Apesar das diferentes configurações que encontramos nos telefones atuais no que diz respeito a lentes de câmaras fotográficas, esta é uma tecnologia que praticamente não mudou nos últimos dez anos. Há uma nova abordagem que promete agitar as águas
Desde o iPhone com câmara traseira de 2 MP em 2007 até ao Galaxy S21 Ultra dos dias de hoje, é possível encontrar várias configurações possíveis no que toca a sistemas de captura de imagem, com câmaras de selfie e traseiras com múltiplas lentes. Apesar do aumento do tamanho dos sensores e do número de megapixéis, bem como do desenvolvimento do software de fotografia, as lentes que são usadas hoje mantêm os fundamentos que se registavam há dez anos. Agora, a Metalenz quer agitar as águas com uma lente que usa metassuperfícies óticas para produzir uma imagem com melhor qualidade, recolher mais luz e que permite novos formatos, ao mesmo tempo que ocupa menos espaço.
As soluções atuais são compostas por várias lentes que combinam elementos em camada. No caso do iPhone 12 Pro, por exemplo, há sete elementos de lente encontrados nas três câmaras traseiras do telefone. Oliver Schindelbeck, da Zeiss, explica que “a ótica atualmente encontrada nos smartphones é composta de quatro a sete elementos (…) Se tivermos só um elemento de lente, só pela Física, vamos encontrar aberrações como distorção ou dispersão na imagem”. Os elementos vão sendo adicionados como forma de compensar estas irregularidades e reproduzir imagens o mais fiéis possíveis à realidade e, apesar de haver um esforço para tornar a ótica mais sofisticada “não houve qualquer revolução nos últimos 10 anos neste campo”, afirma este especialista, citado pelo ArsTechnica.
A abordagem da Metalenz passa pela utilização de uma lente única construída em vidro e que mede entre 1×1 ou 3×3 milímetros, em vez de elementos de plástico e vidro colocados em camadas. As nanoestruturas que compõem este vidro medem um milésimo da espessura de um fio de cabelo são capazes de manipular os raios de luz de forma a corrigir muitas das falhas que vemos em sistemas de lente única. A tecnologia demorou mais de dez anos a investigar e aprimorar e a empresa surgiu em 2017. A luz passa por estas nanoestruturas, que parecem milhões de círculos com diferentes diâmetros ao nível microscópico. A imagem resultante apresenta uma qualidade semelhante à que encontraríamos em sistemas multi-lente, com ganhos então no espaço ocupado, mas também na quantidade de luz que chega ao sensor, sendo permitidas imagens mais brilhantes e definidas do que se consegue com sistemas tradicionais. A produção destes componentes pode ser feita nas fábricas de chips, já havendo acordos com dois dos líderes de semicondutores que garantem a produção de um milhão de chips Metalenz por dia.
Estes novos componentes vão começar a ser produzidos ainda este ano e a primeira aplicação vai ser para um sensor 3D de um smartphone cujo nome não foi ainda revelado. A empresa quer ainda servir outras indústrias como a dos headsets de realidade virtual ou realidade aumentada e as câmaras nos automóveis.
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