Avançar para o conteúdo principal

Mundo impossível: descobriu-se planeta que não deveria existir.

Um grupo de pesquisadores descobriu um exoplaneta gigante gasoso, com pelo menos a metade do tamanho de Júpiter, orbitando uma estrela diminuta chamada GJ 3512. Batizado de "GJ 3512 b", este mundo inusitado leva 204 dias para orbitar a estrela. Os dados também revelam que sua órbita não é circular, e sim elíptica. Mas o que realmente causa estranheza é que seu tamanho em relação à sua pequena estrela-mãe contradiz o que sabemos sobre formação planetária.

O estudo é parte da pesquisa CARMENES, que procura exoplanetas ao redor de pequenas estrelas anãs do tipo M usando telescópios que estão aqui na Terra. A abordagem é um pouco diferente da usual: em vez de procurar mudanças no brilho de uma estrela causadas por um planeta em sua órbita (processo chamado de "trânsito"), a CARMENES procura por pequenas mudanças na estrela causadas por “puxões” gravitacionais de seus planetas.

Estima-se que a estrela GJ 3512 tenha apenas 12% da massa do nosso Sol, e os pesquisadores usaram esse valor para calcular o tamanho do planeta que a orbita. A conclusão é de que se trata de um gigante gasoso. Apesar de seu tamanho gigantesco, ele tem uma rota tão próxima de sua estrela quanto Mercúrio em torno do Sol. Mas como essa estrela não é tão brilhante quanto o Sol, o GJ 3512 b não parece ser um planeta tão quente — ele deve registrar uma temperatura de 120 °C.

O planeta impossível

O observatório Calar Alto, na Espanha, usado na descoberta do planeta.
(Foto: Pedro Amado/Marco Azzaro—IAA/CSIC)

A pergunta que intriga os pesquisadores é: como um planeta tão grande pode orbitar uma estrela tão pequena? Os sistemas exosolares se desenvolvem a partir de discos de material que gira em torno de uma estrela, que cresce no centro. Quanto maior o disco, mais maciça a estrela e mais material fica disponível para a formação de grandes planetas. Mas em um pequeno sistema estelar, como o da estrela GJ 3512, não há material suficiente para esse processo se desenvolver. No momento em que um núcleo rochoso maciço pudesse se formar em um disco estelar como esse, não haveria mais gás para se acumular.

Essa estrela tem uma massa maior que seu planeta em órbita, mas o problema é que a diferença entre seus tamanhos é muito menor do que a diferença entre o Sol e Júpiter. A GJ 3512 tem uma massa que é, no máximo, 270 vezes maior que a massa do seu gigante gasoso, enquanto o Sol é cerca de 1.050 vezes mais massivo que Júpiter. A conclusão óbvia é que esse planeta não deveria existir — a menos que haja outras teorias sobre a formação de gigantes gasosos.

Já que agora sabemos que, sim, o planeta existe, deve-se assumir que há outra maneira de construir um gigante gasoso em sistemas estelares distantes. Os pesquisadores apontam para um modelo alternativo de formação de planetas chamado “instabilidade do disco”. Nesse modelo, o processo começa cedo, quando a estrela ainda é uma pequena fração da massa total do disco. Sob as condições certas, onde a temperatura está caindo rapidamente, grupos de gás no disco podem condensar rapidamente em grandes aglomerados. Isso poderia fazer com que a formação inicial do planeta começasse cedo o suficiente para pegar muito gás antes que ele acabasse.

A órbita elíptica deste planeta, no entanto, também implica que algo estranho aconteceu após a formação. Embora os pesquisadores possam detectar formalmente apenas um planeta por ali, há uma pista nos dados que sugerem a presença de um segundo mundo, mais distante da estrela, sobre o qual não há informação alguma por enquanto. Mesmo assim, eles acreditam que originalmente poderia haver um terceiro planeta entre esses dois. Se a dança gravitacional entre os corpos celestes desse sistema levasse o planeta do meio a ser lançado aro espaço interestelar, o primeiro planeta ficaria com uma órbita mais elíptica no processo.

Um dos coautores do estudo, Hubert Klahr, do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha, disse que "até agora, os únicos planetas cuja formação era compatível com as instabilidades do disco eram um punhado de planetas jovens, quentes e muito massivos, longe de suas estrelas-mães”. Agora, com a descoberta do GJ 3512b "temos um candidato extraordinário para um planeta que poderia ter surgido da instabilidade de um disco em torno de uma estrela com muito pouca massa. Essa descoberta nos leva a revisar nossos modelos", diz Klahr.

https://canaltech.com.br/espaco/mundo-impossivel-cientistas-descobrem-planeta-que-nao-deveria-existir-151293/

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

Motor de desenvolvimento ou de danos irreparáveis? Parque solar planeado para Portugal abre polémica

    Vista da central solar de Serpa, no sul de Portugal, quarta-feira, 28 de março de 2007.  -    Direitos de autor    ANTONIO CARRAPATO/AP2007 Direitos de autor ANTONIO CARRAPATO/AP2007 A empresa por detrás do projeto promete "conciliar a produção de energia renovável com a valorização ambiental do território". Ainda assim, as associações ambientalistas e os municípios têm-se insurgido contra a implantação do Parque Solar Fotovoltaico Sophia. Quais os motivos? Um novo projeto solar, que será sediado no distrito português de Castelo Branco, está a ser amplamente contestado tanto pelas associações ambientalistas como pelos próprios municípios. Chama-se Parque Solar Fotovoltaico Sophia e, segundo anunciado no  site da empresa por detrás da iniciativa , a Lightsource bp, o seu objetivo passa por " conciliar a produção de energia renovável com a valorização ambiental do território  e benefícios duradouros para as comunidades locais". Tratar-...

Candidatura a empréstimos europeus inclui fragatas, investimento no Alfeite, blindados, satélites e drones

  O ministro da Defesa Nacional anunciou hoje que a candidatura portuguesa aos empréstimos europeus SAFE inclui a aquisição de fragatas, recuperação do Arsenal do Alfeite e a produção de blindados, munições, satélites e drones em Portugal. "Vamos investir em fragatas, em artilharia de campanha, em satélites, em veículos médios de combate, em viaturas estáticas, em munições, em sistemas antiaéreos e em drones, sendo que, no caso dos drones, o projeto do SAFE é liderado por Portugal", adiantou Nuno Melo, numa conferência de imprensa que decorreu no Instituto de Defesa Nacional (IDN), em Lisboa. No passado dia 28, o Conselho de Ministros aprovou a candidatura formal de Portugal ao programa europeu de empréstimos para a Defesa SAFE, no valor de 5,8 mil milhões de euros. Após a candidatura inicial, "abre-se agora um processo que é de contratação até ao final de fevereiro, quando então a Comissão Europeia confirmará em concreto tudo o que vai suceder", explicou Nuno Melo....