Avançar para o conteúdo principal

Quis comprar 180.000 carros, mas levou “nega”

A Chevrolet decidiu encerrar uma fábrica no Ohio, EUA, onde era produzido o Cruze, arrastando para o desemprego 1.500 funcionários. Sabe-se agora que esses postos de trabalho poderiam ter sido salvos.



Para concorrer com a Uber e Lyft, um empresário propôs-se comprar entre 150 mil e 180 mil Cruze, o que manteria as portas da fábrica de Lordstown abertas por mais cinco anos

Tal como a Ford está a encetar uma agressiva política de cortes e despedimentos nos EUA, também a Chevrolet, que pertence ao grupo General Motors, se vê na necessidade de proceder a ajustes na produção. Alegadamente, foi esse o motivo que terá levado o construtor americano a encerrar, no passado dia 6 de Março, uma fábrica onde laboravam 1.500 trabalhadores. Da unidade fabril em causa, localizada em Lordstown, no estado norte-americano do Ohio, saía o Cruze, modelo que também é produzido no México (hatchback).

Segundo a Chevrolet, não faria sentido manter em produção um modelo cujas vendas têm entrado em acentuado declínio, com os sedans a serem preteridos pelos SUV. Contudo, sabe-se agora que a marca teve a possibilidade de adiar o que considerou inevitável. Isto porque a General Motors terá recebido uma proposta inédita. A solução não veio do lado dos sindicatos, mas sim de um empresário na disposição de adquirir toda a produção da fábrica nos próximos cinco anos, o que significa comprar entre 150 mil a 180 mil unidades do Cruze.

Se lhe parece estranho, é porque é mesmo. Mas a própria Chevrolet e o sindicato dos trabalhadores confirmaram que um empresário chamado Bernie Moreno se propôs adquirir a totalidade da produção até 2023, o que permitiria a manutenção dos postos de trabalho durante mais meia década, assegurando pelo menos dois turnos. Em contrapartida, Moreno – que tem concessionários nos EUA – faria do Cruze o veículo de serviço de uma nova empresa que pretende concorrer com a Uber e a Lyft.

Depois de receber um “não” como resposta, a Moreno não restará outra alternativa se não eleger outro carro de serviço. E, se o seu espírito empreendedor for avante, ainda corre o risco de vir a competir com a própria General Motors, que também vê com bons olhos a exploração de um negócio de carsharing, mas através da sua própria app.

https://observador.pt/2019/03/20/quis-comprar-180-000-carros-mas-levou-nega/

Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

TAP: quo vadis?

 É um erro estratégico abismal decidir subvencionar uma vez mais a TAP e afirmar que essa é a única solução para garantir a conectividade e o emprego na aviação, hotelaria e turismo no país. É mentira! Nos últimos 20 anos assistiu-se à falência de inúmeras companhias aéreas. 11 de Setembro, SARS, preço do petróleo, crise financeira, guerras e concorrência das companhias de baixo custo, entre tantos outros fatores externos, serviram de pano de fundo para algo que faz parte das vicissitudes de qualquer empresa: má gestão e falta de liquidez para enfrentar a mudança. Concentremo-nos em três casos europeus recentes de companhias ditas “de bandeira” que fecharam as portas e no que, de facto, aconteceu. Poucos meses após a falência da Swissair, em 2001, constatou-se um fenómeno curioso: um número elevado de salões de beleza (manicure, pedicure, cabeleireiros) abriram igualmente falência. A razão é simples, mas só mais tarde seria compreendida: muitos desses salões sustentavam-se das assi...

Os professores

 As últimas semanas têm sido agitadas nas escolas do ensino público, fruto das diversas greves desencadeadas por uma percentagem bastante elevada da classe de docentes. Várias têm sido as causas da contestação, nomeadamente o congelamento do tempo de serviço, o sistema de quotas para progressão na carreira e a baixa remuneração, mas há uma que é particularmente grave e sintomática da descredibilização do ensino pelo qual o Estado é o primeiro responsável, e que tem a ver com a gradual falta de autoridade dos professores. A minha geração cresceu a ter no professor uma referência, respeitando-o e temendo-o, consciente de que os nossos deslizes, tanto ao nível do estudo como do comportamento, teriam consequências bem gravosas na nossa progressão nos anos escolares. Hoje, os alunos, numa maioria demasiado considerável, não evidenciam qualquer tipo de respeito e deferência pelo seu professor e não acatam a sua autoridade, enfrentando-o sem nenhum receio. Esta realidade é uma das princip...