Avançar para o conteúdo principal

Hackers de elite da Google acabaram com operação ‘aliada’ de contraterrorismo


 Equipa de especialistas de topo da Google tornou pública uma campanha de hacking que durava há novo meses e explorava 11 vulnerabilidades para infetar dispositivos em várias plataformas. A atuação da equipa não gerou consenso na Google


Uma equipa de especialistas de topo em cibersegurança da Google decidiu unilateralmente acabar com uma iniciativa de pirataria informática que durava há nove meses e que explorava 11 falhas para tomar controlo de aparelhos iOS, Android e Windows. A decisão de acabar com a operação causou discórdia dentro da empresa, porque se acreditava que os alegados hackers estavam a trabalhar para um país aliado dos EUA numa ação de contraterrorismo – informação que só agora foi revelada.


Os ataques datam de 2020 e a utilização de técnicas nunca antes vistas chamou a atenção dos especialistas de cibersegurança da Google, que também ficaram impressionados pela escala, sofisticação e rapidez da operação. Apesar de ter tornado pública a ação de desmantelamento e as falhas exploradas, a equipa da Google não revelou todos os pormenores, deixando de fora informações como a identidade dos atacantes e das vítimas, bem como dos nomes de domínio usados para os ataques. Ainda assim, as decisões de publicitar a exploração das falhas e o desmantelamento não foram consensuais dentro da própria Google, acabando por levantar questões na comunidade de cibersegurança.


Um porta-voz da Google, citado pelo MIT Technology Review, explica que o “Project Zero dedica-se a encontrar e sanar vulnerabilidades de dia zero e a publicar a pesquisa técnica desenhada para melhorar o entendimento das novas vulnerabilidades de segurança e técnicas de exploração junto da comunidade (…) Acreditamos que partilhar esta investigação ajuda a criar melhores estratégias de defesa e a aumentar o nível de segurança para todos”.


Não é invulgar as empresas de segurança atuarem sobre vulnerabilidades que estão a ser exploradas por governos aliados, mas essas ações raramente são públicas. Neste caso da Google, não se sabe se os hackers foram avisados de antemão do desmantelamento.


Um especialista de inteligência dos EUA explica que há certos padrões nas operações conduzidas pelos governos do Ocidente que não estão presentes nas de outros países. “É aqui que julgo que entra em equação uma dimensão ética fundamental. A forma como se trata a atividade de inteligência ou das agências de autoridade de um país com controlo democrático dentro de um governo representativo legalmente eleito é diferente da forma como se o faz para um regime autoritário”, cita este especialista, sob condição de anonimato.


A equipa da Google defende não ter estado preocupada com quem estava a explorar as vulnerabilidades, nem com que intenções e explica que a decisão de tornar as falhas públicas justifica-se com o receio de que essas pudessem eventualmente vir a ser exploradas por outros, com más intenções ou sem terem qualquer escrutínio público ou privado.


https://visao.sapo.pt/exameinformatica/noticias-ei/mercados/2021-03-29-hackers-de-elite-da-google-acabaram-com-operacao-aliada-de-contraterrorismo/

Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...