Avançar para o conteúdo principal

Tribunal da UE anula ajuda estatal de 1,2 mil milhões à TAP por não estar fundamentada


© Leonel de Castro/Global Imagens


 Tribunal de Justiça da União Europeia (UE) anulou hoje a decisão da Comissão Europeia que aprova a ajuda estatal de 1.200 milhões de euros à companhia aérea TAP, por a considerar "insuficientemente fundamentada", não obrigando ainda à devolução.


"A decisão da Comissão que declara o auxílio de Portugal a favor da companhia aérea TAP compatível com o mercado interno é anulada por não estar suficientemente fundamentada", informa o Tribunal Geral (primeira instância) em comunicado de imprensa.


Ainda assim, a estrutura explica que "os efeitos da anulação - entre os quais a recuperação do auxílio - são suspensos enquanto se aguarda uma nova decisão".


Em causa está o recurso interposto naquele organismo em julho de 2020 pela transportadora aérea de baixo custo Ryanair contra a ajuda estatal à companhia aérea de bandeira portuguesa TAP, com a argumentação de que este apoio português viola o tratado europeu e as regras concorrenciais.


O objetivo da companhia irlandesa 'low cost' (baixo custo) era que, com esta ação, fosse anulada a decisão de 10 de junho de 2020, quando o executivo comunitário deu 'luz verde' a um auxílio de emergência português à TAP.


Tratou-se de um apoio estatal de 1,2 mil milhões de euros para responder às necessidades imediatas de liquidez dada a pandemia de covid-19, com condições predeterminadas para o seu reembolso.


No acórdão hoje divulgado à imprensa, é explicado que "o Tribunal Geral dá provimento ao recurso interposto pela companhia aérea Ryanair com vista à anulação dessa decisão, suspendendo simultaneamente os efeitos da anulação até à adoção de uma nova decisão pela Comissão".


Como a decisão do Tribunal Geral ainda é primeira instância, as partes ainda podem recorrer para o Tribunal de Justiça da UE, dispondo de um prazo de dois meses para o fazer.


Para o Tribunal Geral existem "lacunas na fundamentação da decisão impugnada" pela Ryanair e tomada pela Comissão Europeia, já que a instituição "não constatou nem precisou se o beneficiário [TAP] fazia parte de um grupo" e também "não fundamentou as suas afirmações segundo as quais, por um lado, as dificuldades do beneficiário lhe eram específicas e não resultavam de uma afetação arbitrária dos custos em benefício dos seus acionistas ou de outras filiais e, por outro, que as referidas dificuldades eram demasiado graves para serem resolvidas pelos seus administradores ou pelos outros acionistas".


Em 2020, a TAP voltou ao controlo do Estado português, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado o auxílio estatal de 1,2 mil milhões de euros.


Já este ano, no final de abril, a Comissão Europeia aprovou um novo e intercalar auxílio estatal de Portugal à TAP, no valor de 462 milhões de euros, para novamente compensar prejuízos decorrentes da pandemia e, segundo a transportadora, garantir liquidez até à aprovação do plano de reestruturação por Bruxelas (que ainda decorre).


Além deste processo, foram interpostas várias outras ações pela Ryanair na primeira instância do Tribunal de Justiça da UE contra ajudas estatais aprovadas pela Comissão Europeia à aviação em altura de crise gerada pela pandemia de covid-19, um dos setores mais afetados.


Em regra geral, nos acórdãos conhecidos até agora, o Tribunal Geral tem dado razão à Comissão Europeia, mas numa outra decisão hoje publicada e relativa à ajuda estatal holandesa de 3,4 mil milhões aprovada por Bruxelas para a KLM, o organismo também determinou a anulação do aval por "insuficiência de fundamentação".


https://www.dinheirovivo.pt/empresas/tribunal-da-ue-anula-ajuda-estatal-de-12-mil-milhoes-a-tap-por-nao-estar-fundamentada-13736730.html

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

As obras "faraónicas" e os contratos públicos

  Apesar da instabilidade dos mercados financeiros internacionais, e das dúvidas sobre a sustentabilidade da economia portuguesa em cenário de quase estagnação na Europa, o Governo mantém na agenda um mega pacote de obras faraónicas.  A obra que vai ficar mais cara ao país é, precisamente, a da construção de uma nova rede de alta velocidade ferroviária cujos contornos não se entendem, a não ser que seja para encher os bolsos a alguns à custa do contribuinte e da competitividade. Veja o vídeo e saiba tudo em: As obras "faraónicas" e os contratos públicos - SIC Notícias

Motor de desenvolvimento ou de danos irreparáveis? Parque solar planeado para Portugal abre polémica

    Vista da central solar de Serpa, no sul de Portugal, quarta-feira, 28 de março de 2007.  -    Direitos de autor    ANTONIO CARRAPATO/AP2007 Direitos de autor ANTONIO CARRAPATO/AP2007 A empresa por detrás do projeto promete "conciliar a produção de energia renovável com a valorização ambiental do território". Ainda assim, as associações ambientalistas e os municípios têm-se insurgido contra a implantação do Parque Solar Fotovoltaico Sophia. Quais os motivos? Um novo projeto solar, que será sediado no distrito português de Castelo Branco, está a ser amplamente contestado tanto pelas associações ambientalistas como pelos próprios municípios. Chama-se Parque Solar Fotovoltaico Sophia e, segundo anunciado no  site da empresa por detrás da iniciativa , a Lightsource bp, o seu objetivo passa por " conciliar a produção de energia renovável com a valorização ambiental do território  e benefícios duradouros para as comunidades locais". Tratar-...