Em mais de dois meses, a Rússia arrecadou cerca de 62 mil milhões de euros em exportações de petróleo, gás e carvão. Alemanha foi o maior importador desde início da invasão.
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▲Desde o dia 24 de fevereiro, a União Europeia importou cerca de 44 mil milhões de euros em exportações de petróleo, gás e carvão
Desde que a guerra na Ucrânia começou, a Rússia quase duplicou as receitas obtidas através da venda de combustíveis fósseis para a União Europeia. O país invasor tem beneficiado do aumento de preços, apesar da redução dos volumes. De acordo com o britânico The Guardian, em mais de dois meses a Rússia arrecadou cerca de 62 mil milhões de euros em exportações de petróleo, gás e carvão — o número é providenciado pelo Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA), que analisou os movimentos de transporte e cargas.
Desde o dia 24 de fevereiro, a União Europeia importou cerca de 44 mil milhões de euros — em todo o ano de 2021, o valor ascendeu a sensivelmente 140 mil milhões de euros, o que dá cerca de 12 mil milhões por mês. A Rússia continua a dominar o fornecimento de energia na Europa — os preços mais altos que agora são cobrados significam que as suas receitas aumentaram mesmo com as sucessivas sanções e restrições à exportação.
Lauri Myllyvirta, analista-chefe do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo, diz ao jornal já citado que as “importações contínuas de energia são as principais lacunas nas sanções impostas à Russia” e que os países compradores destes combustíveis fósseis são “cúmplices das horrendas violações do direito internacional realizadas pelos militares russos”.
Os dados reunidos mostram que muitas empresas de combustíveis fósseis continuaram a negociar grandes volumes com a Rússia, dando como exemplo a BP, a Shell e a multinacional de petróleo e gás norte-americana ExxonMobil — o seu porta-voz garantiu que a empresa não fez nenhum novo contrato desde que a invasão começou. Já a Shell diz estar a “eliminar gradualmente todos os hidrocarbonetos russos, em consulta com os governos”.
No que a países diz respeito, a Alemanha foi o maior importador nos últimos dois meses, mesmo num contexto político em que o governo reiterou a necessidade de interromper a dependência do petróleo russo. Também a Itália e os Países Baixos estão no topo da mesma lista: importaram cerca de 6,8 mil milhões e 5,6 mil milhões, respetivamente — no entanto, é de ressalvar que muitas das importações terão sido usadas noutras coordenadas geográficas já que ambos os países operam grandes portos.
Ana Cristina Marques
Combustíveis fósseis. Rússia quase duplicou receitas desde início de invasão – Observador
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