Avançar para o conteúdo principal

7.600€. É destes carros eléctricos que necessitamos

Carros eléctricos para melhorar a qualidade do ar é uma boa ideia, mas têm de ser baratos. Os Tesla e os futuros concorrentes são bem-vindos, mas fazem falta modelos como o ORA R1, vendido por 7.600€.

Com uma estética que faz lembrar o Smart ForFour, o R1 oferece uma autonomia de 312 km (NEDC), exigindo em troca (apenas) 7.600€, já com os incentivos do Estado

As novas regras impostas pela União Europeia, que obrigam a uma redução de 37,5% das emissões de CO2, face aos dados de 2021, vão obrigar os fabricantes a um esforço brutal. Mais do que produzir uns automóveis alimentados por bateria, só para ficar bem na fotografia e pouco mais – na maioria das vezes grandes, potentes e com baterias a condizer -, a indústria vai ter de fabricar mais carros como o Renault Zoe ou o Nissan Leaf. Ou seja, automóveis mais pequenos e acessíveis (ainda que não sejam tão baratos quanto deveriam) do que modelos como o Tesla Model S, que são mais sofisticados, mas igualmente mais dispendiosos.

A pressão é tal que os construtores, para continuarem a vender veículos equipados com motores V6 e V8 a gasolina ou a gasóleo, vão ter de descer na gama e propor modelos ainda mais pequenos do que o Zoe. Um pouco à semelhança do que a mesma Renault se prepara para oferecer na China, com o Kwid a ser comercializado por valores muito abaixo do Zoe.

A chinesa Great Wall Motor leva ainda mais longe esta democratização dos eléctricos e o novo ORA R1 é a melhor prova disso. Com um aspecto que faz lembrar o Smart ForFour, o R1 surpreende pelo seu preço de 59.800 yuan, cerca de 7.600€, que com mais equipamento pode ascender aos 77.800 yuan (9.900€). Isto já contando com os incentivos que o Governo chinês dá aos veículos eléctricos, uma vez que antes das ajudas estatais, o preço do ORA mais barato rondaria os 14.500€.


O ORA está equipado com uma bateria de 33 kWh, o que lhe assegura uma autonomia de 312 km, valor que por ser apurado em NEDC deverá baixar para cerca de 240 km, caso seja calculado em WLTP. Isto indica estarmos perante uma bateria muito ‘grande’ para a autonomia anunciada, o que leva a colocar em causa a eficiência energética. Mas, com este preço abaixo dos 10.000€, não se pode pedir mais.

Segundo o director-geral da ORA, Ning Shuyong, o reduzido preço do R1 foi em parte conseguido com a nova forma de comercializar e assistir o modelo. Essencialmente, desaparecem os concessionários tradicionais – um pouco à semelhança daquilo que a Tesla faz desde que surgiu no mercado –, criando a marca uma rede de menores dimensões, denominada ORA Home, espalhada por determinadas áreas das principais cidades.

A tabela de preços do ORA R1 revela os valores antes e depois dos incentivos estatais, bem como a autonomia, indiciando que há duas baterias com diferentes capacidades

O R1 é um veículo obviamente citadino, pequeno e leve, contando com um motor igualmente minimalista, com apenas 35 kW, qualquer coisa como 48 cv, o suficiente para garantir a velocidade máxima de 100 km/h.

O ORA R1 pode ser o primeiro desta classe de veículos, mas não será o único, tanto mais que outras marcas preparam já modelos concorrentes, com o objectivo de tornar os preços mais acessíveis do que os dos seus rivais a gasolina. Daqui a chegarem à Europa será uma evolução lógica, tanto mais que muitos fabricantes europeus, como os franceses da Renault e PSA, têm em vista carros eléctricos mais pequenos do que os Clio e 208 para vender primeiro no mercado chinês e, depois, no Velho Continente.

https://observador.pt/2018/12/28/7-600e-e-destes-carros-electricos-que-necessitamos/

Comentários

Notícias mais vistas:

Diarreia legislativa

© DR  As mais de 150 alterações ao Código do Trabalho, no âmbito da Agenda para o Trabalho Digno, foram aprovadas esta sexta-feira pelo Parlamento, em votação final. O texto global apenas contou com os votos favoráveis da maioria absoluta socialista. PCP, BE e IL votaram contra, PSD, Chega, Livre e PAN abstiveram-se. Esta diarréia legislativa não só "passaram ao lado da concertação Social", como também "terão um profundo impacto negativo na competitividade das empresas nacionais, caso venham a ser implementadas Patrões vão falar com Marcelo para travar Agenda para o Trabalho Digno (dinheirovivo.pt)

A Fusão Nuclear deu um rude golpe com o assassínio de Nuno Loureiro

“Como um todo, a fusão nuclear é uma área muito vasta. Não é a morte de um cientista que impedirá o progresso, mas é um abalo e uma enorme perda para a comunidade científica, Nuno Loureiro deu contributos muito importantes para a compreensão da turbulência em plasmas de fusão nuclear” diz Bruno Soares Gonçalves , presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do IST . O que é a fusão nuclear e por que razão o cientista português do MIT assassinado nos EUA dizia que “mudará a História da humanidade” “Os próximos anos serão   emocionante s   para nós e para a fusão nuclear.  É o início de uma nova era” . As palavras são de Nuno Loureiro e foram escrit as em 2024 . A 1 de maio desse ano, o   cientista português   assumi a   a direção do Centro de Ciência e Fusão de Plasma (PSFC) , um dos maiores   laboratórios  do Massachussetts   Institute   of   Technology ( MIT) . A seu cargo tinha   250   investigadores , funcionário...

Os professores

 As últimas semanas têm sido agitadas nas escolas do ensino público, fruto das diversas greves desencadeadas por uma percentagem bastante elevada da classe de docentes. Várias têm sido as causas da contestação, nomeadamente o congelamento do tempo de serviço, o sistema de quotas para progressão na carreira e a baixa remuneração, mas há uma que é particularmente grave e sintomática da descredibilização do ensino pelo qual o Estado é o primeiro responsável, e que tem a ver com a gradual falta de autoridade dos professores. A minha geração cresceu a ter no professor uma referência, respeitando-o e temendo-o, consciente de que os nossos deslizes, tanto ao nível do estudo como do comportamento, teriam consequências bem gravosas na nossa progressão nos anos escolares. Hoje, os alunos, numa maioria demasiado considerável, não evidenciam qualquer tipo de respeito e deferência pelo seu professor e não acatam a sua autoridade, enfrentando-o sem nenhum receio. Esta realidade é uma das princip...