Em Lisboa, Faro, Porto e Funchal, tendo em conta o preço médio dos imóveis, é preciso ter 87.000€, 60.000€, 59.000€ e 50.000€, para se conseguir um crédito à habitação.
Mesmo em tempos de pandemia, muitos portugueses querem comprar casa e, para isso, precisam de um crédito à habitação. E se os bancos, apesar da crise gerada pela Covid-19, têm-se mantido disponíveis para emprestar dinheiro para esta finalidade, ao contrário de outros tempos, já não dão financiamentos a 100%. Assim, para se conseguir a casa que se quer, é preciso ter um pé-de-meia, ou seja, dinheiro de parte para se dar de entrada - e suportar os outros gastos associados à aquisição, nomeadamente impostos. O nível de poupanças necessário varia consoante a zona do país onde se pretende comprar casa, atendendo aos preços médios dos imóveis. Uma análise do idealista - realizada em plena crise pandémica - mostra o esforço necessário nas capitais de distrito de Portugal Continental e Ilhas.
Lisboa, Faro, Porto e Funchal são, por esta ordem, as capitais de distrito onde o preço médio das casas à venda é mais elevado, segundo dados do idealista/data e do idealista/créditohabitação relativos ao ano de 2020, ou seja, em plena pandemia do novo coronavírus: 503.837 euros (€), 364.449€ e 359.691€ e 328.169€, respetivamente.
“Constata-se que os preços são mais elevados nas grandes metrópoles e no litoral, onde a maior fatia da sua subsistência económica é o turismo”, apontam os especialistas do idealista/data.
Nestas mesmas quatro capitais de distrito, para ser possível avançar com um pedido de crédito à habitação é preciso ter uma poupança mínima aproximada de, respetivamente, 87.000€, 60.000€, 59.000€ e 50.000€.
Em todas as outras capitais de distrito, o preço médio das casas é inferior a 300.000€, sendo que é em Beja (104.746€), Castelo Branco (108.394€) e Guarda (117.731€) que se registam os valores mais baixos. Nestas mesmas três regiões é preciso ter uma poupança, antes de se avançar com o pedido de concessão de crédito à habitação, à volta de 13.000€, 14.000€ e 15.000€, respetivamente.
Análise por tipologia
T0
Numa análise por tipologia, constata-se, por exemplo, que os imóveis de tipologia T0 são mais caros em Lisboa (265.203€), Faro (204.392€) e Évora (163.094€), sendo preciso ter, nestas capitais de distrito, uma poupança mínima de cerca de 41.000€, 30.000€ e 22.000€.
Capital de Distrito | Preço médio T0 2020 | Poupança Mínima |
Lisboa | 265.203 € | 41.000 € |
Faro | 204.392 € | 30.000 € |
Évora | 163.094 € | 22.000 € |
Porto | 162.289 € | 22.000 € |
Ponta Delgada | 160.401 € | 20.000 € |
Funchal | 137.720 € | 17.000 € |
Aveiro | 127.320 € | 16.000 € |
Coimbra | 104.255 € | 13.000 € |
Santarém | 104.104 € | 13.000 € |
Braga | 103.418 € | 13.000 € |
Leiria | 96.757 € | 12.000 € |
Setúbal | 95.257 € | 12.000 € |
Beja | 85.500 € | 11.000 € |
Viana do Castelo | 85.279 € | 11.000 € |
Viseu | 82.992 € | 11.000 € |
Bragança | 80.000 € | 10.000 € |
Castelo Branco | 75.347 € | 10.000 € |
Guarda | 69.063 € | 9.000 € |
Vila Real | 66.000 € | 9.000 € |
Portalegre | 66.000 € | 9.000 € |
Já os T0 mais acessíveis encontram-se em Portalegre (66.000€), Vila Real (66.000€) e Guarda (69.063€). Nestes casos, os potenciais compradores terão de ter à volta de 9.000€ para dar de entrada.
