Novo estudo conclui que o custo de combustíveis fósseis é muito mais elevado que se estima atualmente e alerta que esta indústria pode estar perante um fenómeno de ‘bolha’ especulativa semelhante à que causou o crash de 2008
Um estudo conduzido por Adam Dorr, do RethinkX, e por Tony Seba, professor da Universidade de Stanford, revela dados importantes, que devem ter repercussão na indústria energética. Estes investigadores alertam para cálculos distorcidos numa métrica comum no setor, o LCOE (Levelized Cost of Electricity), o que leva a que a produção de energia elétrica com recurso a combustíveis fósseis seja, na verdade, muito mais cara do que se estima atualmente. Por isso, as energias renováveis como solar, eólica e de armazenamento em baterias já serão mais baratas e até mais competitivas do que a utilização de carvão, gás natural ou nuclear.
Este estudo contesta a utilização da métrica LCOE, que mede o custo médio de gerar eletricidade em instalações convencionais, incluindo os custos de construção e operacionais. Os investigadores sublinham que as crescentes ineficiências deste tipo de produção não estão a ser consideradas e que o volume de produção de eletricidade tem tendência a cair, em alguns casos de forma acentuada, ao longo do tempo. Assim, a divergência entre os custos reais e o LCOE incorreto é tão grande que o custo por kilowatt/hora, por vezes, chega a ser 400% superior ao estimado, noticia o Vice.
Devido a esta discrepância, estes investigadores alertam ainda que os biliões investidos e os subsídios governamentais nesta indústria podem estar a conduzir a uma situação de ‘bolha’ especulativa semelhante à que aconteceu no setor imobiliário em 2008. O investimento baseia-se em sobrevalorizações sobre a real capacidade de produção de energia destas instalações. As estimativas são usadas por todos, incluindo agências de topo como a Agência Internacional de Energia, por exemplo.
Para fábricas de gás natural, por exemplo, a AIE estima um fator de capacidade (a relação entre a energia produzida e o máximo previsto) de 87% ao longo de um ciclo de vida de 20 anos, mas em 2020 esse número real baixou para 58%. Assim, conclui-se que o custo de produção de energia nesta fábrica é 60% acima do que a AIE tem calculado. Um racional semelhante aplicado à energia produzida com recurso a outras fontes tem vindo a resultar em decréscimos semelhantes.
O trabalho fez alguma projeção e calcula que, em 2030, o custo de geração de eletricidade com estas fontes será nove (carvão), cinco (gás) e 14 (nuclear) vezes superior ao que se estima atualmente.
O estudo completo pode ser consultado aqui.
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