Avançar para o conteúdo principal

Governo tinha sido avisado para riscos em Sintra-Cascais

O Governo já estava alertado, pelo menos desde maio, para o elevado risco de incêndio no Parque Natural Sintra-Cascais. O aviso através de um relatório realizado por peritos da Comissão Europeia, que dão conta de uma vulnerabilidade daquela área protegida.

Segundo a edição do jornal Público desta segunda-feira, o Governo estava já alertado, pelo menos desde maio, para o elevado risco de incêndio no Parque Nacional Sintra-Cascais. Um relatório elaborado por peritos da Comissão Europeia que se deslocaram a Portugal para o efeito dá conta da extrema vulnerabilidade desta área protegida.

O documento foi entregue ao secretário de Estado das Florestas, que se reuniu com os autores, bem como aos presidentes do Instituto de Conservação da Natureza, da Parques de Sintra-Monte da Lua e ainda ao responsável pela estrutura de missão dos fogos rurais, Tiago Oliveira. O matutino tentou saber junto do executivo que medidas foram tomadas para reduzir o perigo, mas não obteve resposta.

O relatório em causa refere que “o índice de risco estrutural é muito alto e extremo”. Em relação a Sintra, os peritos falam da fragilidade das casas isoladas e das urbanizações existentes. Indicam ainda que, em caso de catástrofe, “as evacuações estão comprometidas, pois necessitam de duas condições que não existem, tempo e recursos a que acresce outra limitação, a largura das estradas face à quantidade de veículos”.


Desta forma, os autores do documento consideram fundamental que a população residente, assim como os visitantes, sejam alertados para o risco que correm até porque, aparentemente, as medidas de prevenção em vigor não são adequadas à perigosidade da situação.

Para colmatar esta falha, sugerem a criação de áreas de segurança para turistas e planos de autoproteção para a construção e urbanização. Além disso, abordam ainda a necessidade de eliminar vegetação, encarada como combustível morte, na maioria das áreas florestais daquela zona.

A celebração de rituais é outra das preocupações dos investigadores, assim como a falta de recursos do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) para gerir os terrenos à sua guarda.

Após estas recomendações, o responsável pela estrutura de missão dos fogos rurais terá recomendado ao secretário de Estado das Florestas várias medidas. “Torna-se evidente a possibilidade de grandes incêndios florestais já em 2018”, antecipava na altura.

O Público refere ainda que o fator que impediu este incêndio de entrar na categoria dos grandes fogos florestais foi a direção do vento. Se o vento tivesse soprado de oeste, “aí a serra tinha ardido toda”, afirma Paulo Fernandes, professor do Departamento de Ciências Florestais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

PJ investiga hipótese de fogo posto
A Polícia Judiciária (PJ) está a investigar o incêndio que que deflagrou na noite de sábado em Sintra e que deflagrou depois ao concelho de Cascais, confirmou fonte da PJ ao Observador.

Segundo o jornal, a PJ terá sido acionada pelas primeiras entidades que chegaram para o combate ao fogo. A brigada de incêndios da PJ de Lisboa e Vale do Tejo encontra-se no local para “confirmar se existe a possibilidade de se tratar de um fogo doloso“, isto é, fogo posto, adiantou a mesma fonte. Até ao momento, não foram efetuadas detenções.

A investigação a este incêndio é dificultada pelo próprio fenómeno, dado que não permite que a PJ atue de imediato podendo, inclusivamente, destruir provas. Só depois de extinto o é que os elementos da PJ podem avançar com as diligências. Um dos primeiros objetivos será perceber onde e como começou o incêndio.

https://zap.aeiou.pt/governo-avisado-riscos-sintra-cascais-221378

Comentários

Notícias mais vistas:

Habitação a custos controlados: novas medidas do Governo

 O Governo ajustou as regras da habitação a custos controlados para refletir os aumentos nos custos de construção e atrair mais promotores Com os custos de construção, energia e terrenos a subir nos últimos anos, muitos projetos de habitação acessível deixaram de ser viáveis. Para dar resposta a esta realidade, o Governo decidiu atualizar as regras da habitação a custos controlados, ajustando os limites de custo e tornando o regime mais atrativo para quem quer construir ou reabilitar casas com preços mais baixos. A medida foi publicada na Portaria n.º 265/2025/1 e entra em vigor já este mês. Esta é a terceira revisão da legislação original, criada em 2019, e tem como objetivo adaptar o regime à nova realidade do mercado. O que muda? A principal alteração está na forma como se calcula o custo de promoção (CP) por metro quadrado — ou seja, quanto pode custar a construção de uma casa ao abrigo deste regime. A fórmula foi atualizada para ter em conta: O aumento dos custos de construção...

Condomínio condenado a pagar 450 mil euros pela morte de três alunos esmagados por um muro em Braga

 A Câmara de Braga, que também era ré no processo, foi absolvida. O muro em questão era uma estrutura que, desde 1996, acolhera as caixas de correio de um prédio ali existente, mas que, em 2012, deixou de ter qualquer utilidade. A administração do condomínio tinha sido alertada para o estado de degradação O Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga fixou em 150 mil euros o valor da indemnização a pagar aos pais de cada um dos três estudantes da Universidade do Minho que morreram esmagados por um muro, em 2014. Por sentença de 18 de junho, a que a Lusa teve acesso esta quinta-feira e que surge mais de um ano depois do início do julgamento, o tribunal determinou que a indemnização seja paga pela empresa administradora de condomínio responsável pela construção, sem licenciamento camarário, do referido muro, para acolher as caixas de correio de um prédio. O pagamento será assegurado pelo condomínio e respetivas seguradoras. A Câmara de Braga, que também era ré no processo, foi absolvid...

ET15 é o novo drone português para «missões de emergência médica, defesa nacional e resposta a crises humanitárias em zonas de guerra»

  Na lista de características técnicas deste drone português estão «sensores de navegação avançados e georreferenciação em tempo real». Consegue transportar um máximo de quinze quilos e tem autonomia para cem quilómetros: o ET15 é um drone com o aspecto de um avião, com dois motores a hélice e capacidade VTOL, desenvolvido pela startup nacional Eliot, em parceria com a Rangel Logistics Solutions. A empresa descreve-o como uma «solução logística aérea de baixo custo» preparada para aterrar em «zonas de acesso limitado». Entre as principais aplicações do ET15 estão missões de «emergência médica, defesa nacional e resposta a crises humanitárias em zonas de guerra», com a Eliot a garantir que consegue operar de «forma rápida, segura e silenciosa». Na lista de características técnicas deste drone português estão «sensores de navegação avançados, georreferenciação em tempo real, compartimentos dedicados a transportes de carga sensível [como “sangue, tecidos, medicamentos ou órgãos para t...