Avançar para o conteúdo principal

Lope Martín: O marinheiro afro-português que “abriu” o Pacífico e foi apagado da História



Lope Martín foi um marinheiro afro-português, injustamente acusado de traição, que foi primeiro a navegar das Américas para a Ásia e voltar.


Entre 1415 e 1543, uma série de conquistas foram feitas por Portugal em viagens e explorações marítimas, marcando o nome dos portugueses nos anais da História. Vasco da Gama, Bartolomeu Dias, Gil Eanes, Pedro Álvares Cabral e Fernão de Magalhães são alguns dos nomes de marinheiros portugueses que ainda hoje são lembrados pelos seus feitos.


No entanto, um dos maiores marinheiros — e o primeiro a navegar das Américas para a Ásia e a voltar — foi um afro-português praticamente esquecido: Lope Martín.


O marinheiro transformou o Oceano Pacífico num espaço vital de contacto, aproximando todos os continentes e dando aquele que foi talvez o primeiro paço rumo à globalização, escreve o historiador Andrés Reséndez para a revista TIME.


Os antepassados de Lope Martín foram trazidos como escravos para o sul de Portugal. Embora fosse um homem livre, teve de se aventurar na vida de marinheiro devido às suas dificuldades económicas. E apesar de ser negro, conseguiu subir na hierarquia e tornar-se navegador licenciado.


Lope Martín acabaria por ser recrutado para um empreendimento secreto criado pela coroa espanhola para abrir o comércio entre as colónias americanas de Espanha e o então chamado “Oriente”.


O afro-português tinha fortes conhecimentos de matemática, astronomia e cartografia, que fizeram dele um dos marinheiros mais talentosos e valiosos do seu tempo em qualquer lugar do mundo. Contudo, o seu nome ficou esquecido e foi apagado da História. Praticamente, apenas os especialistas do Pacífico primitivo sabem da existência de Martín.


Em grande parte, o seu nome não é conhecido já que Espanha organizou a sua expedição sob alto secretismo. Por exemplo, em vez de os navios saírem de Acapulco, que era de longe o maior porto da costa oeste das Américas na altura, partiu do desconhecido porto de Navidad.


Apenas dez dias após o início da viagem, o navio de Martín separou-se das restantes três embarcações. Isto levou os marinheiros destes navios a acusar Martín de deliberadamente “ausentar-se quando o mar estava calmo e o tempo estava bom”. Contudo, sabe-se que uma tempestade atingiu, de facto, a frota espanhola.


No entanto, o português não tinha traído os seus companheiros e seguiu com a missão rumo às Filipinas, onde fizeram reparos e negociaram com os habitantes locais durante um mês.


Depois, Lope Martín decidiu regressar por conta própria através do Pacífico — uma proeza nunca antes realizada. Quando chegou a Navidad, em 1565, o português e os seus companheiros foram recebidos como heróis.


O problema chegou mais tarde, quando alguns dos marinheiros das outras embarcações regressaram a Navidad, acusando Martín de ter fugido. O português viria a ser secretamente sentenciado a ser enforcado.


Face a isto, cronistas e historiadores retrataram o marinheiro afro-português como um pirata e deram o crédito a Andrés de Urdaneta, um dos outros marinheiros que navegou o Pacífico.


https://zap.aeiou.pt/lope-martin-marinheiro-afro-portugues-438845

Comentários

Notícias mais vistas:

Motores a gasolina da BMW vão ter um pouco de motores Diesel

Os próximos motores a gasolina da BMW prometem menos consumos e emissões, mas mais potência, graças a uma tecnologia usada em motores Diesel. © BMW O fim anunciado dos motores a combustão parece ter sido grandemente exagerado — as novidades têm sido mais que muitas. É certo que a maioria delas são estratosféricas:  V12 ,  V16  e um  V8 biturbo capaz de fazer 10 000 rpm … As novidades não vão ficar por aí. Recentemente, demos a conhecer  uma nova geração de motores de quatro cilindros da Toyota,  com 1,5 l e 2,0 l de capacidade, que vão equipar inúmeros modelos do grupo dentro de poucos anos. Hoje damos a conhecer os planos da Fábrica de Motores da Baviera — a BMW. Recordamos que o construtor foi dos poucos que não marcou no calendário um «dia» para acabar com os motores de combustão interna. Pelo contrário, comprometeu-se a continuar a investir no seu desenvolvimento. O que está a BMW a desenvolver? Agora, graças ao registo de patentes (reveladas pela  Auto Motor und Sport ), sabemos o

Saiba como uma pasta de dentes pode evitar a reprovação na inspeção automóvel

 Uma pasta de dentes pode evitar a reprovação do seu veículo na inspeção automóvel e pode ajudá-lo a poupar centenas de euros O dia da inspeção automóvel é um dos momentos mais temidos pelos condutores e há quem vá juntando algumas poupanças ao longo do ano para prevenir qualquer eventualidade. Os proprietários dos veículos que registam anomalias graves na inspeção já sabem que terão de pagar um valor avultado, mas há carros que reprovam na inspeção por força de pequenos problemas que podem ser resolvidos através de receitas caseiras, ajudando-o a poupar centenas de euros. São vários os carros que circulam na estrada com os faróis baços. A elevada exposição ao sol, as chuvas, as poeiras e a poluição são os principais fatores que contribuem para que os faróis dos automóveis fiquem amarelados. Para além de conferirem ao veículo um aspeto descuidado e envelhecido, podem pôr em causa a visibilidade durante a noite e comprometer a sua segurança. É devido a este último fator que os faróis ba

A falsa promessa dos híbridos plug-in

  Os veículos híbridos plug-in (PHEV) consomem mais combustível e emitem mais dióxido de carbono do que inicialmente previsto. Dados recolhidos por mais de 600 mil dispositivos em carros e carrinhas novos revelam um cenário real desfasado dos resultados padronizados obtidos em laboratório. À medida que as políticas da União Europeia se viram para alternativas de mobilidade suave e mais verde, impõe-se a questão: os veículos híbridos são, realmente, melhores para o ambiente? Por  Inês Moura Pinto No caminho para a neutralidade climática na União Europeia (UE) - apontada para 2050 - o Pacto Ecológico Europeu exige uma redução em 90% da emissão de Gases com Efeito de Estufa (GEE) dos transportes, em comparação com os valores de 1990. Neste momento, os transportes são responsáveis por cerca de um quinto destas emissões na UE. E dentro desta fração, cerca de 70% devem-se a veículos leves (de passageiros e comerciais). Uma das ferramentas para atingir esta meta é a regulação da emissão de di