T1
Capital de Distrito | Preço médio T1 2020 | Poupança Mínima |
Lisboa | 287.564 € | 45.000 € |
Porto | 181.001 € | 25.000 € |
Faro | 171.195 € | 24.000 € |
Funchal | 170.169 € | 22.000 € |
Aveiro | 146.430 € | 19.000 € |
Coimbra | 137.619 € | 18.000 € |
Braga | 126.255 € | 16.000 € |
Ponta Delgada | 113.698 € | 14.000 € |
Évora | 113.392 € | 14.000 € |
Viseu | 111.229 € | 14.000 € |
Viana do Castelo | 102.053 € | 13.000 € |
Setúbal | 98.750 € | 13.000 € |
Leiria | 91.331 € | 12.000 € |
Bragança | 79.750 € | 10.000 € |
Vila Real | 76.352 € | 10.000 € |
Santarém | 60.218 € | 8.000 € |
Portalegre | 56.568 € | 8.000 € |
Beja | 52.413 € | 7.000 € |
Castelo Branco | 51.171 € | 7.000 € |
Guarda | 49.437 € | 7.000 € |
Tratando-se de apartamentos de tipologia T1, os mais caros custam em média 287.564€ em Lisboa, 181.001€ no Porto e 171.195€ em Faro, sendo necessário ter uma poupança aproximada de, respetivamente, 45.000€, 25.000€ e 24.000€.
É na Guarda, Castelo Branco e Beja que é preciso ter um pé-de-meia menor (7.000€) para comprar casa, tendo em conta os preços médios praticados nas respetivas capitais de distrito.
T2
Capital de Distrito | Preço médio T2 2020 | Poupança Mínima |
Lisboa | 393.262 € | 65.000 € |
Porto | 255.242 € | 39.000 € |
Funchal | 223.639 € | 31.000 € |
Faro | 220.985 € | 33.000 € |
Aveiro | 189.963 € | 27.000 € |
Ponta Delgada | 185.489 € | 24.000 € |
Coimbra | 159.894 € | 22.000 € |
Braga | 149.665 € | 20.000 € |
Viseu | 134.630 € | 18.000 € |
Viana do Castelo | 127.305 € | 16.000 € |
Évora | 124.851 € | 16.000 € |
Setúbal | 122.612 € | 16.000 € |
Leiria | 113.383 € | 14.000 € |
Vila Real | 99.239 € | 13.000 € |
Bragança | 79.034 € | 10.000 € |
Beja | 70.958 € | 9.000 € |
Portalegre | 67.658 € | 9.000 € |
Santarém | 66.056 € | 9.000 € |
Castelo Branco | 63.700 € | 8.000 € |
Guarda | 57.917 € | 8.000 € |
No que diz respeito a apartamentos com dois quartos (T2), Castelo Branco e Bragança destacam-se como as capitais de distrito onde a poupança necessária para comprar uma casa é, em termos médios, mais acessível (8.000€).
Em sentido inverso encontram-se Lisboa (65.000€), Porto (39.000€), Faro (33.000€) e Funchal (31.000€). Nestas capitais de distrito, comprar um T2 custa, em média, 393.262€, 255.242€, 220.985€ e 223.639€.
T3
Capital de Distrito | Preço médio T3 2020 | Poupança Mínima |
Lisboa | 594.168 € | 104.000 € |
Porto | 391.460 € | 65.000 € |
Funchal | 354.506 € | 55.000 € |
Faro | 350.602 € | 57.000 € |
Aveiro | 259.765 € | 40.000 € |
Coimbra | 221.510 € | 33.000 € |
Setúbal | 212.107 € | 31.000 € |
Braga | 204.363 € | 30.000 € |
Viana do Castelo | 196.379 € | 28.000 € |
Ponta Delgada | 194.305 € | 26.000 € |
Viseu | 178.414 € | 25.000 € |
Évora | 176.846 € | 25.000 € |
Leiria | 163.122 € | 22.000 € |
Vila Real | 160.759 € | 22.000 € |
Bragança | 122.659 € | 16.000 € |
Santarém | 117.049 € | 15.000 € |
Portalegre | 113.210 € | 14.000 € |
Guarda | 110.009 € | 14.000 € |
Beja | 107.152 € | 14.000 € |
Castelo Branco | 101.604 € | 13.000 € |
Relativamente aos T3, a poupança necessária a ter antes de avançar com o processo de financiamento varia entre os 13.000€ de Portalegre, onde o preço médio de uma casa é 101.604€, e os 104.000€ de Lisboa, onde comprar uma habitação custa em média 594.168€.
