Novo Banco: “Será que alguns elementos da CPI não querem saber o que eu tenho para dizer?”, questiona Rui Pinto
Autor de Football Leaks e também fonte de Luanda Leaks disse ter informação sobre o BES Angola e o PAN quer ouvi-lo na comissão de inquérito do Novo Banco mas não há ainda qualquer audição marcada. Rui Pinto comentou no Twitter que “a verdade não pode ser enclausurada”
Rui Pinto, autor do blogue Football Leaks e fonte de Luanda Leaks, diz não compreender as reticências de alguns deputados da comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o Novo Banco em aprovar a sua audição, conforme requerido pelo partido PAN.
"Os crimes ocorridos no BESA (BES Angola) tiveram e têm ainda consequências. A verdade não pode ser enclausurada. Será que alguns elementos da CPI não querem saber o que eu tenho para dizer?", questionou Rui Pinto na sua conta na rede social Twitter.
"Será que os contribuintes não têm o direito a saber o que andam a pagar, a quem e porquê?", pergunta ainda Rui Pinto, que está a ser julgado desde o final do ano passado por um total de 90 crimes, que, segundo a acusação do Ministério Público, incluem acessos indevidos a dezenas de caixas de correio eletrónico, tentativa de extorsão à Doyen e sabotagem informática ao Sporting.
Rui Pinto, detido em Budapeste em janeiro de 2019 e extraditado para Lisboa em março desse ano, esteve mais de um ano preso nas instalações da Polícia Judiciária mas acabou por ser libertado antes de o julgamento começar, estando a viver em localização desconhecida sob proteção policial, ao abrigo de uma colaboração com as autoridades envolvendo outras investigações.
No Twitter, Rui Pinto escreveu em outubro de 2019 que havia desde 2015 um inquérito no Ministério Público por resolver, que estava estagnado, e que se debruçava sobre um desvio de 80 milhões no BES Angola, que teria um valor real bastante superior. “O desvio concreto ultrapassou os 600 milhões”, disse. “Apesar de eu ter conseguido compilar diversa documentação, incluindo extratos bancários, que demonstram, entre outros, a criação de empresas meramente instrumentais, depósitos fictícios e transferências bancárias para offshores como as Ilhas Virgens Britânicas e as Seychelles”, continuava essa nota de Rui Pinto.
O tweet levou o PAN a incluir, em dezembro de 2020, Rui Pinto na lista de audições da CPI sobre o Novo Banco. Para esta quinta-feira está agendada uma sessão da comissão de inquérito para discutir se essa audição será ou não realizada.
Por Miguel Prado em:
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