A Reuters visitou a Gronelândia e os "postais" que trouxe retratam a maior ilha do mundo a despir-se do gelo que a cobre há milhões de anos.
O manto de gelo que descansa, há milhões de anos, sobre a maior ilha do mundo, a Gronelândia, cobre aproximadamente 80% da sua extensão – uma superfície de 1,71 milhões de quilómetros quadrados de espessura geralmente superior a 2 quilómetros. O derretimento desta vasta camada, provocado pelo aumento médio das temperaturas em 2,7ºC desde 1982, foi responsável por cerca de 25% do aumento do nível do mar globalmente. Em Maio, cientistas alertaram que uma parte significativa do gelo da Gronelândia estava a aproximar-se de um ponto de inflexão, a partir do qual o degelo se tornaria inevitável mesmo que o aquecimento global fosse travado. A observação das condições meteorológicas na região não deixa margens para dúvidas de que esse é um risco real.
Em Julho, ao longo apenas de um dia, derreteu gelo suficiente na Gronelândia para cobrir o estado norte-americano da Florida de água com cinco centímetros de profundidade. No mês seguinte, com temperaturas acima de zero na região, choveu durante várias horas no cume da calota polar, o que conduziu ao derretimento de uma área cerca de quatro vezes superior ao tamanho do Reino Unido. Caíram, ao longo de apenas três dias, segundo a agência Reuters, sete mil milhões de toneladas de chuva sobre a maior ilha do mundo — a maior quantidade de chuva desde 1950. Estes fenómenos, de acordo com o relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), não são fortuitos; estão "inequivocamente" associados às emissões de dióxido de carbono que resultam de acção humana. Se as camadas de gelo na Gronelândia e na Antárctida continuarem a derreter ao mesmo ritmo dos últimos anos, estima-se que o nível do mar possa aumentar mais de 17 centímetros até ao final do século.
Os esforços levados a cabo pelos 191 governos dos países signatários do Acordo de Paris, que assumem assim um compromisso no sentido de reduzir as emissões de CO2, são ainda manifestamente insuficientes, de acordo com um relatório recente publicado pelas Nações Unidas. "O mundo está num caminho catastrófico para um aquecimento de 2,7 graus”, lamentou António Guterres, o secretário-geral da ONU.
Ana Marques Maia:
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