Avançar para o conteúdo principal

VW quer vender eléctricos, mas os concessionários não


A Volkswagen é o construtor tradicional que mais fortemente tem investido nos veículos eléctricos. Mas, apesar de todos os esforços e investimentos, a rede de concessionários não parece interessada.


 A notícia caiu como uma bomba na Alemanha, país em que um estudo realizado pela Greenpeace demonstrou que, apesar do esforço da Volkswagen em produzir veículos eléctricos, a sua rede de concessionários local não parece interessada em vendê-los. Este desinteresse é tão mais estranho – e vai certamente ser alvo de grandes e animadas discussões internas – quanto este fabricante alemão, bem como o grupo que domina, foi quem mais fortemente investiu nesta tecnologia, modificando fábricas e produzindo (várias) plataformas específicas para optimizar os automóveis animados por bateria.


Pretendendo determinar se os potenciais clientes eram ou não bem aconselhados para as vantagens e inconvenientes dos veículos eléctricos, o Greenpeace realizou uma extensa sessão de mystery shopping nos concessionários da VW na Alemanha, preparados para a venda do ID.3. O batalhão de 50 compradores mistério visitou concessões da marca, com metade a assumir-se perante o vendedor na dúvida entre adquirir o Golf com motor a combustão ou o ID.3 a bateria, e a outra metade a não avançar com qualquer referência às suas preferências. Isto deixaria ao vendedor a tarefa de realçar vantagens e inconvenientes de um e outro tipo de veículo, aconselhando qual o melhor para as necessidades do cliente. Sendo que o perfil dos 50 indivíduos que realizaram o estudo de mercado foi traçado de modo a estar alinhado com o que a própria VW define como um bom candidato a proprietário de um veículo eléctrico.


Segundo os resultados apurados, no primeiro grupo de 25 “compradores”, os concessionários apenas recomendaram o ID.3 a sete dos potenciais clientes. No segundo grupo, o ID.3 terá sido aconselhado a apenas um.


O estudo revelou ainda que os 50 potenciais clientes colocaram nas concessões uma série de questões, destinadas a medir o grau de conhecimento dos vendedores. Disponibilidade de postos de carga, sobrecarga da rede, perigo de incêndio, possibilidade de recarregar em casa e o significado de neutralidade climática foram os temas sobre os quais incidiam as perguntas, a que os vendedores responderam erradamente, ou não sabiam, em 48% dos casos. Não contentes com este desempenho, os concessionários voluntariaram ainda mitos e teorias da conspiração a propósito dos veículos eléctricos, para desencorajar a sua aquisição.


Confrontada com este resultado surpreendente, pela negativa, a rede de concessionários respondeu de forma curiosa. Aponta o dedo à própria VW, afirmando que a falta de conhecimentos sobre o produto se fica a dever à má preparação que o construtor lhes proporcionou sobre o ID.3. Em reacção a esta acusação, a marca recorda que investiu um valor na casa dos 7 dígitos na formação da força de vendas, ou seja, entre 1 e 9 milhões de euros, admitindo contudo que, face à performance da rede, o resultado ficou aquém das expectativas.


https://observador.pt/2020/12/20/vw-quer-vender-electricos-mas-os-concessionarios-nao/

Comentários

Notícias mais vistas:

Constância e Caima

  Fomos visitar Luís Vaz de Camões a Constância, ver a foz do Zêzere, e descobrimos que do outro lado do arvoredo estava escondida a Caima, Indústria de Celulose. https://www.youtube.com/watch?v=w4L07iwnI0M&list=PL7htBtEOa_bqy09z5TK-EW_D447F0qH1L&index=16

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...

TAP: quo vadis?

 É um erro estratégico abismal decidir subvencionar uma vez mais a TAP e afirmar que essa é a única solução para garantir a conectividade e o emprego na aviação, hotelaria e turismo no país. É mentira! Nos últimos 20 anos assistiu-se à falência de inúmeras companhias aéreas. 11 de Setembro, SARS, preço do petróleo, crise financeira, guerras e concorrência das companhias de baixo custo, entre tantos outros fatores externos, serviram de pano de fundo para algo que faz parte das vicissitudes de qualquer empresa: má gestão e falta de liquidez para enfrentar a mudança. Concentremo-nos em três casos europeus recentes de companhias ditas “de bandeira” que fecharam as portas e no que, de facto, aconteceu. Poucos meses após a falência da Swissair, em 2001, constatou-se um fenómeno curioso: um número elevado de salões de beleza (manicure, pedicure, cabeleireiros) abriram igualmente falência. A razão é simples, mas só mais tarde seria compreendida: muitos desses salões sustentavam-se das assi...