Investigadores descobriram que o Henneguya salmonicola não consegue respirar, mesmo que tentasse, por não ter a estrutura necessária. Este é o primeiro organismo vivo que não precisa de respirar para viver.
As mitocôndrias, responsáveis pelo processo conhecido por respiração aeróbia, são essenciais para as estruturas multicelulares respirarem, condição que se acreditava ser fundamental para se viver. Agora, um grupo internacional de investigadores encontrou o primeiro organismo que não tem mitocôndrias e que consegue viver mesmo sem respirar oxigénio. O Henneguya salmonicola é um parasita que faz parte da família das anémonas do mar e das medusas e não tem partes dos genes necessários à respiração de oxigénio. “A nossa descoberta mostra que a respiração aeróbia, um dos processos metabólicos mais importantes, não é ubíqua entre os animais”, cita a publicação Vice.
O H. salmonicola é um parasita com um micrómetro de tamanho e que causa quistos distintos na estrutura muscular dos salmões, provocando o que é conhecido por ‘doença da tapioca’ neste peixe. Durante a doença, é libertado um fluido esbranquiçado e cremoso que é expelido pelos cistos. O parasita foi descoberto na zona do Alasca, nos EUA.
Os investigadores compararam a genética do H. salmonicola com a de outro parasita semelhante, o Myxobolus squamalis e concluiram que o primeiro não apresentava qualquer indício de ter mitocôndrias, enquanto o segundo mostrava-as visíveis sob a forma de pequenos pontos azuis. A sequenciação genética permitiu identificar 41 genes no M. squamalis usados no processo mitocondrial, enquanto o H. salmonicola apresenta apenas seis destes genes. Um dos genes que replica mitocôndrias transformou-se num pseudogene e inútil para esta função. Os cientistas perceberam ainda que o parasita não tinha muitas das proteínas necessárias para a respiração aeróbia.
Dorothée Huchon, uma das investigadoras envolvidas no estudo, assume que a descoberta do parasita foi um acaso fortuito: “o meu objetivo era montar o genoma mitocondrial para estudar a sua evolução no Myxozoa e… ups, descobri um sem o genoma”.
A equipa vai tentar perceber como é que o H. salmonicola processa os nutrientes, depois de ter identificado organelas relacionadas com a mitocôndria quando viram o parasita à luz de um microscópio de eletrões. Como os parasitas analisados estavam mortos, os cientistas terão de identificar uma forma de os cultivar em laboratório para prosseguirem os estudos, um processo que atualmente ainda não é possível.
https://visao.sapo.pt/exameinformatica/noticias-ei/ciencia-ei/2020-02-26-este-parasita-e-o-primeiro-organismo-descoberto-que-nao-precisa-de-respirar-oxigenio-para-viver/
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