Sete empresas com incubação no Instituto Pedro Nunes decidiram adaptar-se ao contexto de pandemia.
Uma investigadora trabalha num dos laboratórios do consórcio liderado pela LaserLeap, que trabalhava em tecnologias e que procura desenvolver uma terapia fotodinâmica para "atacar" o novo coronavírus numa fase precoce de contágio usando medicamentos e raios laser. A LaserLeap é uma das empresas incubadas no Instituto Pedro Nunes, de Coimbra, que decidiram adaptar-se à covid-19 e procurar soluções que possam contribuir para o combate à pandemia, Figueira da Foz, 23 de fevereiro de 2021. (ACOMPANHA TEXTO DE 28/02/2021) PAULO NOVAIS/LUSA © LUSA
Óleo alimentar usado transformado em desinfetante, esterilização com recurso a ultravioletas ou terapia fotodinâmica para eliminar o coronavírus numa fase precoce são alguns dos projetos de empresas incubadas no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, para responder à pandemia.
Sete empresas com incubação física ou virtual no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, decidiram adaptar-se ao contexto de pandemia e criar soluções que possam contribuir para o combate à covid-19.
Uma dessas é a LaserLeap, que trabalha em tecnologias para administrar medicamentos através da pele, e que lidera um projeto, em parceria com várias instituições, através do qual procura desenvolver uma terapia fotodinâmica para "atacar' o novo coronavírus numa fase precoce de contágio.
A terapia, normalmente usada para combater bactérias ou células cancerígenas, consiste na junção de luz, medicamento e oxigénio, recorrendo a esta técnica para combater o vírus onde ele normalmente está em grande quantidade numa fase precoce de contágio - no nariz.
"Esta metodologia pode ser usada em diferentes situações. A situação mais interessante é em conjunção com um teste rápido, que se faz em alguém que se está a rastrear e dá positivo numa fase muito precoce de contágio", disse à agência Lusa o administrador da LaserLeap, Carlos Serpa.
Outra das situações em que a metodologia poderá ser aplicada é "num hospital, com uma pequena dose para pessoas que estão em grande risco, ou, por exemplo, num lar", apontou.
A tecnologia não é invasiva e poderá permitir "baixar muito a carga viral ou mesmo não deixar progredir o contágio", salientou.
Os resultados dos testes feitos em laboratórios do Centro de Neurociências e Biologia Celular e na Faculdade de Medicina "têm sido positivos". Há já condições para avançar com ensaios clínicos, mas falta o financiamento para arrancar essa fase, referiu Carlos Serpa.
Já a EcoX, empresa fundada em 2016 e que trabalhava na transformação de óleo alimentar usado em produtos de limpeza, decidiu direcionar o seu conhecimento para a criação de desinfetante, assim que chegou a pandemia.
"Já tínhamos o know how na transformação e valorização do óleo usado para produtos de limpeza. Porque não utilizar esse know how para alargarmos também aos produtos desinfetantes? Foi isso que fizemos. Pegámos no óleo e num processo de biotransformação e conseguimos valorizar o óleo com agentes bioativos com capacidade de inativar o vírus, mas também outros micro-organismos como bactérias e fungos", afirmou um dos sócios fundadores da empresa, César Henriques.
A empresa já criou um multi-superfícies desinfetante e álcool gel e está a terminar os testes de bioatividade, esperando chegar ao mercado até ao final do ano.
Na Figueira da Foz, a Streak, especializada em soluções de automação industrial e controlo, já estava a desenvolver em 2019, antes da pandemia, um equipamento com recurso a ultravioletas para esterilização do ar e superfícies, na altura a pensar nos problemas relacionados com bactérias multirresistentes em contexto hospitalar.
O produto, denominado Purehybrid, distingue-se por ser um único equipamento que permite fazer esterilização do ar e das superfícies ao mesmo tempo, contou à Lusa o gestor de projetos da Streak, Peter Santos, realçando que no modo de esterilização apenas do ar é permitida a presença de seres humanos na sala.
"Podemos ter a opção de esterilizar só o ar, ou o ar e a superfície", com uma dose produzida pelo equipamento 15 vezes superior à necessária para eliminar o novo coronavírus, aclarou.
A Streak espera poder comercializar o equipamento no final de março.
A empresa está também a desenvolver produtos mais pequenos e mais baratos, que poderão ser utilizados em restaurantes ou hotéis, por forma a "minimizar os riscos de transmissão do vírus", realçou.
De um amaciador para dar propriedades antivíricas à roupa, a um produto para tratamento de doentes graves com covid-19, várias empresas incubadas no IPN estão a desenvolver soluções para ajudar no combate à pandemia.
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