Avançar para o conteúdo principal

Governo quer o regresso do Lusitânia Comboio Hotel e do Sud Express, apesar dos prejuízos, pago pelo contribuinte.

 Pedro Nuno Santos assume divergência com o país vizinho sobre o regresso do Lusitânia Comboio Hotel e do Sud Express, que impede retoma da ligação noturna ferroviária.


Ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, na apresentação do Plano Ferroviário Nacional, em abril de 2021. © Rodrigo Antunes/Lusa


O regresso do comboio internacional noturno de Portugal para Espanha exige acordo entre os dois países. O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, admitiu esta segunda-feira que há uma divergência entre os governos de Lisboa e de Madrid sobre esta ligação ferroviária, que está suspensa desde março de 2020.


"Temos uma relação boa com o Governo espanhol mas nem sempre os interesses são coincidentes. Quando os interesses não são coincidentes exigem mais trabalho. O comboio internacional exige um acordo entre as duas partes. Não vamos financiar a parte deficitária da parte de Espanha. Para que a operação tenha sentido a Renfe [congénere espanhola da CP] tem de estar no processo", referiu o ministro à margem da sessão de lançamento do Plano Ferroviário Nacional, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa.


As declarações de Pedro Nuno Santos mostram que a falta de um comboio internacional de Portugal para Espanha já não é um mero problema entre transportadoras ferroviárias e encontra-se ao nível político. Em causa estão os comboios Lusitânia (para Madrid, Espanha) e o Sud Express (para Hendaye, em França).


Do lado espanhol, no entanto, não há sinais de abertura. Em março, uma representante do ministério espanhol dos Transportes que o país poderá deixar de ter comboios noturnos mesmo depois do fim da pandemia do coronavírus.


A culpa é da qualidade da rede de alta velocidade espanhola, segundo as declarações citadas pela agência Europa Press. "Se entre Madrid e Barcelona ou Sevilha o trajeto é de duas horas e meia, não é razoável pensar que os comboios noturnos possam ser competitivos ou atrativos para os utentes", referiu a secretária-geral dos Transportes e Mobilidade, María José Rallo, durante uma comissão da câmara baixa do Parlamento espanhol.


Nos últimos anos, a Renfe registava prejuízos anuais de 25 milhões de euros com os comboios noturnos. Além das duas rotas operadas em conjunto com a CP, a empresa espanhola tinha quatro rotas domésticas (Barcelona-Corunha; Barcelona-Vigo; Madrid-Vigo; e Madrid-Ferrol).


O Sud Expresso seguia em conjunto com o Lustiânia Comboio Hotel até Medina del Campo, já em Espanha. No Sud, a CP alugava as carruagens à fabricante Talgo e tinha perdas anuais de três milhões de euros. O Lusitânia era explorado, em conjunto, pela CP e pela Renfe e gerava prejuízos anuais de dois milhões de euros.


No Ano Europeu do Transporte Ferroviária e com a presidência do Conselho da União Europeia até ao final de junho, Portugal é um dos poucos países europeus sem ligações ferroviárias internacionais noturnas.


Por Diogo Ferreira Nunes em:

https://www.dinheirovivo.pt/empresas/regresso-do-comboio-internacional-exige-acordo-entre-portugal-e-espanha-13587753.html

Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...