sobre ciência, podem ter levado a esta teoria sobre os cubos.”
Para testar a teoria, os cientistas mediram uma grande variedade de rochas: algumas que se desgastaram naturalmente e outras quebradas por seres humanos.
“O mundo é um lugar confuso”, disse Jerolmack, adiantando que 90% das vezes em que uma pedra é cortada como resultado de forças conjuntas o resultado são fragmentos que assumem formas cúbicas. O artigo científico com as descobertas foi publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.
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