Este fenómeno não é estranho, embora desperte várias perguntas ainda por responder. Contudo, tal como no passado, no próximo mês de dezembro, a Terra irá ter uma nova Lua. Não será um astro como o nosso satélite natural, que nos acompanha há milhões de anos, mas é um novo companheiro. Sim, vem na nossa direção um “objeto”, mas que vai ter um comportamento diferente e é apelidado de minilua.
Será um asteroide? Poderá ser, mas não parece. Será algo extraterrestre? Também não tem tais características, parece ser algo mais “mundano”!
Ilustração de objeto que vem em direção à Terra
Será um cometa, um asteroide… será um extraterrestre?
Quando estes objetos são detetados, as contas são feitas numa grande velocidade para que se perceba qual será o seu caminho, ao passar pela nossa vizinhança. Embora seja um fenómeno mais ou menos compreendido pelo homem, na realidade só conseguimos confirmar duas destas miniluas: 2006 RH120, que nos visitou em 2006 e 2007; e 2020 CD3, na órbita da Terra de 2018 a 2020.
Agora, os astrónomos detetaram um novo objeto, chamado 2020 SO. Este eventual astro tem uma trajetória de entrada que provavelmente fará com que a gravidade da Terra “capture” este objeto a partir do próximo mês de outubro até maio de 2021.
Objeto que tem uma órbita caótica
As contas que se fizeram, aquelas muito rápidas, levaram a que as simulações mostrassem a trajetória do objeto. Segundo o professor de física e astrofísico Tony Dune, esta minilua “terá um caminho altamente caótico”. Portanto, o seu caminho terá que ser submetido a várias revisões enquanto estiver próximo. Nada é dado como totalmente certo.
Não será um asteroide a passar muito perto da Terra?
Segundo a classificação feita pela NASA, 2020 SO foi classificado como um asteroide do tipo Apolo, uma classe de asteroides cujo caminho atravessa a órbita da Terra. Conforme temos visto, estes corpos rodeiam frequentemente o nosso planeta, mas este tem especificamente algumas peculiaridades: a órbita é semelhante à Terra e a baixa velocidade de 2020 SO sugerem que não é realmente um asteroide.
Na verdade, as suas características, segundo os especialistas, são mais consistentes com algo criado pelo homem. Os objetos vindos da Lua também têm uma velocidade mais lenta do que os asteroides, mas este objeto é ainda mais lento.
É por isso que tudo aponta para que estejamos perante lixo espacial. Muito provavelmente será uma secção de um foguete Atlas-Centaur que lançou uma carga experimental chamada Surveyor 2 à Lua em setembro de 1966, explicada pelo astrónomo Paul Chodas do JPL da NASA.
Esta explicação tem algum cabimento porque durante décadas uma espécie de foguetes com múltiplas fases (algo como peças “destacáveis”) foram usados à medida que a viagem progredia. A fase de reforço regressa à Terra e é reutilizada, mas o resto permanece no espaço. E há muitos destes objetos pelo espaço, além de que são muito fáceis de perder pelos radares humanos, o que explicaria que não tinha sido detetado antes.
Astrónomos apostam as fichas em como é uma secção de um foguete Atlas-Centaur
Conforme é explicado, o tamanho estimado do objeto 2020 SO corresponde ao tamanho de uma destas etapas do Centaur dos anos 60. De acordo com a base de dados CNEOS da NASA, o objeto mede entre 6,4 e 14 metros de comprimento (um Centauro mede 12,68 metros). Além disso, esta base de dados diz que este objeto provavelmente fará duas voltas perto da Terra. No dia 1 de dezembro de 2020, passará a uma distância de cerca de 50.000 quilómetros. Por volta de 2 de fevereiro de 2021, voará a 220.000 km.
Nem está perto o suficiente para entrar na atmosfera da Terra, por isso o objeto não representa nenhum perigo. Mas estas distâncias, particularmente a uma velocidade lenta, podem ser suficientes para estudá-lo mais de perto e determinar o que é o SO 2020.
https://pplware.sapo.pt/ciencia/terra-vai-ter-em-dezembro-uma-estranha-mini-lua-na-sua-orbita/
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