Avançar para o conteúdo principal

Auchan distribui 17,7 milhões de lucros aos trabalhadores


 Valor recorde surge após um ano em que as vendas do retalho alimentar subiram 8%, apesar da pandemia. Colaboradores vão receber uma fatia dos lucros


A Auchan Retail vai distribuir 17,7 milhões de euros pelos colaboradores. "Um valor recorde de distribuição de lucros pelos nossos colaboradores, o equivalente a 2,45 salários por colaborador", destaca Jorge Filipe, diretor de recursos humanos. O montante, relativo aos lucros de 2020, representa uma subida de 41,6% face ao entregue pelo retalhista no ano anterior, abrangendo 96% dos 8859 colaboradores. A grande parte deste valor foi recebida em dinheiro, em fevereiro, com 20% a ser pago em maio, em ações da empresa. Em sete anos, a Auchan já distribuiu mais de 100 milhões.


"Associar os colaboradores ao funcionamento da empresa, contribui para o desenvolvimento de todos. Reforça os laços e o sentimento de pertença entre os colaboradores e a empresa, permite que aqueles que ajudaram a construir os resultados possam beneficiar da valorização da empresa, e ainda incentiva cada um a construir um património", justifica Jorge Filipe. "Graças ao envolvimento e à participação de todos, entre 2013 e 2020, já distribuímos mais 100 milhões de euros, o que corresponde, em média, a mais dois salários por ano e por colaborador."


Uma subida anual de mais de 40% no valor dos lucros entregues, relativos a 2020, ano em que o retalho alimentar em Portugal - o único a manter as portas abertas, embora com limitações de horário e de número de pessoas em loja - registou uma subida de 8,1% das vendas, para 15,6 mil milhões de euros, segundo o Barómetro de Vendas da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).


Trabalhadores acionistas

Dos cerca de 9 mil trabalhadores Auchan, 90% são acionistas. Em cada loja ou serviços de apoio há "representantes dos acionistas, colaboradores que são eleitos por um período de dois anos, que além de participarem em reuniões regulares de informação dos resultados da empresa, têm o dever de informar e animar os seus colegas acionistas". E há partilha regular de informação. "Os objetivos e a estratégia definidos pela empresa são partilhados com todos. Existe uma transparência total com a apresentação de todos os resultados de forma periódica, materializada ainda pelo conceito de Salas Obeya em todas lojas e Sede Auchan, onde o caminho, estratégia e objetivos da empresa estão ao alcance de todos e, portanto, alinhados com os objetivos individuais."


Em maio de 2019, os colaboradores compraram 1,6 milhões de ações. Neste ano, até 23 de abril, podem vir a reforçar a sua posição. Com um objetivo: "A nossa intenção é que cada colaborador tenha, um dia, uma poupança equivalente a um ano de salário."


Todos os anos, peritos nomeados pelo Tribunal Judicial de Lille valorizam a Auchan no seu todo - a nível mundial e em cada um dos 13 países onde está presente -, permitindo avaliar o valor da cadeia e das suas ações. "No dia 31 de março de 2021 comunicámos a valorização das ações da ValPortugal, numa sessão online, para os nossos 9 mil colaboradores. O património valorizou no último ano 7,26% e no acumulado dos últimos 5 anos valorizou 27%."


"Uma parte da distribuição dos lucros é paga em ações - 10% dos lucros líquidos -, mas além disso os colaboradores têm oportunidade, uma vez por ano, de investir/comprar voluntariamente ações da sua empresa. É esse o período que agora atravessamos e que termina no próximo dia 23", adianta. Para quem está há menos tempo, nos primeiros dois anos, a Auchan oferece 100 ações, na compra de 100.