T4+
Capital de Distrito | Preço médio T4+ 2020 | Poupança Mínima |
Lisboa | 922.390 € | 161.000 € |
Porto | 768.589 € | 134.000 € |
Faro | 516.276 € | 89.000 € |
Funchal | 505.396 € | 84.000 € |
Coimbra | 367.394 € | 60.000 € |
Setúbal | 339.132 € | 55.000 € |
Viana do Castelo | 294.193 € | 46.000 € |
Aveiro | 287.157 € | 45.000 € |
Braga | 287.120 € | 45.000 € |
Vila Real | 282.387 € | 44.000 € |
Évora | 282.054 € | 44.000 € |
Viseu | 256.565 € | 39.000 € |
Leiria | 251.656 € | 38.000 € |
Ponta Delgada | 240.919 € | 34.000 € |
Santarém | 227.062 € | 34.000 € |
Bragança | 222.529 € | 33.000 € |
Guarda | 187.972 € | 27.000 € |
Portalegre | 180.460 € | 25.000 € |
Beja | 161.260 € | 22.000 € |
Castelo Branco | 159.014 € | 22.000 € |
Já para comprar uma casa com quatro ou mais quartos (T4+) há que ter uma poupança de 161.000€ em Lisboa (preço médio é 922.390€) e de 34.000 no Porto (768.598€). Em sentido inverso encontram-se Castelo Branco (159.014€) e Beja (161.260€), com uma poupança média de 22.000€.
Diferenças acentuam-se em Lisboa
A equipa do idealista/data destaca, por exemplo, o facto de Lisboa ter preços médios de imóveis de tipologia T0 quatro vezes superior às cidades de Portalegre e Vila Real.
“Verifica-se a maior variação de preços médios entre capitais de distrito nos imóveis de tipologia T2. A cidade de Lisboa para esta tipologia tem um preço médio de 393.262€, que representa uma diferença 6,8 vezes superior à cidade de Castelo Branco (63.700€)”, comentam os especialistas em dados.
“No que concerne às tipologias T1, T3 e T4+, a oscilação de preços entre as cidades é cerca 5,8 vezes entre as mais baratas e as mais caras, o que corresponde a uma variação média de 482%. Lisboa lidera o ranking em todas as tipologias, como cidade com os preços elevados. Os imóveis de tipologia T1 são mais baratos na cidade de Guarda. Já os imóveis de tipologias T3 e T4+ são mais baratos em Castelo Branco”, explica Inês Campaniço, responsável do idealista/data em Portugal.
Dicas a ter em conta para o crédito à habitação
Por sua vez, o responsável do idealista/créditohabitação em Portugal, Miguel Cabrita, lembra que, na hora de adquirir um imóvel, e caso seja necessário recorrer a um crédito à habitação, “importa saber qual o mínimo aproximado de poupanças que é necessário alocar ao negócio”, onde se inclui “a entrada do empréstimo, impostos e algumas despesas do processo, nomeadamente IMT, Imposto Selo e registos”.
“Exceto para imóveis da banca, o financiamento máximo para aquisição de habitação própria permanente será de 90% do valor compra ou avaliação do imóvel, o menor dos dois, limites definidos pelo Banco de Portugal (BdP)”, recorda.
“Independentemente da zona de compra, para adquirir um imóvel com recurso a crédito é necessário reservar pelo menos 7.000€, o que permitiria ambicionar a aquisição de um T1 em Beja, Castelo Branco ou Guarda, as capitais de distrito onde os preços médios dos imóveis são mais em conta”, avisam, salientando que, com uma poupança à volta de 20.000€, dificilmente será possível adquirir um imóvel em Lisboa, Porto ou Faro. “O ranking é liderado por Lisboa, onde para comprar casa é necessário mais de 40.000€ de poupanças, seja qual for a tipologia procurada. No Porto, necessitamos pelo menos 25.000€ de capitais próprios, mesmo que estejamos à procura de um T1”.
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