Avançar para o conteúdo principal

Presidente da dona do Novo Banco assessorou Banco de Portugal na venda... do Novo Banco



 Em 2017, Evgeny Kazarez assessorou, enquanto trabalhava para o Deutsche Bank, o Banco de Portugal na venda do Novo Banco à Lone Star. Um ano depois, foi para o grupo americano, primeiro ajudando o banco como consultor, depois como administrador da sua proprietária


O presidente do conselho de administração da Nani Holdings, a sociedade-veículo através da qual os fundos detidos pela Lone Star detêm 75% do Novo Banco, esteve a assessorar o Banco de Portugal precisamente na venda daqueles 75% que estavam no Fundo de Resolução à Lone Star. Na prática, Kazarez estava do lado do vendedor do Novo Banco em 2017, e, um ano depois, passou a responder perante a compradora. O visado, Evgeny Kazarez, defende que não há qualquer conflito de interesses e acrescenta que os supervisores bancários também não.


Depois de um primeiro concurso falhado, ainda em 2015, o Banco de Portugal deu iniciou com um segundo procedimento para se desfazer da participação no Novo Banco. Se na primeira operação contou com a assessoria do BNP Paribas, na segunda contratou o Deutsche Bank como assessor financeiro. No banco alemão trabalhava Evgeny Kazarez.


“Como parte dessa equipa, trabalhei algumas transações em Portugal, fui parte da equipa do Deutsche Bank que assessorou o Fundo de Resolução relativamente à venda do Novo Banco”, confirmou Kazarez quando questionado pela deputada centrista Cecília Meireles na audição parlamentar da comissão de inquérito às perdas do Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, esta terça-feira, 11 de maio. Entretanto, a assessoria direta era, sim, ao Banco de Portugal, e não ao próprio Fundo, que funciona junto do supervisor e é dirigido pelo vice-governador, Luís Máximo dos Santos.


O papel ativo nesse trabalho acabou em março de 2017, quando foram desenhados os contratos da transação, mas só em outubro de 2017 é que terminou o mandato da Deutsche Bank, com a Lone Star, através de uma empresa em Portugal (a Nani Holdings) a comprar os 75% do Novo Banco ao Fundo de Resolução, que manteve uma participação de 25%.


PRIMEIRO CONSULTOR, DEPOIS PRESIDENTE

No final desse ano, Kazarez procurou trabalho na Hudson Advisors, que presta serviços à Lone Star na gestão de ativos em todo o mundo. “Eu ter começado a falar com a Hudson Advisors relativamente à possibilidade de emprego foi depois do fim formal do mandato entre o Deutsche Bank e o Fundo de Resolução”, garantiu, quando questionado pelo deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo.


O responsável saiu do Deutsche Bank em março de 2018 e, por conta de um impedimento contratual, só começou a trabalhar na Hudson Advisors em junho de 2018. Desde o início nessa empresa do grupo Lone Star trabalhava o tema Novo Banco, tendo inclusive prestado assistência no desenvolvimento dos sistemas de informação do banco, segundo explicou.


Além disso, a Hudson Advisors assessorou o Novo Banco na venda de uma carteira de imóveis, a Viriato, entre 2018 e 2019, que gerou perdas de 110 milhões de euros à instituição financeira.


Em outubro de 2019, a Lone Star chamou Evgeny Kazarez para presidente da administração da referida Nani Holdings, dona de 75% no banco e que é detida pela LSF Nani Investments, no Luxemburgo, que depois é detida por outras entidades na posse de fundos geridos pela Lone Star. Este responsável garantiu aos deputados que o seu nome foi aprovado pelos supervisores (Banco de Portugal e Banco Central Europeu) e que não foi levantado qualquer problema pela sua indicação.


“Não acredito que haja conflito de interesses”, explicou Kazarez, acabando por especificar até porque, diz, não tem qualquer poder decisório na Nani Holdings. “Eu não participo em nenhuma tomada de decisão”, garantiu.


(Notícia corrigida às 17h27 para esclarecer que a assessoria do Deutsche Bank foi ao Banco de Portugal, que promoveu a venda da posição do Fundo de Resolução no Novo Banco)


Por Diogo Cavaleiro em:

https://amp.expresso.pt/economia/2021-05-11-Presidente-da-dona-do-Novo-Banco-assessorou-Banco-de-Portugal-na-venda.-do-Novo-Banco-ea940c81

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

A Fusão Nuclear deu um rude golpe com o assassínio de Nuno Loureiro

“Como um todo, a fusão nuclear é uma área muito vasta. Não é a morte de um cientista que impedirá o progresso, mas é um abalo e uma enorme perda para a comunidade científica, Nuno Loureiro deu contributos muito importantes para a compreensão da turbulência em plasmas de fusão nuclear” diz Bruno Soares Gonçalves , presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do IST . O que é a fusão nuclear e por que razão o cientista português do MIT assassinado nos EUA dizia que “mudará a História da humanidade” “Os próximos anos serão   emocionante s   para nós e para a fusão nuclear.  É o início de uma nova era” . As palavras são de Nuno Loureiro e foram escrit as em 2024 . A 1 de maio desse ano, o   cientista português   assumi a   a direção do Centro de Ciência e Fusão de Plasma (PSFC) , um dos maiores   laboratórios  do Massachussetts   Institute   of   Technology ( MIT) . A seu cargo tinha   250   investigadores , funcionário...

Paguei 61€ por 350 quilómetros de autonomia - Mais caro que gasolina!

  Se há coisa que começo a detestar enquanto testo carros elétricos no meu dia-a-dia, é mesmo o facto de ser impossível perceber o que se vai pagar em cada posto, por muitas contas e simulações que se tente fazer. Aliás, há alguns meses atrás, já contei a história que na minha terra (Salvaterra de Magos), o mesmíssimo posto da terra ao lado (Benavente), é 1 cêntimo mais caro por minuto. O mesmo posto, a mesma energia e potência (11kW), e por isso o mesmo tempo de carregamento.  É mais caro, só porque sim. Até porque o munícipio “ofereceu” o terreno para o carregador. Tal e qual como na terra ao lado. Isto é algo que se repete em todo o lado, e que apesar de estar melhor, ainda é um problema sério para quem apenas quer carregar o seu veículo elétrico para evitar ficar a pé. 61€? Como? Pois bem, há pouco tempo andei a testar um Polestar 3, que tem uma bateria de grandes dimensões (100kWh). Fui dar uma volta a Lisboa para aproveitar as campanhas de Black Friday, e claro, decidi d...