Vítor Cardoso é presidente do Departamento de Física do IST
Bolsa da Villum Fonden permitirá a Vítor Cardoso criar um grupo de investigação na área de gravitação no Instituto Niels Bohr
De entre 72 candidatos da elite mundial da ciência, a fundação dinamarquesa Villum Fonden escolheu apoiar dez com bolsas de investigação. Uma delas, no valor de 5,3 milhões de euros, veio para o professor do Técnico e investigador no CENTRA, Vítor Cardoso. No comunicado emitido pela organização nórdica, o juri realça o trabalho do cientista português, por este ter criado “um grupo de renome mundial em Portugal.” E a expectativa agora é de que com este financiamento Vítor Cardoso possa dar “um forte impulso para que o Instituto Niels Bohr se torne um local central para a física gravitacional na Europa”, inspirando e orientando jovens alunos a estudar na Dinamarca, tal como o professor e presidente do Departamento de Física já faz na universidade portuguesa.
Dedicado ao estudo das ondas gravitacionais e dos buracos negros, o professor nascido em 1975 tem já um longo currículo na Ciência que pode ser avaliado tanto pelas publicações científicas – mais de 220 artigos – como pelos financiamentos internacionais conquistadas, como é o caso das já famosas bolsas do Conselho Europeu de Investigação (ERC), de que recebeu duas, ou do CERN. “Este projeto é equivalente a mais do que duas ERCs, num instituto de referência, o Instituto Niels Bohr, onde a Mecânica Quântica se fez adulta”, evidencia. “O projeto e aposta são importantes para gravitação pois permitem captar o melhor talento internacional para esta área extremamente ativa e com um potencial de descoberta enorme.” Tudo com liberdade total. “O projeto Villum dá liberdade completa e exige apenas fazermos o melhor e atrairmos os melhores que estão à nossa volta”, sublinha.
Vítor Cardoso irá manter-se entre Portugal e a Dinamarca, explica à Exame Informática. “Vou manter os laços com o Instituto Superior Técnico e criar um grupo no Instituto Niels Bohr. É um sinal claro, e bonito também, que as fronteiras da ciência não obedecem nem nunca obedeceram às fronteiras geográficas.”
O montante servirá para montar um grupo de raíz, em particular para comprar um cluster de computadores, e equipamento para todos os investigadores. Servirá também para contratar professores, investigadores e alunos de doutoramento.
Seguindo a linha do trabalho que tem desenvolvido ao longo dos últimos anos, a bolsa agora atribuída permitirá investigar buracos negros que, segundo o especialista, escondem ainda os maiores mistérios da Física. “Sabemos isso há décadas. O que aconteceu nos últimos anos é que passámos a ter telescópios com capacidade para começarmos a ‘ver’ (quer com luz quer com ondas electromagnéticas) a região próxima de alguns buracos negros do universo. Portanto, estamos numa conjuntura óptima para repensar a ciência dos buracos negros. É uma era extraordinária para a Física!”, entusiasma-se.
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