Instalação icónica de observação espacial de Porto Rico está à beira do colapso e vai ser desmantelada para evitar perigos maiores
Com 57 anos e várias contribuições científicas relevantes, o radiotelescópio de Arecibo, Porto Rico, está perto do fim. A NSF, de National Science Foundation, anunciou a decisão de desmantelar a instalação, depois de duas quebras recentes nos cabos representarem um grau elevado de perigo. A estrutura sobreviveu a vários furacões e terramotos, mas está demasiado frágil para poder suportar obras de reparação sem colocar em perigo os trabalhadores e os construtores.
Ralph Gaume, da divisão de astronomia da NFS, confirma que os restantes instrumentos devem ser preservados, tal como o centro de visitantes. Os cabos que estão a suportar o radiotelescópio representam um risco também para as restantes estruturas envolventes, pelo que a plataforma de 900 toneladas, suspensa a 137 metros sobre o prato de 305 metros vai acabar por ser desmontada. “Uma desmontagem controlada dá-nos a hipótese de preservar os bens valiosos que o observatório tem”, explicou Gaume durante a conferência em que foi comunicada a decisão.
A ScienceMag avança que o plano para o desmantelamento controlado vai ser traçado nas próximas semanas e há a possibilidade de a plataforma ser libertada dos cabos com recurso a explosivos, deixando-a simplesmente cair.
O telescópio de Arecibo começou a ser usado na década de 1960 e, durante muito tempo, foi o principal instrumento na busca de mensagens extraterrestres. Agora, depois do Furacão Maria em 2017 e de várias ondas de choque depois do terramoto de dezembro de 2019, a estrutura começou a ceder.
Em agosto, um dos cabos acabou por soltar-se e danificar alguns instrumentos, riscando a superfície do telescópio. As equipas perceberam que este cabo apresentava cerca de dez outros fios partidos no exterior. Cada um destes cabos mede cerca de nove centímetros de espessura e é constituído por mais de 160 fios, pelo que a equipa acreditou que a estrutura ainda resistiria.
Mais recentemente, no início de novembro, o cabo acaba por partir-se definitivamente. Das cinco instituições envolvidas para avaliar a situação, três recomendam o desmantelamento controlado, trazendo para cima da mesa a hipótese de que, se um dos cabos principais cedeu, não é possível aferir a integridade dos restantes. “Agora, todos os cabos são suspeitos”, conclui Ashley Zauderer, diretora de programa do Observatório de Arecibo.
“Esta decisão não tem nada que ver com os méritos científicos de Arecibo. Está totalmente relacionada com segurança”, afirmou Gaume, complementando que está “confiante na resiliência da comunidade de astrofísicos” que vai agora ficar sem este importante meio.
Exame Informática | Radiotelescópio de Arecibo vai ser desmantelado (sapo.pt)
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