Avançar para o conteúdo principal

Estudo prova que Mais Habitação vai "destruir muito" e "trazer pouco"



 O estudo sobre o impacto do alojamento local apresentado hoje confirma que o pacote de medidas do Governo vai "destruir muito" e "trazer pouco para a habitação", considera o presidente da associação do setor.


Em declarações à agência Lusa no final da apresentação das conclusões finais do "Estudo de impacto do alojamento local em Portugal", feito por três economistas e investigadores da Nova School of Business & Economics, Eduardo Miranda explicou que o objetivo do estudo era confirmar suposições com "termos científicos".


Concluído o estudo, que em baseia em 1.820 respostas de proprietários e gestores de alojamentos locais, fica a saber-se que "a maior parte não vai para o mercado de arrendamento, não só por receio, mas porque não são casas vocacionada para isso", constata o presidente da associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP).


O inquérito incluiu perguntas sobre o "impacto do Programa Mais Habitação" e suas consequências.


Sobre isto, mais de metade dos inquiridos antecipam que terão de "reduzir custos, encerrar a atividade ou cortar em futuros investimentos".


A esmagadora maioria não vê no pacote de medidas adotado pelo Governo (que, após o veto presidencial, aguarda pela discussão na Assembleia da República, prevendo-se que a maioria PS o aprove novamente) "uma boa oportunidade para fazer investimentos".


Ao contrário, a grande maioria dos proprietários afasta a possibilidade de transferir os seus alojamentos locais para o arrendamento tradicional de longa duração ou para arrendamento a estudantes, excluindo também que passem a habitação permanente, pessoal ou familiar.


As opções mais plausíveis -- segundo o estudo -- são arrendar a estrangeiros (média duração, de um a 12 meses), manter os alojamentos locais como casas de férias e segundas habitações ou mesmo vender os imóveis.


Face aos resultados, Eduardo Miranda acusa o Governo de adotar uma "política completamente irresponsável" para conseguir "meia dúzia de casas".


Esta "fórmula de fracasso" decorre de "avançarem com medidas tão drásticas, tão profundas de reestruturação de um setor sem nenhum dado, sem nenhuma informação, com um desconhecimento absoluto", critica.


O estudo confirma também o "efeito multiplicador" do alojamento local na atividade económica e no emprego.


"Quando falamos em 40% das dormidas [que o alojamento local acolhe], estamos a falar em quase metade do turismo, porque, na verdade, são as dormidas que fazem as tais despesas do turismo que mexem com a economia", realça o presidente da ALEP.


Além disso, lembrou que o setor tem impacto no emprego, uma vez que cria direta e indiretamente postos de trabalho.


"Colocar em risco 20 ou 30 mil postos de trabalho justifica-se? Para conseguir quantas habitações?", questiona Eduardo Miranda.


Segundo o Registo Nacional de Alojamento Local, do Turismo de Portugal, existem, à data de hoje, 120.791 alojamentos locais em todo o país.


Nesta fase, a ALEP espera "muito pouco" do Governo, que já mostrou que "vai decidir contra tudo e contra todos", mas recorda que "nenhum partido político apoiou o Governo, nem da esquerda, nem da direita, [que] a sociedade não apoiou, nem do lado da habitação, nem do lado da economia, nem do lado do turismo".


"O Governo absolutamente ignora tudo e todos e faz como quer", lamenta, sem expectativa de que os governantes "vão ler e analisar" o estudo.


"Agora, a responsabilidade de todo o prejuízo que vão causar sem ter nenhum benefício, essa, é do Governo", atira, prometendo que o setor do alojamento local "não vai parar até ao último minuto" para "tentar impedir esse Mais Habitação desastroso".


Estudo prova que Mais Habitação vai "destruir muito" e "trazer pouco" — DNOTICIAS.PT


Comentários

Notícias mais vistas:

EUA criticam prisão domiciliária de Bolsonaro e ameaçam responsabilizar envolvidos

 Numa ação imediatamente condenada pelos Estados Unidos, um juiz do Supremo Tribunal do Brasil ordenou a prisão domiciliária de Jair Bolsonaro por violação das "medidas preventivas" impostas antes do seu julgamento por uma alegada tentativa de golpe de Estado. Os EUA afirmam que o juiz está a tentar "silenciar a oposição", uma vez que o ex-presidente é acusado de violar a proibição imposta por receios de que possa fugir antes de se sentar no banco dos réus. Numa nota divulgada nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos recorda que, apesar do juiz Alexandre de Morais "já ter sido sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia". Os Estados Unidos consideram que "impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público...

Supercarregadores portugueses surpreendem mercado com 600 kW e mais tecnologia

 Uma jovem empresa portuguesa surpreendeu o mercado mundial de carregadores rápidos para veículos eléctricos. De uma assentada, oferece potência nunca vista, até 600 kW, e tecnologias inovadoras. O nome i-charging pode não dizer nada a muita gente, mas no mundo dos carregadores rápidos para veículos eléctricos, esta jovem empresa portuguesa é a nova referência do sector. Nasceu somente em 2019, mas isso não a impede de já ter lançado no mercado em Março uma gama completa de sistemas de recarga para veículos eléctricos em corrente alterna (AC), de baixa potência, e de ter apresentado agora uma família de carregadores em corrente contínua (DC) para carga rápida com as potências mais elevadas do mercado. Há cerca de 20 fabricantes na Europa de carregadores rápidos, pelo que a estratégia para nos impormos passou por oferecermos um produto disruptivo e que se diferenciasse dos restantes, não pelo preço, mas pelo conteúdo”, explicou ao Observador Pedro Moreira da Silva, CEO da i-charging...

Aníbal Cavaco Silva

Diogo agostinho  Num país que está sem rumo, sem visão e sem estratégia, é bom recordar quem já teve essa capacidade aliada a outra, que não se consegue adquirir, a liderança. Com uma pandemia às costas, e um país político-mediático entretido a debater linhas vermelhas, o que vemos são medidas sem grande coerência e um rumo nada perceptível. No meio do caos, importa relembrar Aníbal Cavaco Silva. O político mais bem-sucedido eleitoralmente no Portugal democrático. Quatro vezes com mais de 50% dos votos, em tempos de poucas preocupações com a abstenção, deve querer dizer algo, apesar de hoje não ser muito popular elogiar Cavaco Silva. Penso que é, sem dúvida, um dos grandes nomes da nossa Democracia. Nem sempre concordei com tudo. É assim a vida, é quase impossível fazer tudo bem. Penso que tem responsabilidade na ascensão de António Guterres e José Sócrates ao cargo de Primeiro-Ministro, com enormes prejuízos económicos, financeiros e políticos para o país. Mas isso são outras ques...