A ENSE indica que está a acompanhar a situação de bloqueio no canal do Suez, no sentido de avaliar potenciais efeitos para o setor petrolífero em Portugal.
Imagem de satélite que mostra os trabalhos de retirada do navio Ever Given. © EPA/MAXAR TECHNOLOGIES HANDOUT
Através de comunicado, a Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE) afirma que "tem vindo a monitorizar desde a primeira hora a situação de bloqueio temporário do canal do Suez e os potenciais efeitos para o setor petrolífero nacional, procurando identificar alguma situação de potencial problema operacional que ponha em causa o seu normal funcionamento."
Desde terça-feira, dia 23, que o gigante navio porta-contentores Ever Given, com 400 metros de comprimento e mais de 200 mil toneladas de peso, está encalhado no canal do Suez. Devido ao mau tempo que se fazia sentir na região, ponto por onde passa mais de 10% do comércio mundial e via importante para o transporte de crude e gás natural, a embarcação está disposta diagonalmente, bloqueando a passagem de outros navios. De acordo com a Bloomberg, há registo de cerca de 185 embarcações com a passagem bloqueada.
A ENSE indica que "procurou desde já perceber os impactos" que este bloqueio poderia ter nas importações de crude para Portugal e "para o normal funcionamento do sistema refinador do país". Na nota enviada, a entidade refere que "atualmente esta rota não está a ser utilizada", situação que leva a ENSE a não prever "por isso qualquer problema para o normal fornecimento de petróleo e produtos petrolíferos."
"De qualquer forma, como sempre, a ENSE mantêm-se em situação de prontidão, continuando a assegurar a existência de reservas estratégicas de segurança", é explicado. Atualmente, a ENSE indica que neste momento as reservas "totalizam 1,36 milhões de toneladas, das quais 877,08 mil toneladas de crude e 485,39 toneladas de produtos petrolíferos, e que estão disponíveis para mobilização num cenário de crise energética."
Trabalhos de remoção continuam
As enormes dimensões do navio Ever Given dificultam os trabalhos de retirada da embarcação, em operações que contam com rebocadores e dragas. De acordo com a Bloomberg, que cita fontes próximas das operações, retirar este gigante do canal poderá demorar pelo menos uma semana de trabalho ou potencialmente mais tempo. Inicialmente era esperado que os trabalhos estivessem concluídos em poucos dias, libertando uma via crucial para o comércio global.
O canal do Suez, situado no Egito, permite a ligação entre a Europa e a Ásia.
O impacto que este bloqueio poderá ter para o comércio internacional estará, consequentemente, dependente de quanto tempo durarem as operações.
O incidente já fez aumentar os preços dos fretes, conforme notou o Banco Carregossa, numa nota enviada ao Dinheiro Vivo. "Neste início de ano, o preço dos fretes marítimos já se tinha elevado para máximos de quase dez anos, o que auxiliou empresas como operadores marítimos globais como a MAERSK ou a EVERGREEN (cujo navio da sua frota origina este bloqueio), registaram cotações máximas deste ano, e agora com este bloqueio já fez aumentar o valor dos fretes."
por Cátia Rocha em:
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