Prémio da linha da frente

Distribuir lucros pelos trabalhadores não é inédito nas companhias - a Jerónimo Martins (dona do Pingo Doce e do Recheio) tem essa política, bem como a espanhola Mercadona, por exemplo -, mas, em 2020, a pandemia levou várias cadeias a entregar prémios extraordinários aos colaboradores na linha da frente. Só na Auchan foram 1,5 milhões, 20% do ordenado total - "além deste bónus excecional, 100% dos colaboradores tiveram direito a mais um dia de férias" - mas, em 2021, com a pandemia a levar o país a novo confinamento e um rearranque aos soluços da economia, a estratégia para compensar os colaboradores está a ser estudada. "A situação que vivemos hoje é bem diferente da que passámos há um ano, em que o desconhecimento dos impactos da doença ou a incerteza da eficácia dos meios de proteção traziam muitos medos, muito stress e muito desgaste emocional", comenta. "A reflexão que estamos a fazer é decididamente diferente e iremos partilhá-la oportunamente com as nossas equipas."


50% de mulheres líderes

Dos 8859 colaboradores Auchan, 96,4% são efetivos na companhia e 63,8% são mulheres. Mais de metade dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. "Nos últimos 20 anos, temos assumido um verdadeiro compromisso na promoção da igualdade de oportunidades e de género, através da criação de medidas e benefícios que valorizem de igual modo homens e mulheres", diz. "Hoje podemos dizer que temos, por exemplo, mais de 50% de mulheres em cargos de direção."


Uma paridade para a qual terá contribuído um sistema de gestão por competências implementado em 2009. "Permitiu eliminar os gaps existentes entre homens e mulheres na evolução de carreira, tornou o recrutamento mais equitativo e permitiu alcançar, em menos de dez anos, a paridade de género nos cargos de liderança. Em 20 anos, desapareceram todas as funções ligadas a um género e paulatinamente foram sendo reduzidas as diferenças salariais entre homens e mulheres." A companhia tem ainda um programa de mobilidade interna, o Move-te cá dentro, que permitiu, em dois anos, mil colaboradores mudarem voluntariamente para uma nova função na empresa.


O setor aguarda há anos um novo contrato coletivo de trabalho cujas negociações entre APED e sindicatos vão retomar. "Espero que as negociações terminem este ano com um acordo", diz. Mas ressalva: "Para que este sucesso se concretize, é fundamental uma maior abertura e flexibilidade, sobretudo na adaptação aos momentos que atravessamos e à necessidade de transformação e inovação dos nossos processos de trabalho".


Por Ana Marcela em:

https://www.dinheirovivo.pt/empresas/auchan-distribui-177-milhoes-de-lucros-aos-trabalhadores-13580701.html

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

As obras "faraónicas" e os contratos públicos

  Apesar da instabilidade dos mercados financeiros internacionais, e das dúvidas sobre a sustentabilidade da economia portuguesa em cenário de quase estagnação na Europa, o Governo mantém na agenda um mega pacote de obras faraónicas.  A obra que vai ficar mais cara ao país é, precisamente, a da construção de uma nova rede de alta velocidade ferroviária cujos contornos não se entendem, a não ser que seja para encher os bolsos a alguns à custa do contribuinte e da competitividade. Veja o vídeo e saiba tudo em: As obras "faraónicas" e os contratos públicos - SIC Notícias

Franceses prometem investir "dezenas de milhões" na indústria naval nacional se a marinha portuguesa comprar fragatas

  Se Portugal optar pelas fragatas francesas de nova geração, a construtora compromete-se a investir dezenas de milhões de euros na modernização do Arsenal do Alfeite e a canalizar uma fatia relevante do contrato diretamente para a economia e indústria nacional, exatamente uma das prioridades já assumidas pelo ministro da Defesa, Nuno Melo Intensifica-se a "luta" entre empresas de defesa para fornecer a próxima geração de fragatas da marinha portuguesa. A empresa francesa Naval Group anunciou esta terça-feira um plano que promete transformar a indústria naval nacional com o investimento de "dezenas de milhões de euros" para criar um  hub  industrial no Alfeite, caso o governo português opter por comprar as fragatas de nova geração do fabricante francês. "O Naval Group apresentou às autoridades portuguesas uma proposta para investir os montantes necessários, estimados em dezenas de milhões de euros, para modernizar o Arsenal do Alfeite e criar um polo industrial...