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Areias verdes podem capturar milhões de toneladas de dióxido de carbono


The green sand beach “Papakolea” in Hawaii, one of 4 green beach in the world. The source of green sand was from the weathering of Tholeiite basalt.

Investigadores acreditam que há rochas que podem capturar dióxido de carbono e ajudar no combate às alterações climáticas, com alguns testes marcados para os próximos tempos

Os cientistas do Projeto Vesta identificaram uma ilha nas Caraíbas que reúne as condições ideias para uma fase da investigação que procura descobrir como a areia verde pode ser usada para capturar dióxido de carbono e ajudar a combater as alterações climáticas. Os investigadores vão colocar uma matéria vulcânica verde chamada olivina, em formato de areia, na praia e esperar que as ondas ajudem a modelar o material reativo e acelerem uma série de reações químicas que ‘puxam’ os gases de estufa da atmosfera e os colocam dentro das cascas e esqueletos de moluscos e corais.

Uma análise da National Academies revelada no ano passado avançava que este tipo de método tem o potencial para guardar biliões de toneladas de dióxido e que tem duas vantagens: baixo custo e ser uma solução efetivamente permanente. Os dados do Projeto Vesta mostram um custo de dez dólares, cerca de nove euros ao câmbio atual, por tonelada de carbono armazenada, quando o modelo for colocado em grande escala, noticia a publicação MIT Technology Review.

Para já, os investigadores vão focar-se em perceber quanto tempo é que as ondas vão precisar para desencadear as reações necessárias e como é que se mede quanto carbono está a ser removido e a eficiência do armazenamento. Depois, será preciso analisar a quantidade de areias que sejam necessárias e ver quem é que poderá pagar pela moagem, transporte e distribuição do material nas praias identificadas.

À escala de tempo geológica, este já é um processo que a Natureza tem em curso para se ‘livrar’ dos gases poluentes: o dióxido de carbono capturado na água da chuva, sob a forma de ácido carbónico, dissolve rochas e minerais, especialmente os que são ricos em silicato, cálcio e magnésio, como a olivina. Daí, são produzidos bicarbonatos, iões de cálcio e outros compostos que chegam aos oceanos e se convertem em conchas e esqueletos de moluscos e corais.

O mecanismo atual natural consegue limpar 500 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Tendo em conta que a sociedade atual produz 35 mil milhões de toneladas por ano, é imperativo encontrar uma forma para acelerar e exponenciar o crescimento da solução.

O Projeto Vesta vai custar cerca de um milhão de dólares e estão a ser recolhidas as autorizações para correr o projeto em duas praias das Caraíbas. Uma ficará com a areia verde e outra servirá de controlo. Uma investigação teórica preliminar concluiu que realizar este processo em 2% das praias com as condições ideais poderia ajudar a eliminar a maior parte das emissões. A manipulação artificial da matéria, a olivina, e o seu transporte é que acabaria por gerar um volume ainda por quantificar de emissões poluentes, pelo que será necessário avaliar se esta pode, de facto, ser uma solução que ajude no combate às alterações climáticas.


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