Sapatilhas que se transformam em botas quando chove? Se depender da impressão 4D é uma questão de tempo – literalmente
A luta contra a Covid-19 voltou a colocar em evidência o potencial da impressão 3D, mas em vários laboratórios de investigação, como o Self Assembly Lab do MIT, há muito que se trabalha na próxima etapa evolutiva da tecnologia de adição de materiais. Tal como o nome indica, a impressão 4D tem uma dimensão (D) a mais do que a impressão 3D, que é o tempo. Dito por outras palavras, considera-se como impressão 4D todas as impressões tridimensionais que têm capacidade para se transformar no tempo, tal como assumir uma forma além daquela na qual foi impressa.
Isto é possível graças às propriedades de materiais como polímeros e hidrogéis, conhecidos como materiais inteligentes (smart materials), que têm as propriedades alteradas quando submetidos a estímulos, como alterações de temperatura, exposição à luz ou contacto com materiais que lhe provocam reações. Um elemento importante no conceito de impressão 4D é que a estrutura consegue mudar de forma sozinha, sem necessidade de intervenção humana.
Também estão a ser investigados materiais que mudam de cor e de tamanho. Bastien Rapp, um dos principais investigadores de impressão 4D, compara esta tecnologia à capacidade de programar um software: o material utilizado na impressão tem um ‘código’ integrado na sua génese (propriedades físicas) que é executado quando alguém carrega no Enter (estímulo externo). Atualmente já existem polímeros com memória de formato, que se transformam e voltam à forma inicial ao fim de algum tempo, e elastómeros de cristais líquidos, cuja forma muda mediante o calor.
Graças a estes comportamentos, as impressões 4D assumem movimentos robóticos, mas sem a necessidade de mecanismos elétricos. Apesar de estar ainda numa fase inicial de investigação, a impressão 4D tem potencial para transformar várias indústrias, da construção à moda – com edifícios e roupas a adaptarem-se às condições meteorológicas –, e também na área da saúde, através de equipamentos que adaptam-se à evolução do corpo. A consultora Gartner estima que só em 2023 é que o mercado da impressão 4D dê o salto: vão ser investidos €275 milhões na tecnologia.
É importante porque
Além do potencial para transformar muitas indústrias tal como as conhecemos, a impressão 4D vai ajudar a criar produtos que se adaptam às condições do mundo externo e novas categorias de equipamentos, como a chamada robótica suave que não necessita de componentes elétricos
“Compreender o futuro” é uma parceria entre a Exame Informática e a Huawei que promove a explicação de novos conceitos da Tecnologia
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