Avançar para o conteúdo principal

Só 1% dos novos casos são reportados à aplicação Stayaway Covid

 

Stayaway Covid aplicação
Se o quadro não se alterar, “o impacto manter-se-á muito limitado”, admite Rui Oliveira, responsável pelo desenvolvimento da aplicação que é suposto alertar para contactos de risco
Paulo Baptista, 46 anos, testou positivo ao novo coronavírus no dia 5 de novembro, mas continua sem poder reportar a sua condição à aplicação Stayaway Covid, inviabilizando assim que a app notifique as pessoas que permaneceram por mais de 15 minutos a menos de dois metros dele, do risco de poderem estar infetadas. É suposto ser o médico responsável pelo diagnóstico a indicar, no momento em que informa sobre o resultado do teste, um código de 12 dígitos que o paciente deve inserir na aplicação para ativar o sistema de alertas. No caso de Paulo Baptista, apesar de o ter solicitado à médica que o diagnosticou, não foi possível atender ao pedido.

“Ela justificou que naquele momento não tinha sistema e por isso não lhe era possível gerar o código”, adianta este residente no concelho de Almada, que tem procurado, em vão, obter o código através dos contactos frequentes com a linha SNS24. Estes contactos servem para monitorizar a evolução do estado clínico dos utentes; não contemplam a possibilidade de cedência do referido código. Essa responsabilidade cabe aos médicos, como lhe explicaram os profissionais da linha telefónica do Ministério da Saúde, seguindo as orientações vigentes. Na manhã desta sexta-feira, 13, Paulo recebeu nova chamada telefónica de um médico do Centro de Saúde e insistiu no assunto. A resposta voltou a ser evasiva: “Disse-me que não era médico de códigos e encaminhou-me para os serviços administrativos.”

Sem sintomas, Paulo teve alta clínica ontem, mas a mulher e o filho mais velho, de 17 anos, continuam infetados. Tal como ele, não receberam os códigos, apesar de igualmente solicitados aos médicos. Um amigo, acrescenta Paulo, recebeu o código mais de três semanas depois de ter testado positivo, perdendo-se assim o timing para avisar em tempo oportuno potenciais contactos de risco.

Estes exemplos não são exceções – são a regra. No início do mês, também o jornalista da TVI Joaquim Sousa Martins havia dado conta de que nem ele nem a esposa tinham recebido os códigos, apesar de terem sofrido de Covid-19. Mais de 2,5 milhões de portugueses já instalaram a aplicação Stayaway Covid nos telemóveis, mas apenas uma ínfima parte das novas infeções está a dar origem aos respetivos códigos. Até esta quinta-feira, 12, existiam somente 4946 códigos emitidos, para um universo de 135992 novos casos desde 1 de setembro, dia do lançamento da app. Isto significa que, neste intervalo de tempo, só 3,6% das infeções por Sars-Cov-2 tiveram correspondência num código para os pacientes inserirem na aplicação. Na prática, porém, apenas 1415 dessas pessoas o fizeram, uma vez que se trata de uma ação voluntária. Sendo assim, do total de novos casos diários entre 1 de setembro e 12 de novembro, só 1% foi efetivamente registado na Stayaway Covid, o que põe em causa a sua utilidade.

“Se o número de códigos fornecidos pelo Sistema Nacional de Saúde continuar tão baixo, o impacto da app manter-se-á muito limitado”, admite Rui Oliveira, Administrador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), responsável pelo desenvolvimento da Stayaway Covid.

O também professor da Universidade do Minho esclarece ainda que, “de acordo com as atuais regras da Direção-Geral da Saúde, só são notificados utilizadores com os quais o contacto de risco ocorreu até dois dias antes dos primeiros sintomas da pessoa infetada ou, no caso de assintomática, dois dias antes de efetuar o teste à Covid-19”.

https://visao.sapo.pt/atualidade/sociedade/2020-11-14-so-1-dos-novos-casos-sao-reportados-a-aplicacao-stayaway-covid/

Comentários

Notícias mais vistas:

Esta cidade tem casas à venda por 12.000 euros, procura empreendedores e dá cheques bebé de 1.000 euros. Melhor, fica a duas horas de Portugal

 Herreruela de Oropesa, uma pequena cidade em Espanha, a apenas duas horas de carro da fronteira com Portugal, está à procura de novos moradores para impulsionar sua economia e mercado de trabalho. Com apenas 317 habitantes, a cidade está inscrita no Projeto Holapueblo, uma iniciativa promovida pela Ikea, Redeia e AlmaNatura, que visa incentivar a chegada de novos residentes por meio do empreendedorismo. Para atrair interessados, a autarquia local oferece benefícios como arrendamento acessível, com valores médios entre 200 e 300 euros por mês. Além disso, a aquisição de imóveis na região varia entre 12.000 e 40.000 euros. Novas famílias podem beneficiar de incentivos financeiros, como um cheque bebé de 1.000 euros para cada novo nascimento e um vale-creche que cobre os custos da educação infantil. Além das vantagens para famílias, Herreruela de Oropesa promove incentivos fiscais para novos moradores, incluindo descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IBI) e benefícios par...

"A NATO morreu porque não há vínculo transatlântico"

 O general Luís Valença Pinto considera que “neste momento a NATO morreu” uma vez que “não há vínculo transatlântico” entre a atual administração norte-americana de Donald Trump e as nações europeias, que devem fazer “um planeamento de Defesa”. “Na minha opinião, neste momento, a menos que as coisas mudem drasticamente, a NATO morreu, porque não há vínculo transatlântico. Como é que há vínculo transatlântico com uma pessoa que diz as coisas que o senhor Trump diz? Que o senhor Vance veio aqui à Europa dizer? O que o secretário da Defesa veio aqui à Europa dizer? Não há”, defendeu o general Valença Pinto. Em declarações à agência Lusa, o antigo chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, entre 2006 e 2011, considerou que, atualmente, ninguém “pode assumir como tranquilo” que o artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte – que estabelece que um ataque contra um dos países-membros da NATO é um ataque contra todos - “está lá para ser acionado”. Este é um dos dois artigos que o gener...

Armazenamento holográfico

 Esta técnica de armazenamento de alta capacidade pode ser uma das respostas para a crescente produção de dados a nível mundial Quando pensa em hologramas provavelmente associa o conceito a uma forma futurista de comunicação e que irá permitir uma maior proximidade entre pessoas através da internet. Mas o conceito de holograma (que na prática é uma técnica de registo de padrões de interferência de luz) permite que seja explorado noutros segmentos, como o do armazenamento de dados de alta capacidade. A ideia de criar unidades de armazenamento holográficas não é nova – o conceito surgiu na década de 1960 –, mas está a ganhar nova vida graças aos avanços tecnológicos feitos em áreas como os sensores de imagem, lasers e algoritmos de Inteligência Artificial. Como se guardam dados num holograma? Primeiro, a informação que queremos preservar é codificada numa imagem 2D. Depois, é emitido um raio laser que é passado por um divisor, que cria um feixe de referência (no seu estado original) ...