A criptomoeda Ethereum consumia, anualmente, a mesma quantidade de eletricidade que a Nova Zelândia. Agora isso acabou
A criptomoeda Ethereum, a segunda mais importante do mundo depois da Bitcoin, completou esta quinta-feira uma mutação tecnológica fundamental para o seu futuro, que lhe permitirá reduzir o seu consumo de energia em praticamente 99%.
"Acabou! (...) A todos os que contribuíram para o sucesso da The Merge ('fusão'): hoje podem sentir-se muito orgulhosos" escreveu na rede social Twitter Vitalik Buterin, co-fundador desta blockchain.
Como todas as criptomoedas, a Ethereum começou a funcionar por meio de uma cadeia de blocos de instruções criptografadas, que são criados incessantemente por milhares de computadores por todo o mundo, de forma autónoma e automática.
Com essa operação, a moeda, que representa 20% do mercado (40% para a Bitcoin), passa por um sistema conhecido como "proof of work" ("prova de trabalho"), que atesta que o registo foi feito por esses computadores, até a "proof of stake" ("prova de aposta"), em que basicamente são recompensados aqueles que aportam financeiramente o seu capital.
É uma mudança complexa que, do ponto de vista ecológico, tem um enorme impacto no mundo das criptomoedas. Estima-se que a operação da Ethereum até agora consumia anualmente a mesma quantidade de eletricidade que a Nova Zelândia.
"Tudo aconteceu exatamente como planeado", disse Simon Polrot, especialista em blockchain e ex-presidente da Associação para o Desenvolvimento de Ativos Digitais, à AFP.
O preço da Ethereum foi recuperando nas plataformas de criptomoedas nesta quinta-feira, como a CoinMarket.
As criptomoedas são uma criação totalmente informatizada e virtual, baseada apenas na fiabilidade da sua solvência nos mercados graças às blockchains, que supostamente são infalsificáveis.
A Ethereum é fundamental nesse mercado tão volátil, já que praticamente todos os negócios no mundo da arte digital são feitas com essa moeda.
Praticamente todos os tokens não fungíveis (NFTs), que são uma espécie de título de propriedade de obras de arte digitais, são criados na blockchain da Ethereum.
"Os aplicativos financeiros descentralizados", que permitem empréstimos por meio de criptomoedas, "funcionam corretamente", disse à AFP Manuel Valente, da plataforma francesa Coinhouse.
De acordo com Charlie Erith, diretor do fundo de investimento em criptoativos ByteTree AM, a participação de mercado da Ethereum pode crescer "nos próximos meses e anos".
Essa porcentagem pode "atingir 25% até o final do ano e 30% até o final do próximo ano", confirmou Edouard Hindi, diretor de investimentos do fundo Tyr Capital em Genebra.
As criptomoedas têm sido alvos de críticas de associações ambientalistas por essa voracidade energética.
Com essa mudança, as críticas podem desaparecer rapidamente.
Mas Ethereum enfrenta outro problema cuja evolução terá que ser monitorada nos próximos meses.
Os donos de grandes computadores com enorme poder computacional, que agora sairão de jogo, ameaçam manter a antiga forma de operação, que era uma lucrativa fonte de renda.
Isso poderia efetivamente criar um "fork", ou seja, duas blockchains diferentes com o mesmo nome.
O mundo das criptomoedas e NFTs é objeto de um enorme frenesi especulativo.
Um criador de NFT chamado VanityBlocks anunciou nesta quinta-feira que havia criado um token do último "bloco" criado usando o método de "prova de trabalho" do Ethereum, pouco antes da mudança histórica.
A plataforma de negociação de arte digital OpenSea oferecia essa imagem (dois olhos em um fundo preto) e, de acordo com o histórico de vendas, houve uma oferta de 10 ethereum pelo NFT
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