Segundo o jornal online ECO, apesar dos sindicatos terem indicado que os adiantamentos que a TAP fez à empresa de handling iriam ser saldados até ao fim do mês, a companhia aérea desmente, referindo que há ainda montantes em dívida.
© FERNANDO VELUDO/LUSA
A Groundforce não vai terminar de reembolsar a totalidade os adiantamentos que a TAP fez no final do mês, segundo avança o jornal online ECO. Os adiantamentos começaram em agosto do ano passado e prolongaram-se até ao início de 2021, superando os 12 milhões de euros. Esta semana, os sindicatos fizeram saber que esses adiantamentos iam ficar saldados no início da próxima semana semana. Contudo, a TAP disse ao jornal online ECO que há ainda dívida.
"O ritmo do acerto de contas entre as empresas pressupõe que a dívida relativa aos adiantamentos já feitos pela TAP à Groundforce não ficará totalmente saldada antes do final do mês de julho", explicou fonte oficial da companhia aérea ao jornal. "No final de maio, o valor previsto a abater à dívida existente é de cerca de 1,6 milhões de euros", acrescentou.
A companhia aérea, liderada por Ramiro Sequeira, sustentou ainda que "a TAP tem vindo a apoiar a situação de tesouraria da Groundforce com diversas iniciativas, nomeadamente através de adiantamentos que chegaram a atingir montantes superiores a 12 milhões de euros, e que atualmente ascendem a cerca de 5,5 milhões de euros".
A Groundforce foi privatizada em 2012, tendo Alfredo Casimiro ficado com 50,1% da empresa e a TAP com 49,9%. Em 2020, a pandemia atirou o transporte aéreo para uma crise grave e os setores que navegam à volta deste meio de transporte também entraram em crise. Foi o que aconteceu com a empresa de handling (assistência em terra nos aeroportos), que tem na TAP um dos seus principais clientes.
Perante as dificuldades da empresa de assistência em terra, a companhia aérea começou em agosto do ano passado, a fazer adiantamentos de pagamentos de serviços prestados ou a prestar. Estes adiantamentos, que foram dando liquidez à Groundforce, terminaram neste ano quando a TAP - que atravessa um plano de reestruturação que ainda não obteve luz verde de Bruxelas - considerou que era preciso mais garantias do reembolso da dívida da Groundforce à TAP, pedindo um penhor a favor da TAP sobre as ações da Pasogal.
Sobre esta questão, surgiram várias trocas de opiniões entre a Pasogal e o Governo - acionista maioritário da TAP - sendo que, depois, ficou claro que a Pasogal não tinha condições para dar os títulos em penhor. Uma segunda hipótese encontrada então passava por um aumento de capital, que seria subscrito pela companhia aérea, de forma a dar-lhe liquidez para cumprir com as suas obrigações para com os trabalhadores - que em meados de março tinham recebido apenas 500 euros do salário de fevereiro - e com as autoridades. Essa via também não chegou a acontecer.
A 19 de março, a Groundforce e a TAP chegaram a um acordo: a companhia aérea comprou os equipamentos à empresa de handling, por quase sete milhões de euros, e simultaneamente passou a aluga-los à Groundforce, tendo esta de pagar esse aluguer. Com os cerca de sete milhões de euros, a Groundforce regularizou os pagamentos dos salários em atraso, bem como efetuou o pagamento dos salários de março e abril, e cumpriu também com as suas obrigações fiscais.
Já no final de abril, a Groundforce decidiu rescindir este acordo com a TAP, alegando que o acordo colocava em causa a "sobrevivência". A TAP contestou esta decisão, dizendo que os acordos são válidos. A relação entre os dois acionistas tem sido tensa.
A 10 de maio, a TAP recorreu aos tribunais para pedir a insolvência da Groundforce. A companhia aérea, que é simultaneamente cliente e acionista minoritária da empresa de assistência em terra, considera que estão "esgotadas todas as hipóteses de encontrar com o acionista maioritário da Groundforce uma solução" e, por isso, decidiu avançar com o pedido de insolvência. Com esta medida, diz, pretende assegurar a viabilidade da empresa de handling.
"A Transportes Aéreos Portugueses, S.A. ("TAP"), na qualidade de credora, requereu, hoje a insolvência da SPdH - Serviços Portugueses de Handling, S.A. ("Groundforce"), junto dos Juízos de Comércio de Lisboa do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, com o objetivo, se tal for viável, de salvaguardar a viabilidade e a sustentabilidade da mesma, assegurando a sua atividade operacional nos aeroportos portugueses", dizia então em comunicado enviado às redações.
Comentário do Wilson:
e assim se explica, de forma resumida e sem entrar nas artimanhas do governo, o filme que vai inexoravelmente levar à renacionalização da Groundforce.
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