Trabalho científico mostra como as obras de arte têm uma assinatura microbial única e as conclusões podem ajudar a perceber melhor como evitar a deterioração e a detetar contrafações
Cientistas analisaram os micróbios encontrados em sete obras de Leonardo da Vinci e juntaram as suas conclusões às de uma equipa que analisou uma coleção privada de Florença em março, publicando o trabalho no Microbial Ecology. As duas equipas começaram os seus trabalhos sobre um estudo passado que analisou assinaturas microbiais e a relação com padrões geográficos possíveis.
O trabalho de março incidiu sobre obras do Renascimento e descobriu que há micróbios únicos nestas obras, que se alimentam de componentes encontrados na madeira, tela, tintas e colas e que produzem água ou peróxido de hidrogénio. Estes subprodutos influenciam depois a presença de bolor e afetam a taxa de deterioração das obras. Estes investigadores conseguiram ainda distinguir entre populações microbiais em diferentes tipos de materiais, com as esculturas, por exemplo, a albergarem elementos diferentes dos que se encontram em pinturas, explica o ArsTechnica.
Os autores assumem ser importante perceber a presença e atividade de enzimas que resultam na degradação das tintas: “Esta abordagem vai conduzir ao entendimento mais completo sobre quais os organismos responsáveis pela rápida degradação das obras de arte e podemos usar, potencialmente, esta informação” para os eliminar e evitar essa degradação.
Investigadores da Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida de Viena colaboraram com conservadores do ICPAL (Instituto Centrale per la Patologa degli Archivi e del Libro) para fazer as análises das obras de Leonardo da Vinci e, no início do ano, analisaram também micróbios encontrados em pergaminhos com mais de mil anos para deduzir a sua origem. Agora, a equipa usou o MinION, um aparelho sensor portátil, com o método de sequenciação do genoma Nanopore e um protocolo de amplificação de genoma completo. A análise começou com uma microaspiração delicada e não invasiva para recolha de partículas e células microbiais de pequenas superfícies. Depois foi feita a análise e sequenciação em laboratório.
Os especialistas conseguiram isolar e identificar cada assinatura, para cada obra analisada e criar assim o “pedigree biológico” de cada quadro. Com o domínio surpreendente das bactérias sobre os fungos, foi possível perceber que não havia vestígios evidentes de biodeterioração nas obras.
A equipa pretende usar estas conclusões para determinar as assinaturas únicas das obras, por períodos e ajudar nos trabalhos de restauração, na contenção da deterioração e na deteção de contrafação.
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