Avançar para o conteúdo principal

Explosão mortífera agita guerra aos ladrões de gasolina no México

Pelo menos 66 pessoas que estavam a roubar combustível de um oleoduto em Tlahuelilpan morreram, quando a conduta explodiu. Presidente López Obrador promete mão firme no combate a esta forma de crime organizado.

Pelo menos 66 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas na sequência da explosão de uma conduta de combustível, seguida de um incêndio de grandes proporções, em Tlahuelilpan, no estado mexicano de Hidalgo. O rebentamento do oleoduto teve origem numa perfuração ilegal na sexta-feira à noite (madrugada de sábado em Portugal), numa altura em que centenas de pessoas ali se juntavam para encher baldes e outros recipientes com gasolina.

Segundo o Ministério da Defesa, estavam no local entre 600 e 800 pessoas. Espera-se, por isso, que o número de vítimas venha a aumentar nas próximas horas.

O acidente acontece em plena guerra entre o Governo de Andrés Manuel López Obrador e o crime organizado em torno do roubo de combustível, cujos efeitos têm-se feito sentir um pouco por todo o país. Ao aumento dos preços nas últimas semanas soma-se a falta de gasolina em várias localidades, incluindo na capital.

O cenário em volta do km 226 do oleoduto Tuxpan-Tuela era desolador no sábado de manhã, com dezenas de corpos carbonizados ainda por identificar e uma enchente de amigos e familiares das vítimas a tentar penetrar o perímetro montado pelas autoridades, em busca dos muitos que ainda estão desaparecidos.

Dezenas de vídeos e imagens foram colocadas a circular nas redes sociais ao longo do dia, onde é possível perceber a amplitude e a fúrias das chamas.

Ao final da tarde de sexta-feira a petrolífera estatal Pemex detectou uma diminuição no nível de pressão da conduta e informou as autoridades. Cerca de 25 elementos do Exército acorreram ao local e tentaram persuadir as pessoas a afastarem-se da fuga de combustível. Não foram bem-sucedidos na tarefa e acabaram por se retirar da zona, numa decisão que motivou críticas dos familiares e amigos das vítimas.

“Estavam demasiadas pessoas no local e o Exército retirou-se para evitar problemas. Foi no momento em que retiravam que a explosão aconteceu”, justificou o ministro da Segurança Pública Alfonso Durazo, em declarações à estação Televisa.

A abertura do sector petrolífero ao investimento estrangeiro, decretada pelo ex-Presidente Enrique Peña Nieto, provocou um aumento do preço do barril e abriu portas para o florescimento do mercado negro
Mercado negro

AMLO – como é conhecido Obrador no México – deslocou-se este sábado a Tlahuelilpan e defendeu que a tragédia não é uma consequência das decisões que tomou para travar o roubo de combustível, mas uma confirmação da necessidade de continuar essa luta. E prometeu reforçá-la.

“Estamos longe de parar a luta contra o furto de combustível, vamos ser ainda mais firmes e vamos continuar até erradicarmos estas práticas”, afiançou AMLO, relembrando as décadas de inércia dos seus antecessores: “Os últimos três Governos nunca lidaram com este problema”.

A abertura do sector petrolífero ao investimento estrangeiro, decretada pelo ex-Presidente Enrique Peña Nieto, provocou um aumento do preço do barril e abriu portas para o florescimento do mercado negro, conduzido tanto por pequenos grupos de crime organizado – sucessores dos grandes cartéis de droga mexicanos –, como por uma vasta rede clientelar dentro da própria Pemex.

De acordo com o Governo, a apropriação ilegal de gasolina custou à volta de três mil milhões de dólares (cerca de 2,6 mil milhões de euros) aos cofres do Estado, no biénio 2017-2018.

Obrador – o primeiro Presidente mexicano de esquerda em mais de 90 anos – iniciou funções em Dezembro e no final desse mês aprovou um pacote de medidas para tentar asfixiar o “negócio”.

Segundo o El País, foram abertas quase duas mil investigações, que resultaram na detenção de mais de 400 pessoas e no congelamento das contas bancárias de 42 empresas. Para além disso, AMLO ordenou o encerramento de seis importantes oleodutos, particularmente vulneráveis a furos e à instalação ilegal de torneiras – a Pemex contou 12.500 torneiras clandestinas nos primeiros dez meses de 2018 – e mobilizou mais de cinco mil soldados para vigiar refinarias e condutas.

Para compensar o corte dos oleodutos, foram colocados cerca de cinco mil camiões adicionais nas estradas, cuja tarefa é atestar perto de 11 mil bombas de gasolina em todo o país.

Mas o plano, que, de acordo com um estudo do Governo, é 14 vezes mais dispendioso do que o modelo anterior, está longe de responder à procura nacional, calculada pelo ministério da Energia em 1,18 milhões de barris diários. Em vários estados do país, incluindo na Cidade do México, verificaram-se longas filas de veículos e pessoas junto às estações de serviço e algumas delas ficaram mesmo sem combustível.

https://www.publico.pt/2019/01/19/mundo/noticia/explosao-oleoduto-mata-dezenas-expoe-desafios-guerra-obrador-ladroes-gasolina-1858602

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

As obras "faraónicas" e os contratos públicos

  Apesar da instabilidade dos mercados financeiros internacionais, e das dúvidas sobre a sustentabilidade da economia portuguesa em cenário de quase estagnação na Europa, o Governo mantém na agenda um mega pacote de obras faraónicas.  A obra que vai ficar mais cara ao país é, precisamente, a da construção de uma nova rede de alta velocidade ferroviária cujos contornos não se entendem, a não ser que seja para encher os bolsos a alguns à custa do contribuinte e da competitividade. Veja o vídeo e saiba tudo em: As obras "faraónicas" e os contratos públicos - SIC Notícias

Franceses prometem investir "dezenas de milhões" na indústria naval nacional se a marinha portuguesa comprar fragatas

  Se Portugal optar pelas fragatas francesas de nova geração, a construtora compromete-se a investir dezenas de milhões de euros na modernização do Arsenal do Alfeite e a canalizar uma fatia relevante do contrato diretamente para a economia e indústria nacional, exatamente uma das prioridades já assumidas pelo ministro da Defesa, Nuno Melo Intensifica-se a "luta" entre empresas de defesa para fornecer a próxima geração de fragatas da marinha portuguesa. A empresa francesa Naval Group anunciou esta terça-feira um plano que promete transformar a indústria naval nacional com o investimento de "dezenas de milhões de euros" para criar um  hub  industrial no Alfeite, caso o governo português opter por comprar as fragatas de nova geração do fabricante francês. "O Naval Group apresentou às autoridades portuguesas uma proposta para investir os montantes necessários, estimados em dezenas de milhões de euros, para modernizar o Arsenal do Alfeite e criar um polo industrial...