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"Sexta às 9" reduzido a 20 minutos


O programa 'Sexta às 9', coordenado pela jornalista Sandra Felgueiras, continua envolto em polémica. Agora, a direção de informação da RTP decidiu dar apenas 20 minutos ao programa de investigação.

Quem assistiu ao programa de ontem deve ter estranhado que apenas tenha havido espaço para um tema: a continuação da história da semana passada sobre a polémica autorização de exploração de lítio nas aldeias de Rebordelo, Morgade e Carvalhais. Antes das eleições, o programa dirigido pela jornalista Sandra Felgueiras apresentava mais do que uma reportagem, muitas delas incómodas para governantes e não só.

No programa emitido esta sexta-feira, Sandra Felgueiras entrevistou Nuno Cardoso, antigo presidente da Câmara Municipal do Porto, em que este revelou uma reunião informal com João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Transição Energética, e João Galamba, secretário de Estado da Energia. No encontro, Nuno Cardoso alertou os dois representantes do Estado para a situação complexa em que estava a empresa Lusorecursos Portugal Lithium, que ganhou o concurso da exploração de lítio em Montalegre.

Na altura da reunião, o antigo autarca do município do Porto alertou que seria melhor esperar pelo diferendo entre as partes em tribunal. No entanto, João Pedro Matos Fernandes atirou a decisão para João Galamba, considerando que deveria ser o secretário de Estado a ter a última palavra. E teve: João Galamba autorizou, dois dias depois, mesmo assim, a concessão da exploração à Lusorecursos Portugal Lithium.

A polémica continua, seja à volta do tema das ilegalidades nos contratos, seja pelas ‘barreiras’ impostas ao programa que se tem revelado, ao longo do tempo, um incómodo para o atual Governo. O primeiro programa de Sandra Felgueiras, depois das férias forçadas, emitido na semana passada, já depois das eleições, resultou numa troca de galhardetes entre o secretário de Estado e a jornalista. Para rebater os dados da reportagem emitida, o governante foi ontem ao programa onde confrontou Sandra Felgueiras.

Mas tudo tudo começou nas redes sociais. João Galamba alegou que "a Lusorecursos adquiriu direitos de prospeção e pesquisa em 2012, quando a tutela era do ministro da Economia à data, Álvaro Santos Pereira". "O Sexta às 9 alimenta mentiras. Ao contrário do que diz na sua peça, a verdade é que a concessão de lítio em Montalegre foi garantida a partir do momento em que o anterior Governo (PSD-CDS) atribuiu direitos à empresa", acrescentou. Sandra Felgueiras reagiu num comentário ao post do ex-governante, lembrando que se o contrato não levantasse suspeitas, o Ministério Público não estaria a investigar o caso. "Atacar a solidez das nossas dúvidas é atacar, neste momento, o Ministério Público, que abriu um inquério-crime", referiu a coordenadora do Sexta às 9.

A verdade é que o programa continua a mexer com alguns assuntos que deixam os membros do Governo desconfortáveis.

Não muito longe está a polémica à volta da data de regresso dos Sexta às 9. Tudo porque o programa de Sandra Felgueiras foi de férias, mas a data prevista para o regresso era 13 de setembro. Não aconteceu. Pouco depois, a página de Facebook do programa anunciava que o regresso estava marcado apenas para 11 de outubro: a sexta-feira a seguir às eleições.

O assunto saltou para as luzes da ribalta com uma crónica de Eduardo Cintra Torres escrita no Correio da Manhã, onde garantia que existem "fios invisíveis» que sugerem que a direção da estação pública tem assumido uma «servidão voluntária» face ao Governo de António Costa. A RTP justificou a decisão, desmentiu a suspensão e garantiu que as alterações existentes à grelha de programação estavam relacionadas com a cobertura da campanha eleitoral, garantindo ainda que «todas as alterações foram articuladas com os responsáveis dos vários programas".

Apesar da resposta da estação pública, o SOL sabe que existe um clima de tensão na RTP principalmente no que diz respeito ao programa Sexta às 9 e à sua equipa, uma vez que temas como o caso Familygate e o negócio do lítio deixaram a direção incomodada.

Aliás, essa mesma informação foi confirmada ao SOL por fonte da estação que garante que «há uma relação tensa e é notório o desinvestimento no programa, nomeadamente na equipa. A direção de informação não acha piada a nada que ponha em causa o poder».

Até porque esta é a primeira vez que a RTP alterou a data de regresso de um programa de investigação devido às eleições, pelo menos desde as legislativas de 2015. Também não aconteceu em outros atos eleitorais. Aliás, o programa foi emitido a 2 de outubro de 2015, dois dias antes das eleições legislativas.

Queixas

O mau estar na RTP já chegou à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Tal como o SOL já tinha avançado na edição de 4 de outubro, a ERC confirmou já ter recebido participações pelo facto de o programa ter estado ausente da emissão da RTP. "Segue-se o procedimento normal de apreciação", disse a ERC.

https://sol.sapo.pt/artigo/674734/sexta-as-9-reduzido-a-20-minutos

Comentário do Wilson:
O que o governante João Galamba deliberadamente escondeu é que a a licença de exploração foi concedida a uma nova empresa com novos sócios criada 2 dias antes do contrato e com o envolvimento de ex-governantes do PS. A empresa original, com nome quase igual e que foi a responsável pala descoberta do Lítio foi enganada e afastada.

Comentários

  1. O que o governante João Galamba deliberadamente escondeu é que a a licença de exploração foi concedida a uma nova empresa com novos sócios criada 2 dias antes do contrato e com o envolvimento de ex-governantes do PS. A empresa original, com nome quase igual e que foi a responsável pala descoberta do Lítio foi enganada e afastada.

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